O mercado de trabalho por trás das eleições

Contratações foram reforçadas para o período eleitoral
O período eleitoral chega e modifica a rotina dos cidadãos sergipanos. Símbolo da legitimidade da democracia, as eleições são responsáveis por mobilizar a atenção e centralizar o foco dos assuntos na política. Nessa direção, diversos segmentos da esfera pública ganham força, como o setor terciário, através de empregos temporários e informais. E há uma forma infalível de identificar essa época de aquecimento econômico: é só observar o número de pessoas trabalhando nas campanhas, seja na distribuição de santinhos, dirigindo carros de som ou mesmo no marketing político.

Construir ou confirmar uma boa imagem política é ambição de grande parte dos que disputam a corrida eleitoral. Esse sentimento, contudo, não é suficiente para que essa postura seja solidificada. E é nesse aspecto que setores, inexpressivos durante boa parte do ano, ganham destaque e reforçam o potencial econômico nos meses que antecedem as votações. Nessas eleições, segundo a declaração dos partidos à Justiça Eleitoral, quase R$ 17 milhões serão injetados na economia do Estado. 

Enganam-se os que pensam que as eleições estão restritas ao candidato como único personagem. Por trás das cortinas políticas, há um grande número de pessoas que aproveitam o momento para faturar. Sócio de uma empresa que trabalha com plotagem de carros, o empresário Osmário Soares de Figueiredo não esconde a satisfação com os bons índices na produção. “Além de dobrar o número de funcionários, estamos trabalhando o dia todo – quase 24 horas por dia para atender todos os pedidos na capital e no interior”, revela.

Oportunidade

José Ramos: “Queria que as eleições fossem todos os anos”
A época farta não traz benefícios apenas para os empresários. A nova demanda exige que as empresas se adéqüem às necessidades dos candidatos, caso tenham pretensões de registrar uma balança comercial favorável. O resultado: contratações temporárias. Um desses casos foi verificado na mesma empresa em que Osmário é sócio. Trata-se do ex-desempregado José Ramos, que tem motivos mais que suficientes para dar as boas vindas ao ano eleitoral. “Fui contratado no mês passado e já comprei uma televisão. Espero ser efetivado, pois tenho duas filhas para criar e esse dinheiro faz muita diferença. Queria que tivéssemos eleições todos os anos”, deseja o entusiasmado funcionário.

A contratação de José Ramos foi motivada pela ampliação dos negócios na empresa. Os números, impulsionados pela época eleitoral, justificam a criação desses empregos sazonais. O faturamento, segundo Osmário, aumentou 50%. “Foram mais de 600 carros plotados somente para a política”, informa, dizendo, inclusive, que vai começar a trabalhar com o ramo das gráficas – um dos segmentos em ascensão nesse período.

A criatividade das gráficas, aliás, também é destaque nessas eleições. A busca por novos clientes fez com que o “Kit Político” se tornasse um produto bastante procurado pelos candidatos em todo o Brasil, com grande força em Sergipe. Essas empresas ofertam uma variedade de opções para ajudar o candidato na hora de escolher o material de campanha, que inclui faixas, banners, adesivos e plotagens, dentre outros elementos. O kit completo custa em média RS13 mil.    

Em ritmo de política

Luís Ribeiro: “Faço um extra para pagar a faculdade”
É difícil sair às ruas e não escutar mini-trios e carros de som em tom de eleições. Em Sergipe, esse serviço, cujo investimento em média é de R$ 45 por hora, tem sido muito utilizado. Os que têm talento para compor os jingles faturam ainda mais. O vocalista da banda sergipana Zé Tramela, Tuca Velloz, enquadra-se nesse perfil. “Chego a fazer oito jingles por eleição”, diz o cantor. Os preços variam em torno de R$ 800 para cada canção, em um processo que envolve também outros instrumentistas.

Estiar bandeiras e distribuir santinhos também são opções para os que estavam em busca de uma renda a mais. O cenário é bastante comum na capital e no interior, principalmente nos trechos onde há sinais.  Nem o sol forte ou a possibilidade de receber uma recepção hostil desanima os que se aventuram nesse trabalho. “Recebemos R$ 200 por quinzena para trabalhar durante oito horas. Essa renda vai me ajudar a pagar pelo menos uma mensalidade da faculdade, que está atrasada”, confessa Luís Ribeiro.

Legislação

A regra ficou mais clara do que nunca. Para se adequarem conforme a legislação eleitoral, os candidatos foram obrigados a criar estratégias de campanha mais comedidas. As determinações restringiram a atuação dos políticos e das agências de publicidade, que hoje não podem, por exemplo, espalhar outdoors nem fixar cartazes em locais públicos.

Laísa Sobral
Para a publicitária Laísa Sobral, algumas restrições dificultam o trabalho dos publicitários. “A proibição da veiculação em alguns meios diminui o nosso campo de atuação, já que as ferramentas de divulgação ficam mais limitadas”, pondera.

A fiscalização também foi reforçada. Agora, os candidatos devem abrir empresa e todo o material gráfico deve incluir o CNPJ ou CPF, bem como o dos responsáveis pela confecção do produto. Além disso, o TSE exige que os panfletos informem a tiragem.

 

Veja abaixo as regras da propaganda eleitoral

 

É proibida a realização de propaganda eleitoral paga no rádio e na televisão. Nestes meios só será permitida a propaganda no horário gratuito.        

 

É proibida a realização de showmícios ou eventos semelhantes    
  É probida a pichação e pinturas em postes, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos.
  É proibido fazer propagandas por meio de outdoors   
  É vedada propaganda na internet em portais ou páginas de provedores de acesso. A propaganda é permitida somente no site do próprio candidato.     
  É proibida a utilização de postos públicos, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e prédios tombados pelos patromônio histórico para divulgação da propaganda eleitoral

 

É proibida a distribuição e utilização de brindes. 
Adesivos podem ser distribuídos desde que não caracterizem brindes. É proibido colar adesivos em veículos a serviço de órgãos públicos, táxis e ônibus
É permitida a distribuição de folhetos, “santinhos” volantes e outros impressos, desde que contenham o CNPJ ou o CPF do responsável pela confecção
  Os auto-falantes devem respeitar o horário das 08h00m às 22h00m, e deverão ser instalados a, pelo menos 200m de hospitais, sedes de qualquer um dos três poderes, escolas, igrejas e estabelecimentos militares
  É proibida a utilização de simuladores de urna eletrônica na propaganda eleitoral pelos partidos políticos, coligações e candidatos


Por Letícia Telles

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