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Saumíneo Nascimento |
Apresentarei adiante algumas opiniões sobre as perspectivas econômicas para o ano de 2014 com base em pesquisa em organismos internacionais e entidades nacionais, numa lógica de contribuição para um planejamento da realidade a ser enfrentada.
A minha primeira abordagem será sobre a visão da Organização Mundial do Comércio (OMC) sofre o futuro econômico mundial. A OMC entende que o contexto econômico que estamos operando continuará a ser difícil para o crescimento do comércio global.
A instituição aponta que o G-20 está aumentando as restrições comerciais com medidas que podem desacelerar os fluxos comerciais. Nos últimos seis meses, a maioria dos membros do G20 criaram novas restrições ao comércio ou medidas que têm o potencial de restringir o comércio, de acordo com o último relatório da OMC sobre medidas comerciais do G-20 publicada em 18 de dezembro de 2013, verificou-se um total de 116 novas medidas restritivas ao comércio, enquanto que no ano anterior foram 109 e a tendência é de um maior acirramento nesta competição, exigindo um maior grau de competitividade dos empresários.
Mesmo com o cenário apontando de restrições, a OMC trabalhará para reduzir as tentativas de pressões protecionistas que possam afetar o sistema multilateral de comércio, confiando que o sistema multilateral de comércio resistirá mesmo diante de contínuas dificuldades econômicas e com lenta recuperação econômica mundial.
A esperança da OMC é mais positiva que o ano anterior em função de muitos pontos positivos que foram apresentados na última conferência ministerial realizada em BALI no início de dezembro/2013.
Outra visão que apresentarei sobre 2014 é a da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), que julga que a América Latina e o Caribe experimentarão em 2014 uma aceleração do crescimento econômico, chegando-se a índice de 3,2%.
A CEPAL entende que a economia mundial em 2014 sinaliza que a América Latina e o Caribe terão mais oportunidades de negócios e comércio que o ano de 2013. Entre as oportunidades está o aumento do comércio internacional e a possibilidade de aproveitar as depreciações cambiais que estão ocorrendo para assegurar os câmbios que sustentam os preços relativos.
Mas a CEPAL também alerta para as ameaças que a Região poderá enfrentar em função de uma persistente volatilidade da economia global e um maior custo de financiamento externo e também uma menor influência do consumo no crescimento do PIB.
As previsões de crescimento da CEPAL projetam para 2014 que o Brasil terá um crescimento de 2,6%, a menor taxa entre os países da Região.
Uma terceira visão que aponto é do Fundo Monetário Internacional – FMI, para a entidade o crescimento global está em marcha lenta, e os protagonistas das atividades econômicas estão mudando. As economias avançadas estão crescendo novamente, mas deve continuar a atenção com o setor financeiro, prosseguindo a consolidação orçamentária e estimulando o crescimento do emprego. As economias emergentes enfrentam o duplo desafio de conviver com a desaceleração do crescimento e condições financeira globais. Em resumo o FMI define uma perspectiva de ocorrência de uma modesta recuperação da atividade econômica mundial.
Apontarei adiante alguns cenários construídos pela Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN. Para a entidade, as previsões são de manutenção de ritmo importante de expansão para o crédito, porém ele deve crescer menos em 2014 do que em 2013. As projeções para 2014 são de um crescimento de 14,5%, ligeiramente inferior a 2013, 14,6%. Destaque-se que no financiamento para pessoas físicas com o objetivo de aquisição de veículos a perspectiva é de um crescimento de 6% em 2014, enquanto em 2013 ficou em 5,0% e a inadimplência ficará em 5%, mesmo patamar de 2013.
Os principais sinais apontados pela FEBRABAN nas variáveis macroeconômicas são: crescimento do PIB – 2,1%, crescimento do PIB Agropecuário – 3,2%, crescimento do PIB Industrial – 2,3%, crescimento do PIB de Serviços – 2,0%, Produção Industrial com um crescimento de 2,3%, IPCA – 5,9%, IGP-M – 6,1%, a taxa Selic deverá ser estabilizada em 10,5%, câmbio – 2,41, Balança Comercial – fechará com um superávit de R$ 7,5 bilhões, o Déficit de Conta Corrente será de US$ 72,4 bilhões, IED – Investimentos Estrangeiros Diretos – US$ 60 bilhões, Reservas Internacionais – US$ 376,8 bilhões, Risco Brasil – 216,4 pontos,
Dados do Banco Central, especialmente coletados do último relatório de inflação, apontam uma perspectiva de crescimento do PIB mundial em 2,8% para 2014 e para o Brasil 2,0%. Na questão de preços, a perspectiva é a de que a inflação mundial fique em 2,7% e no Brasil em 6,0%. A projeção para o Balanço de Pagamentos em 2014 é de que tenhamos um Déficit em Conta Corrente de US$ 78 bilhões (3,5% do PIB) e a estimativa de ingressos de IED – Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil é de US$ 63 bilhões.
As perspectivas gerais para o exterior sinalizam que existem riscos para a estabilidade financeira global, mas com baixa probabilidade de eventos extremos. Existem perspectivas de intensificação do ritmo de atividade global e ao mesmo tempo também perspectivas de aumento da inflação global e em termos de política monetária, a volatilidade dos mercados financeiros tende a reagir ao início do processo de normalização das condições monetárias dos Estados Unidos.
As perspectivas para o Brasil apresentam que teremos um ritmo de expansão da atividade relativamente estável no próximo ano, em comparação a 2013, com mudança na composição da demanda e da oferta agregadas. Teremos o nosso déficit nas transações correntes financiado essencialmente com investimentos estrangeiros diretos; deveremos ter uma expansão moderada do crédito; também ocorrerá moderação de ganhos salariais.
Na visão do Banco Central, um resumo dos principais indicadores da economia brasileira projeta o seguinte: IPCA – 5,95%, Selic – 10,5%, Câmbio – 2,43, PIB – 2,01% e, Produção Industrial – 2,31%.
Finalmente apontarei alguns sinais para a economia em 2014, com base em uma apresentação feita pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega, em evento realizado em São Paulo-SP no dia 02/12/2013, registre-se que nesta apresentação o Ministro Guido Mantega apontou cenários de longo prazo, bem além de 2014.
De acordo com a apresentação do Ministro, tendo como fonte o FMI, a perspectiva de crescimento do PIB Mundial para 2014 é de 3,6%, percentual superior ao previsto para o fechamento de 2013 que é de 2,9%, dentro de uma perspectiva de recuperação gradual da economia mundial. Já para o Brasil, com base em projeções do IBGE e do Banco Central, o Ministro da Fazenda apontou que poderemos fechar o ano de 2013 com um crescimento do PIB em 2,5% e para o ano de 2014, um índice ligeiramente superior próximo a 3,0%, tendo-se ainda uma perspectiva de um crescimento médio para esta década vindoura de 4,0% a.a., um índice maior que o da década passada, em torno de 3,6%.
O cenário apontado foi de lenta recuperação do mercado externo, conforme projeções do Ministério da Fazenda, com base em dados do FMI, que projeta concluirmos 2013 com um crescimento do comércio mundial de 2,5%, mas melhorando em 2014 chegando-se a um percentual de 5%.
No quesito inflação, a perspectiva do Ministro da Fazenda é que encerremos 2013 com um índice de 5,8% e para o próximo ano (2014), teríamos um patamar menor, por volta de 5,5%, registre-se que a medição oficial medida para o Brasil é com base no IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Ampliado. A perspectiva do Ministro é de que tenhamos uma inflação média anual de 4,0% para a próxima década, o que seria um percentual inferior ao verificado na década passada, algo em torno de 5,9% anual.
Na apresentação do Ministro da Fazenda, as forças dinâmicas do desenvolvimento na próxima década serão: investimento (resolvendo gargalos da infraestrutura, manutenção da evolução do setor de construção civil e avanços em petróleo e gás; produtividade e inovação (a partir do investimento em capital humano); foco nos mercados interno e externo e expansão do Mercado de Capitais. Já no quesito investimento, a perspectiva é de crescimento elevado, onde deveremos concluir 2013 com uma taxa de formação bruta de capital fixo com uma taxa de crescimento de 7% e para 2014, projeta-se um patamar ligeiramente superior, algo em torno de 7,2%, com um cenário que a próxima década tenha um crescimento médio nesta variável de 7% ao ano. Esta expansão do investimento tem como componente fundamental o aumento da produtividade, resultando em uma possibilidade de fechamento de 2013 com uma taxa de investimento em torno de 18,6% do PIB e; projetando-se para 2014 uma taxa de investimento de quase 20% do PIB, num cenário constante de crescimento onde planeja-se chegar a uma taxa de investimento de 24% do PIB em 2020.
Para exemplificar uma variável de investimento, o Ministro apresentou os dados do Programa Habitacional Minha Casa Minha Vida, que aponta que em termos de unidades habitacionais, até agosto/2013 foram entregues 1.320.000 unidades, tendo-se contratado 2.900.000 unidades; já a meta para 2014 será de 3.400.000 unidades.
Nos cenários prospectivos apontados pelo Ministro da Fazenda, destaque-se como algo bastante positivo, o cenário de avanço do ensino técnico para qualificação do trabalhador brasileiro. O Pronatec aplicará em 2013 R$ 3,66 bilhões e e concluirá o ano tendo apresentado 4,8 milhões de vagas; já para 2014 a perspectiva é de criação de 8 milhões de vagas e 208 novas escolas, consolidando a nossa formação de recursos humanos para atendimento da demanda do crescimento empresarial brasileiro.
O Ministro também apontou um cenário de manutenção leve e gradual da redução da dívida líquida e bruta do Setor Público, fechando 2013 em 35% do PIB para a Dívida Líquida e 59,5% do PIB para a Dívida Bruta. Para 2014 o cenário é de manutenção dos patamares de 2013.
Com relação ao mercado interno, especificamente no comércio varejista, a expectativa é a de que em 2013 tenhamos uma taxa de crescimento de 4,9% e para 2014, a taxa deverá ficar em torno de 5,0%, esperando-se uma taxa média anual de 6% para a próxima década.
Em minha opinião, os dados apresentados buscam uma aproximação das ocorrências dos mercados financeiros cada vez mais próxima da economia real. Eu julgo que o mundo tem assistido a uma crise de estatísticas internacionais que dificultam um conhecimento mais profundo das realidades econômicas.
Acredito na melhoria dos indicadores econômicos mundiais em 2014, no aumento de acordos internacionais e em uma maior inserção do Brasil no desenvolvimento mundial.
Pelo que foi exposto e com base em cenários das instituições pesquisadas, teremos um ano de 2014 ainda difícil, mas com a continuidade dos avanços econômicos e sociais que a pessoas tanto necessitam.
* Economista e Secretário de Desenvolvimento Econômico, e da Ciência e Tecnologia de Sergipe
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