Perspectivas Econômicas para 2018

Artigo é de autoria do economista Saumíneo Nascimento (Foto: Vieira Neto)

Em geral no fim de cada ano, nós economistas costumamos analisar os cenários de tendência da economia, numa lógica de auxiliar o planejamento dos investidores do setor privado e apontar para o setor público o caminho a ser percorrido.

As fontes de informações são diversas, em geral as instituições de pesquisa e bancos possuem dados mais precisos e realizam cálculos econométricos mais consistentes.

Os estudos disponíveis revelam o seguinte para ao ano de 2018:

Economia Mundial – O PIB Mundial deverá crescer 3,8% na visão do Banco Itaú e 3,7% na visão do Banco Central do Brasil, sendo que a China ainda continua liderando a locomotiva deste crescimento com uma perspectiva de crescimento do PIB em 6,2% (lembrar que esta é a 2a economia mundial); os Estados Unidos (1a economia mundial) deverá crescer 2,14%; Japão projeta 1,0% de crescimento do PIB e a Área do Euro deverá crescer 1,70%.

O Banco Itaú por exemplo, em seu relatório de perspectivas aponta que apesar da política monetária global menos expansionista, eles esperam que as condições financeiras globais permaneçam favoráveis, sustentadas pelo bom crescimento e por baixo risco de recessão. Ainda neste quesito a referida instituição financeira aborda que a política monetária global também se tornará menos expansionista em 2018. E prevêem os seguintes
cenários: três altas nas taxas de juros nos EUA, com riscos equilibrados; o fim do programa de compra de ativos na zona do euro (mas altas de juros só em 2019) e no Japão, uma alta de 0,20 p.p. na taxa de juros de 10 anos (mas sem mudanças na taxa de curto prazo).

Já a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aposta que o cenário mundial para 2018 abrirá novas negociações e a possibilidade de ampliação de acordos, facilitando o comércio tendo ainda a remoção de barreiras e a redução de tarifas como variáveis que determinarão este novo momento.

A inflação prevista para as economias maduras tem a seguinte previsão em 2018: Estados Unidos (2,2%), China (2,2%), Área do Euro (1,60%) e Japão (1,0%). Vê-se que à exceção da China a taxa de crescimento do PIB possui uma correlação alta e forte com a taxa de inflação nas economias desenvolvidas.

A CNA aponta para um cenário global que deve seguir benigno, mas algo menos favorável aos emergentes ? em função da reversão de estímulos monetários nas principais economias.

Economia Brasileira – este cenário mundial favorável deverá ter repercussão no Brasil. Por isso que a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), também aposta que o Brasil tenha melhoria na retomada do crescimento econômico, pois na visão da entidade mesmo após  uma década desde a eclosão da crise das hipotecas subprime norte-americanas, iniciada em julho de 2007, o quadro econômico mundial mostra-se muito mais favorável. Os países desenvolvidos voltaram a crescer de forma consistente e os emergentes têm mantido taxas elevadas de crescimento ainda que em nível inferior ao observado antes de 2007. Mas a CNI aponta que o Brasil, contudo, oscilou bastante nos anos pós crise, atravessou recessão profunda recentemente e está passando por um novo processo de recuperação. Então a CNI avalia que o ano de 2018 deve marcar a consolidação de um novo ciclo para a economia brasileira, mas ainda há muitas dúvidas no horizonte, sobretudo no espectro político e na viabilidade da agenda de reformas.  Eles tocam em um ponto que na minha visão é o principal desafio do setor privado no momento, melhorar o nível de capacidade instalada. A CNI aponta que no curto prazo, ainda há capacidade ociosa capaz de permitir crescimento de atividade sem pressionar a inflação, mesmo com o baixo investimento previsto para o próximo ano. A taxa de inflação deverá permanecer dentro da meta, permitindo manutenção da taxa básica de juros em patamar historicamente baixo. A CNI espera que o mercado de trabalho tenha uma trajetória de recuperação, com criação líquida de empregos. A questão fiscal, por sua vez, continuará crítica e fonte de instabilidade e incertezas ao longo do ano.

A previsão de crescimento da economia brasileira para 2018 é de 2,64% e se foram mantidas as expectativas dos empresários, este indicados será alcançado e teremos um crescimento de PIB superior ao dos Estados Unidos.

Este crescimento de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada  – IPEA, será distribuído setorialmente da seguinte forma: PIB da Indústria crescerá 3,4%, PIB de Serviços crescerá 2,2%, PIB de Agropecuária crescerá 3,5%.

Ainda de acordo com os cenários do IPEA, o Consumo das famílias terá um crescimento de 2,7%, o consumo do Governo terá uma queda de 0,2%, a Formação Bruta de Capital Fixo (Investimentos) que declinou em 2017 tende a crescer 4,2% em 2018, as exportações cresceram 4,1% e a as importações 5,1%.

O último relatório de inflação publicado pelo Banco Central do Brasil prevê uma inflação de 4% para o ano de 2018 e isto vai influenciar a confiança do comércio que vem passando por melhoria e chegou a atingir 94,8 pontos em dezembro de 2017.

O atual nível de utilização de capacidade instalada da indústria brasileira em 74,2% deverá ser reduzido, face as acomodações de investimentos nos segmentos de maior ociosidade.

Eu como economista neoclássico com viés desenvolvimentista acredito que vamos conviver em 2018 com uma grande instabilidade no emprego, esta é a minha maior preocupação para a sociedade, conviver sem atritos com elevada taxa de desemprego. A notícia que saiu recentemente do Ministério do Trabalho com os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) que apontaram menos 12,3 mil vagas no Brasil foi muito ruim neste fim de ano, e contraria a expectativa da CNI, pois temos mais jovens chegando ao mercado de trabalho e o que estamos vivenciando são mais demissões do que contratações. Infelizmente a previsão para 2018 é de taxa de desemprego ainda com dois dígitos, algo em torno de 11,8%.

A melhoria do ambiente de crédito, especialmente para as empresas, poderá resultar em novos investimentos que contribuirão para o crescimento do PIB, as instituições financeiras públicas ainda continuarão liderando as concessões de crédito de longo prazo e voltadas para o investimento produtivo. Mas há perspectivas favoráveis no cenário de retomada do crédito imobiliário em condições mais adequadas o que alavancaria diversos setores da cadeia de construção civil.

Outros indicadores macroeconômicos importantes para entender a economia brasileira em 2018 são: déficit em conta corrente deverá ser de 0,88% do PIB; a Balança Comercial tende a ter um superávit menor, algo em torno de US$ 59 bilhões; as despesas líquidas com juros ficarão menores, mas ainda será um valor relevante, US$ 16,9 bilhões; o Investimento Externo Direto tende a ser maior e no patamar de US$ 80 bilhões. A taxa de câmbio é entre R$ 3,30 a R$ 3,50 por US$, a taxa SELIC deverá ser mantida no patamar atual durante todo o ano de 2018 (7,0%), podendo ter apenas uma queda e chegar a 6,75%.

Em resumo 2018 do ponto de vista econômico tende a ser melhor, mas será mais desafiador, pois as incertezas provocadas pelo calendário eleitoral e seus resultados marcarão o ano de 2018, que tenhamos sobrevivência.

(1) Economista, Delegado do Conselho Federal de Economia, representando Conselho Regional de Economia de Sergipe e Membro da Academia Nacional de Economia Imortal da Cadeira 192.

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