O consultor Alex Sandro Chagas (Foto: Portal Infonet)

A Nutre Nordeste sediada em Paulo Afonso, na Bahia, desenvolve serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), focados na comercialização de gêneros  para alimentação escolar. O consultor da Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia (Agendha), Alex Sandro Chagas Mecenas conversou com a equipe do Portal Infonet e falou um pouco sobre o projeto e a importância para o agricultor. Confira abaixo.

Portal Infonet- O que é o Nutre Nordeste?

Alex Sandro Chagas – O Nutre Nordeste é um projeto da Agendha, organizado por uma ONG de Paulo Afonso, na Bahia, onde o objetivo do projeto, que está acontecendo em nove estados, é fazer cumprir a lei do PNAE 11.947 que diz que no mínimo 30% dos recursos destinados a alimentação escolar devem ser comprados diretamente do agricultor familiar e suas organizações. Hoje aqui no Estado de Sergipe, sete cooperativas do estado fundaram uma Central de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado de Sergipe (Centrafes), que se localiza em Moita Bonita.

Infonet- Aqui em Sergipe o projeto já está sendo implantado?

A.S– Sergipe foi o primeiro Estado do país a cumprir a meta dos 30% e a primeira experiência foi feita aqui em dezembro de 2009, onde por meio de chamada pública no valor de R$ 1 milhão e 400 mil disponibilizados, só conseguiram acessar R$ 56 mil. Quem fez essa venda foi uma cooperativa de Moita Bonita.

Infonet- Quais os benefícios do projeto?

A.S– Hoje se as Secretarias de Educação do Estado e Município disponibilizarem o recurso destinado, com certeza aquele recurso vai ser totalmente utilizado pelas cooperativas, pois eles já tem uma organização que facilita a logística de entrega dos produtos.

Infonet- Para o agricultor participar da chamada pública ele deve está filiado em alguma cooperativa?

A.S– A lei do PNAE diz que se a chamada pública for abaixo de R$ 100 mil, então pode participar grupos informais, sendo que três, quatro agricultores se juntam, montam uma proposta e eles comercializam. Já acima desse valor só quem pode comercializar são as cooperativas, mas nos interiores as prefeituras estão comercializando via grupos informais e de associações, já que muitos têm o valor abaixo de R$ 100 mil.

Infonet- Qual o ganho para o agricultor que participar dessas chamadas?

A.S– Cada agricultor tem que ter a declaração de aptidão concedida pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que indica que ele é um agricultor familiar e só ele pode comercializar. Então com a Declaração de Aptidão ao Pronaf em mãos, ele tem condições de vender para os programas governamentais cerca de R$ 9 mil reais. Você imagine uma família pobre que antes não se tinha esse hábito, entrar naquela família R$ 9 mil, dá mais de R$ 800 reais por mês, o ganho para o agricultor é fantástico.

Infonet- Quando ocorreu a última chamada pública?

A.S– A última chamada ocorreu no dia 24 de outubro e três cooperativas concorreram. Foi uma chamada ainda pequena porque a prefeitura ficou com receio da logística de entrega, então, dos R$ 400 mil disponibilizados foram negociados pouco mais de R$ 246 mil e isso vai beneficiar 29.350 alunos daqui do município de Aracaju em 82 unidades escolares. Como teve a greve dos professores do município essas entregas vão ser feitas até fevereiro de 2012. Espera-se que em 2012 esse valor que foi de R$ 400 mil seja no mínimo duplicado. Acredito que lá pra fevereiro ou março, abre-se nova chamada pública da merenda escolar.

Infonet- E o preço dos produtos vendidos?

A.S– Um suco de frutas que era comercializado no passado pelas empresas em torno de R$ 4 reais, esse mesmo suco de melhor qualidade e muito mais fresco é comercializado a R$ 2,60. Quer dizer, o dinheiro não fica concentrado na mão de uma empresa e você está oferecendo um produto de melhor qualidade para uma criança. Os produtos são entregues uma ou duas vezes por semana, a depender da solicitação das escolas. Como o produto é colhido um dia antes ou no mesmo dia cedinho, ele chega fresco na escola.

Por Aisla Vasconcelos