Pequenos produtores são os mais afetados com a queda da citricultura

Audiência pública tratou dos problemas da citricultura em Sergipe (Foto: Portal Infonet)

A revitalização da citricultura sergipana foi tema da audiência pública que aconteceu na manhã desta segunda-feira, 23, na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). Citricultores, prefeitos, secretários e órgãos envolvidos com a agricultura em Sergipe, participaram da audiência. De acordo com a Associação dos Produtores de Mudas Frutíferas do Estado de Sergipe, nos últimos nove anos os pequenos agricultores tiveram perdas significativas na produção, antes a produção era de 60 milhões de caixas de laranja, e hoje essa produção caiu para 12 milhões de caixas de laranja por ano.

“Pequenos produtores são os mais atingidos com a situação da citricultura”, diz Danilo Ribeiro, presidente da Associação de Mudas Frutíferas (Foto: Portal Infonet)

“90% da produção de laranja em Sergipe estava na mão do pequeno agricultor, e hoje 70% está nas mãos dos grandes e médios produtores. Sergipe já chegou a produzir 60 milhões de caixas de laranja na mão do pequeno agricultor, uma caixa de laranja vendido por R$12, R$ 4 é revertido para emprego manual. Hoje se produz 12 milhões de caixas, se perdeu quanto de emprego com uma queda de mais de 40 milhões de caixas?”, questiona Danilo Ribeiro, presidente da Associação.

O representante da associação acredita que é preciso investir em pesquisas e voltar a gerar emprego para os pequenos produtores e para os jovens sergipanos. “Se tem uma praga que comeu nosso estado foi a pobreza em cima da citricultura que já foi boa, que já gerou mais de 100 mil empregos e hoje não gera 20 mil. Os mais penalizados foram dos pequenos produtores que quebraram. A citricultura é um investimento, vale a pena, mas é preciso de incentivo. Não é atoa que é a região que mais cresceu em população foi a dos 14 municípios que produzem laranja. Quando a laranja funciona, tem emprego, o banco está lá, a economia gira”, aponta Danilo.

Presidente da Emdagro, Jefferson Feitoza, afirma que há tecnologia em Sergipe (Foto: Portal Infonet)

Para o presidente da Emdagro, Jefferson Feitosa, a citricultura não voltará a ser como era há alguns anos, mas é possível manter o que se tem e diversificar. “A situação da citricultura é preocupante, nós já deixamos há algum tempo de ser o segundo produtor de citrus do Brasil, para ser o segundo do Nordeste e o quinto do país. Diminuímos a citricultura, diminuímos área, diminuímos produção, consequente diminuímos o número de empregos que é o mais preocupante, porque uma atividade não se sustenta quando temos as pessoas insatisfeitas. Hoje nós estamos concorrendo com quem produz mais. A citricultura não vai voltar a ser o que era antes, mas o que tem precisa permanecer e diversificar”, afirma.

Feitosa garante que há tecnologia no Estado para, se quiser, produzir mais do que é produzido no estado de São Paulo, mas é preciso que os produtores de laranja entendam a importância da citricultura e se organizem.

“A tecnologia está disponível. É preciso que os agricultores entendam a importância deles nesse processo e se organizem como aconteceu na década de 60 e 70. Tudo pode ser revisto, discutido, e repito, nós temos que diversificar. A Emdagro e a Embrapa têm todas as tecnologias possíveis, o grande problema é o nível de investimento os que produtores deixaram de ter com o envidamento junto aos bancos, com a capacidade de investir reduzida e com os preços que não são justos. Então esse é o grande gargalo, onde arranjar dinheiro? O nosso grande problema passa por recursos financeiros, mas tudo é possível, basta querermos”, ressalta o presidente da Emdagro.

O deputado estadual, Zezinho Sobral (Podemos), autor da propositura para realização da audiência pública, entende que é importante fomentar encontros como este para buscar novas alternativas para a citricultura sergipana. “Houve uma queda de produção, há momentos novos da citricultura no mundo, porque hoje não disputamos apenas internamente, existem outros países produzindo, e a gente tem que se adequar a essa nova realidade. Provocamos essa audiência pública para que pudéssemos trazer os órgãos de estado, os deputados da bancada federal, produtores e agentes políticos  para que todos encontrem saídas, encontrem novas propostas para o desenvolvimento da citricultura e fruticultura através da diversificação e da adequação a esse momento político e econômico do Brasil”, enfatiza o parlamentar.

Por Karla Pinheiro

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