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Pesquisadora canadense Ruth Tshin visitou dois projetos em SE (Foto: divulgação) |
O poder de comunicação das sementes e frutos cultivados em Sergipe, através das técnicas de agroecologia e sustentabilidade, mais uma vez foi comprovado durante a visita que a pesquisadora canadense Ruth Tshin fez ao Estado, nessa semana, evidenciando o que o filósofo francês Roland Barthes (1915-1980) escreveu: “o alimento é um sistema de comunicação, um corpo de imagens, um protocolo de usos, situações e condutas”.
Tshin, que tem vasta experiência em projetos de agroecologia, esteve nos últimos cinco anos coordenando a ECHO Asia Regional Impact Center, em Chiang Mai, a maior cidade do norte da Tailândia. “Juntos, catalogamos mais de 150 espécies nativas”, afirmou.
Nesta vinda a Sergipe, a bióloga conheceu a comunidade das Catadoras de Mangaba (Barra dos Coqueiros) e a Reserva do Caju (Campo Experimental de Itaporanga D’Ajuda – Embrapa Tabuleiros Costeiros).
No contato com as mulheres extrativistas, dia 1º, a pesquisadora afirmou que ficou claro o sentimento de comunidade das famílias de Dona Branca e Patrícia de Jesus, Seu Raimundo, Dona Silvânia, Dona Elze e todos do grupo, como também o desejo de preservar as frutas nativas e toda a cultura que as envolve. “Ficamos muito felizes com a visita da Ruth. Apesar dela não falar português, nos entendemos bem”, disse Dona Branca de Capoã”.
Ao comentar a realação que teve com o grupo da Barra dos Coqueiros, a canadense afirmou que tanto as pessoas, suas histórias, a beleza do lugar, os frutos, e o belo almoço que foi preparado, fizeram a experiência ser de um aprendizado muito rico. Sobre os aspectos físicos, ela afirmou que “à primeira vista, o solo (areia) pode parecer não fértil. Mas as árvores gigantes (mangueiras, cajueiros, mangabeiras, goiabeiras, etc) demonstram que a vida, no lugar, brota com muita força”.
A jornalista Tailandesa, Art Tshin, que acompanhou a pesquisadora na viagem, disse que há muitas semelhanças entre as populações rurais do Brasil e a de seu país. “Temos uma grande variedade de frutos, mas eu não conhecia a mangaba, que tem um aroma interessante e reúne múltiplos sabores, como o da manga, goiaba, banana, maça. As áreas de plantio devem ser preservadas”.
Após o encontro com a comunidade tradicional, elas foram recebidas dia 04 pelos pesquisadores da Embrapa, Fernando Curado e Amaury Santos, na Reserva do Caju. Durante a visita, as estudiosas afirmaram que havia muitas similaridades entre o trabalho que a Embrapa está desenvolvendo em agroecologia e o que a ECHO realiza na Tailândia. “As técnicas, a motivação, o modo como os agricultores são envolvidos no processo são as mesmas. Ficamos felizes por encontrarmos as plantas mucuna preta e a mãe do cocoa, que também usamos na Tailândia. Elas são muito importantes para a sustentabilidade. O Dr. Curado e o Dr. Santos estão fazendo um excelente trabalho, um exemplo. Essa conexão, baseada sempre nos princípios da agroecologia, é muito importante. Estou fascinada”, frisou Tshin.
Ao explicar essa pesquisa, que utiliza plantas para enriquecer o solo, Santos informou que a mãe do cocoa (gliricidia) é uma excelente fonte de nitrogênio tendo funções múltiplas, “pois age tanto como adubo verde, quanto alimento para os animais”. A gliricidia, portanto, pode ser considerada simbólica para a ideia do trabalho desenvolvido em agroecologia na Reserva do Caju, cujo objetivo é ser um espaço para troca de conhecimentos.
“Muito do que existe aqui, é resultado da observação que fizemos junto às famílias de agricultores da baixada litorânea”, explica Curado, frisando que a prática do projeto mescla o movimento, a oportunidade de diálogo entre o conhecimento científico e o tradicional e visa a criação de espaços de desenvolvimento e reprodução social, respeitando sempre o meio ambiente e as culturas locais. “Por isso, temos uma série de vitrines de algumas práticas agroecológicas, que atuam no trabalho como elementos enriquecedores do processo de ensino-aprendizagem que realizamos com agricultores, estudantes, pesquisadores e com a comunidade em geral”, ressaltou o pesquisador.
Fonte: Assessoria de Imprensa
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