Perspectivas Econômicas para 2012

Saumnio Nascimento

Apontar perspectivas econômicas tem sido um papel basilar dos economistas, com informações referenciadas nas fontes estatísticas. Abordarei adiante alguns sinais que já são verificados no fim de 2011 e sinalizam o perfil do que esperar para 2012, considerando-se a evolução doutrinária das teorias econômicas que regem os diversos sistemas no mundo.
Cenário Mundial – Com base em dados da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico as projeções para o crescimento mundial sinalizam para uma taxa média de 1,6% para o ano de 2012, com diferenciações relevantes entre as economias maduras e as economias emergentes. Estados Unidos e Japão com taxas de 2,0%, já Reino Unido com 0,5% e Zona do Euro 0,2%; nos emergentes a China continuará liderando com uma taxa de 9,5%, seguida pela Índia com 8,2% e o Brasil, na visão da OCDE deverá ter uma taxa de 3,9%.

Registre-se que o mercado econômico-financeiro internacional ainda permanecerá muito influenciado pelos fatos ocorridos na Zona do Euro, pois ao longo de 2011, os problemas fiscais na região aumentaram a probabilidade de default de dívidas soberanas, bem como alguns impasses políticos que ocorreram em algumas nações, a exemplo de Espanha, Grécia, Itália e Portugal, criando um maior nível de incertezas quanto à capacidade de controles de seus gastos fiscais e o controle dos níveis de endividamento.

Considerando-se a alta correlação dos mercados e da existência de apenas uma autoridade para controlar a volatilidade financeira da Zona do Euro, o risco de alastramento da crise para outras economias provoca turbulências internacionais.
De acordo com o último relatório de inflação do Banco Central (dezembro/2011), no conjunto das projeções, admite-se a hipótese de que a atual deterioração do cenário internacional cause um impacto sobre a economia brasileira equivalente a um quarto do impacto observado durante a crise internacional  de 2008/2009.

Cenário Brasileiro – A minha primeira referência vem do Banco Central do Brasil, inicialmente com base em dados já apontados pelo Presidente do Banco Central que aponta para uma política macroeconômica consistente, em face da solidez do sistema financeiro brasileiro que apresenta liquidez compatível com as perspectiva de demanda da sociedade. A política macroeconômica consistente está ancorada em três pilares: controle da inflação, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante.    Neste cenário, a inflação de 2012 será menor do que a inflação de 2011 e o crescimento econômico do Brasil em 2012 será maior do que o crescimento de 2011, sendo que a aceleração se dará no 2º semestre de 2012, ocasião em que as taxas de crescimento do PIB dos dois últimos trimestres estão previstas em 2,9% e 3,4%, sendo que numa possibilidade favorável poderemos ter um crescimento do PIB de 3,5%.  Registre-se que na questão a perspectiva é de que tenhamos um crescimento industrial de 3,4%.

Sobre o crescimento do PIB em coletiva recente com a imprensa, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega avalia que o Brasil passará a sexta economia do mundo no fim de 2011, com um PIB de aproximadamente US$ 2,4 trilhões, ficando atrás somente de Estados Unidos, China, Alemanha, Japão e França.
No quesito inflação as expectativas do mercado são de queda para patamares entre 5,3% e 5,4%.
A perspectiva é de que tenhamos uma continuidade de aumento da renda per capita e redução das desigualdades.
Do ponto de vista da classificação de risco da economia brasileira, as perspectivas são de que as agências internacionais Fitch, Moody’s e Standard and Poor’s deverão manter ou melhorar a nota do Brasil, mantendo-se o país em nível de grau de investimento.

Com relação ao Balanço de Pagamentos para 2012, estima-se aumento no déficit em conta corrente em US$ 65 bilhões, equivalentes a 2,4% do PIB. Para que isso ocorra espera-se um superávit comercial inferior ao de 2011, com um valor estimado em US$ 23 bilhões.

Num cenário de perspectivas favoráveis, mesmo diante de uma crise financeira internacional, temos como base de sustentação, um crescimento moderado do crédito, disciplina fiscal e déficit em conta corrente de 2,4% do PIB, porém financiado basicamente com Investimento Estrangeiro Direto (IED).

Com isso, para 2012 projetam-se ingressos líquidos de IED de US$ 55 bilhões. Os investimentos brasileiros diretos no exterior, em linha com o processo de internacionalização das empresas brasileiras deverão registrar aplicações líquidas de US$ 5 bilhões.
No âmbito externo, 2012 aponta para um baixo ritmo de crescimento global, com alta probabilidade de que ocorra recessão em algumas economias maduras, tendo-se também uma dinâmica favorável dos preços das commodities.
Os dados da Febraban – Federação Brasileira de Bancos  apontam para um IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo em 2012 em torno de 5,39%, uma expectativa de variação do PIB em 3,40% e uma taxa Selic para o final de 2012 em 9,50%. Para a taxa de câmbio (R$/US$) no fim do período, a previsão para 2012 é de chegarmos a R$ 1,76/US$ 1.00; já as reservas internacionais a perspectiva e chegarmos a US$ 379 bilhões e; o Risco Brasil – EMBI (pontos) deverá fechar 2012 em 186,1;

No segmento bancário as variáveis prospectivas sinalizam para o seguinte para o ano de 2012: as operações de crédito deverão crescer 16,1%, sendo que as operações de crédito direcionado deverão apresentar um percentual maior com 17,2% e as operações de crédito com recursos livres uma variação inferior, ficando com 15,1%, as operações de crédito para pessoas físicas crescerão 15,0%, sendo que nas operações em que são incluídos os créditos consignados, o crescimento será de 16,2%,  na aquisição de veículos, espera-se que as operações de crédito evoluam em 14,6% e a inadimplência para atrasos acima de 90 dias fique em 5,1%.

No quesito de mercado de trabalho, a Febraban entende que mesmo com os atuais sinais de moderação no ritmo de contratação de trabalhadores com carteira, a taxa de desemprego deverá continuar com a sua trajetória de declínio, com taxas na casa de 5,0%.

Cenário Sergipano – a economia sergipana deverá continuar seguindo a sua trajetória de evolução do PIB superior às médias brasileira e nordestina, além de manter o maior PIB per capita da Região Nordeste. Destaque-se que a riqueza mineral de Sergipe (petróleo, gás, potássio, uréia, calcário, etc) além da melhoria da sua logística (rodovias, de modo especial) continuará favorecendo a atração de investimentos por parte de empresários locais e empreendedores de outros estados brasileiros e até mesmo do exterior nestes segmentos. A consolidação dos serviços de saúde e educação, com processos de modernização e interiorização, fortalecerá o peso do segmento de comércio/serviços na formação do PIB sergipano.

O setor da construção civil continuará o seu processo de expansão, com possibilidades maiores na capital e adjacências, face possibilidades de regularização da situação da zona de expansão de Aracaju, além disso, o Governo Estadual deverá manter o ritmo de investimentos em obras de infraestrutura possibilitando oportunidades para novas atividades econômicas, aumento do emprego e ampliação da formação bruta de capital fixo.
Pelo exposto fica evidenciado que mesmo com as incertezas internacionais,  o Brasil e Sergipe  caminham para um crescimento econômico sustentável e seguro, com perspectivas de melhoria na qualidade de vida da sua população.

*Economista/Dr. em Geografia e Presidente do Banese

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