Reservas Internacionais Brasileiras

Saumíneo Nascimento

O Banco Central do Brasil, através da sua Gerência Executiva de Riscos  e Referências Operacionais apresentou a publicação Relatório de Gestão das Reservas Internacionais, dentro da sua estratégia de ampliar a transparência de informações da economia brasileira, com isso como forma de contribuir com o processo de disseminação da informação, comentarei adiante alguns pontos do relatório.

Para os não economistas é importante destacar um dos conceitos para reservas internacionais: total de moedas estrangeiras mantido pelo Banco Central e disponível para uso imediato. As reservas internacionais têm origem nos superávits do balanço de pagamentos, assim sempre que há uma entrada de moeda estrangeira, o Banco Central do Brasil realiza o câmbio, ficando com a moeda estrangeira e pagando os exportadores em reais, assim sempre que há mais entradas de moedas estrangeiras que saídas, o Banco Central aumenta as suas reservas. Do outro lado, quando o país realiza saída de divisas, usam-se as reservas internacionais. As reservas internacionais possuem dois conceitos básicos, o conceito caixa  e o conceito de liquidez internacional.

Para entender o conceito caixa, informamos que uma das funções das reservas é o de cobrir os eventuais déficits nas contas externas e as reservas também podem ser utilizadas para proteção de ataques especulativa contra a moeda do país. No conceito de liquidez internacional, considera-se adicionalmente os títulos em moedas estrangeiras e outros recursos em poder do Banco Central.

Para referenciar a origem das reservas internacionais, informamos que de acordo com a última Nota Externa do Banco Central divulgada para imprensa, o balanço de pagamentos do Brasil apresentou superávit de US$ 627 milhões em junho/2012, mas ocorreu déficit em transações correntes no montante de US$ 25,3 bilhões no primeiro semestre de 2012, patamar inferior ao registrado no mesmo período de 2011, que foi de US$ 26 bilhões. O índice de déficit das transações correntes nos últimos doze meses na posição de junho/2012 é equivalente a 2,16% do PIB. Já conta financeira registrou superávit de US$ 4,8 bilhões, com destaques para o ingresso líquido de US$ 5,8 bilhões em investimentos estrangeiros diretos (IED) e para as taxas de rolagem do endividamento externo de médio e longos prazos, 361%.

Os dados do relatório de reservas internacionais do Banco Central do Brasil estão atualizados até dezembro/2011 e revelam que o Brasil fechou o ano de 2011 com um saldo de US$ 352,01 bilhões nas reservas internacionais, o que representou um crescimento de 21,9% em relação ao ano anterior, 2010.

Já de acordo com a Nota para a imprensa que o Banco Central divulgou na data de 24 de julho/2012, verificou-se que as reservas internacionais brasileiras atingiram US$ 373,9 bilhões em junho/2012, revelando uma elevação de US$ 1,5 bilhão em relação ao estoque do mês anterior.

Em consulta que fiz no site do Banco Central na posição de 23 de julho de 2012, verifiquei que as reservas internacionais do Brasil já alcançou o montante de US$ 374,95 bilhões, o que revela que é contínuo o crescimento das nossas reservas.

Um dado interessante revelado pelo relatório é o de que o Brasil ocupa a sexta posição no ranking de maiores reservas internacionais no mundo, porém apresenta a segunda menor proporção de reservas em relação ao PIB, tendo um valor aproximadamente três vezes menor que a média. As reservas brasileiras em relação ao seu PIB ficou em 13,8% no final de 2011, enquanto que a média dos países analisados ficou em 46,6%. Os países que possuem os maiores índices são Arábia Saudita, Taiwan, China, Coréia do Sul, Rússia, Japão e Índia. Já os países que possuem as maiores reservas internacionais são: China, Japão, Arábia Saudita, Rússia, Taiwan e Brasil.

Gostaria de fazer referência a um texto do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, do ano de 2007 e de autoria dos técnicos do Instituto Marco Antônio F. de H. Cavalcanti e Christian Vonbun, em que há um comentário sobre o embate entre os economistas que julgam o aumento das reservas como importante e necessário  para uma prevenção contra crises internacionais ou como forma de evitar a apreciação do real e; os economistas que julgam que o nível das reservas excessivo poderia impor  e um custo desnecessário ao Brasil, associado ao custo de carregamento das reservas. Então se percebe que este é um tema controverso entre os economistas. A minha opinião é a de que é bom para o país a busca de ampliação do seu nível de reservas, porém é importante avaliar qual o nível ótimo, ou seja, adequado, quais os índices ou indicadores que poderiam mensurar adequadamente este quesito?

As reservas internacionais podem ser avaliadas pelas razões reservas/importações, reservas/dívida externa de curto prazo ou pelo seu peso na balança comercial,

De acordo com o relatório do Banco Central do Brasil que aborda as reservas internacionais, um dos objetivos a ser alcançado na gestão das reservas internacionais é a redução da exposição do país ao risco cambial. É por isso que ocorre uma busca por uma diversificação nas moedas e assegurando-se o hedge cambial do passivo externo total registrado. Na posição de dezembro de 2011, a alocação por moedas tinha a seguinte composição: 79,6% em dólar norte-americano; 6,0% em dólar canadense; 4,9% em euro; 3,1% em dólar australiano; 3,0% em libra esterlina; 1,0% em iene; e 2,4% em outras moedas, a exemplo de coroa sueca e coroa dinamarquesa.

É importante ressaltar que o montante das reservas internacionais deve ser aplicado em ativos que proporcionem rendimentos adequados ao país, de acordo com o relatório do Banco Central que ora comentamos, os investimentos das reservas internacionais estão aplicados em renda fixa, especialmente em títulos governamentais, títulos de agências governamentais, títulos de organismos supranacionais e depósitos bancários a prazo fixo. Na posição de dezembro/2011, a distribuição da aplicação das reservas foi da seguinte forma: 83,5% em títulos governamentais; 4,4% em títulos de organismos internacionais; 7,1%  em títulos de agências governamentais; 3,8% em depósitos em bancos centrais e organismos supranacionais; 0,3% em depósitos em bancos comerciais; e 0,8% em outras classes de ativos, a exemplo de ouro. Estes investimentos que pelo apresentado são bem diversificado e o prazo médio destes investimentos são superiores a dois anos e inferiores a três anos, o que revela uma boa administração dos prazos, diante de possíveis necessidades de alocação das reservas.

No primeiro semestre de 2012, a remuneração das reservas somou US$ 356 milhões, enquanto as demais operações externas, relacionadas principalmente a variações de preços e de paridades, elevaram o estoque em US$ 1,1 bilhão.

Para concluir esta breve abordagem das reservas internacionais, julgo importante destacar que há uma necessidade de avaliação do nível adequado de reservas para o Brasil, pois existem alguns modelos que sinalizam caminhos que auxiliam a administração do regime de câmbio. A minha opinião é de que o Brasil tem uma administração das reservas internacionais adequada e crescente.

* Economista e Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de Sergipe

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