Projeto estimula parceria entre produtores rurais

Mulheres sertanejas que produzem doces caseiros (Fotos: Assessoria de Comunicação)

Integrantes da Associação Camponesa de Poço Redondo começaram a desenvolver um trabalho coletivo em rede. O grupo, formado por dez apicultores que produzem mel e cera, está trabalhando em parceria com outro grupo, o de mulheres sertanejas que produzem doces caseiros de frutas nativas. A ação inovadora está sendo realizada no povoado Barra da Onça, Poço Redondo.

Segundo o presidente Ediclecio da Silva Santos, a Associação produz dois mil e quinhentos quilos de mel por ano, uma média de 30 quilos por colmeia. A produção é vendida para a merenda escolar da prefeitura de Poço Redondo e para a Cooperativa Apícola de Sergipe. Mas está surgindo um novo mercado, a produção de doces caseiros feitos com frutas nativas da caatinga a base de mel.

“Minha esposa e as mulheres dos outros apicultores ligados a associação estão sendo capacitadas na produção de doces caseiros. Orientadas pela instrutora Cida, elas começaram a desenvolver receitas que substituem o açúcar pelo mel, deixando o produto mais saudável. Outro ponto interessante é que além de fornecer o mel ajudamos as mulheres na colheita e transporte das frutas nativas que serão utilizadas na produção dos doces. É mais uma fonte de renda que surge para o produtor rural que trabalha com agricultura familiar”, explica Ediclecio da Silva.

Doces caseiros

Tanto o grupo de apicultores como os das mulheres sertanejas estão sendo assistidos pelo Projeto Frutos da Floresta, que é financiado pelo programa Petrobras Ambiental. Ele vem sendo executado pelo ICODERUS (Instituto de Cooperação para o Desenvolvimento Rural Sustentável), que tem como parceiros a CODEVASF, SEBRAE, Prefeituras Municipais, Associações Comunitárias e IBES (Instituto Brasileiro de Ecologia e Sustentabilidade), que gerencia toda a rede de biodiversidade e agrobiodiversidade dos Frutos da Floresta. O foco é o manejo sustentável dos recursos naturais focados na agricultura familiar.

Sustentabilidade e parceria

Para o coordenador geral dos Frutos da Floresta, o engenheiro florestal Ronaldo Fernandes Pereira, é primordial desenvolver uma ação em rede, trabalhar as cadeias produtivas com foco na recuperação e utilização sustentável das florestas. “O projeto sentiu necessidade de também desenvolver uma ação com as mulheres. Iniciamos uma capacitação focada na produção de doces, a proposta é diminuir o açúcar desses doces e substituir por mel, agregando valor tanto para a cadeia da apicultura como para a cadeia de doces caseiros”, orienta.

Na região de Barra da Onça é possível encontrar o umbu, seriguela, goiaba, acerola, que por coincidência são frutas apícolas utilizadas pelas abelhas para produzir néctar, mel. “O foco é aumentar o número de áreas reflorestadas, queremos chegar no povoado Barra da Onça com 30 equitares de sistemas agroflorestais. É o marido ajudando a esposa, a esposa ajudando o marido, ambos utilizando a floresta de forma consciente”, destaca Ronaldo.

Como o projeto é trabalhado em rede e as frutas são de época, está acabando a safra do umbu, o grupo está trabalhando com o jenipapo, que é trazido de outras comunidades que são atendidas pelos Frutos da floresta. “Hoje trabalhamos em 11 municípios sergipanos, três no semiárido, três no centro sul e cinco na região do Baixo São Francisco. Quando tem frutas nas outras regiões trazemos para o semiárido, pois o grupo está capacitado para a produção dos doces e tem os equipamentos adequados. As mulheres da Barra da Onça compram as frutas das outras comunidades assistidas pelo projeto, beneficiam, e podem mandar em consignação para ser comercializado”, orienta Ronaldo Fernandes.

Dessa forma trabalha-se a cadeia, tanto no nível da comercialização como no nível de recuperação de áreas, pois todo mundo tem a mesma filosofia, plantar florestas. “Essa é a sinergia e é a função da rede, a principal proposta dos Frutos da Floresta”, finaliza Ronaldo Fernandes.

Tradição culinária

A fabricação de doces caseiros era muito tradicional no Sertão, bastante apreciado pela população, donos de engenho, mulheres de coronéis. Mas com o tempo as pessoas foram deixando de fabricar os doces, ao ponto de não saber mais as receitas, perdendo o a tradição.

Segundo Aparecida Lima, culinarista e instrutora do treinamento, o curso trabalha dois aspectos, o resgate cultural de uma tradição e a possibilidade de uma nova fonte de renda. “A capacitação orienta desde como proceder com a coleta dos frutos, armazenamento, fabricação e comercialização”, destaca.

Para Nete Alves Silva, moradora de Barra da Onça e mulher de apicultor, um dos pontos mais positivos do curso é poder contribuir para melhorar a renda da família. “Nosso grupo é formado por 14 mulheres sertanejas. Não sabíamos como fazer os doces aproveitando as frutas nativas da nossa região e de outras regiões, só sabíamos fazer sucos, mas a professora Cida nos passou todas as orientações. Agora produzimos diversos tipos de doces e geleias. O mais interessante é que estamos começando a substituir em algumas receitas o açúcar pelo mel, deixando nosso produto mais saudável”, diz orgulhosa Nete Alves.

Lauro Vasconcelos, superintendente do Sebrae, fica satisfeito com parcerias de sucesso, como a que é realizada com o ICODERUS. “A equipe dos Frutos da Floresta está de parabéns, leva para o homem do campo uma nova filosofia empreendedora, utilizar de forma integrada e sustentável os recursos das nossas florestas, além de recuperá-las. Todos saem ganhando e as próximas gerações agradecem”, destaca Lauro. 

Fonte: Ascom Sebrae

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