Saumínio Nascimento |
A partir de dados da Edição de 2014 do Mapeamento da Indústria Criativa, trabalho divulgado recentemente pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, irei fazer uma breve abordagem sobre a indústria criativa no Estado de Sergipe, como contribuição para o conhecimento da realidade econômica e social do Estado.
Inicialmente é importante reportar alguns conceitos apontados no estudo e que poderão dirimir dúvidas para uma leitura mais generalista.
Registre-se que neste estudo da Firjan, existe a agregação dos segmentos em quatro grandes Áreas Criativas: Consumo, Cultura, Mídias e Tecnologia. Por possuírem características semelhantes entre seus segmentos, esta agregação facilita tanto a leitura do comportamento das áreas e de seus segmentos ao longo dos anos, como também a identificação das vocações das regiões e estados brasileiros.
O estudo da Firjan indica que o mapeamento aborda a Indústria Criativa sob duas óticas. A primeira é a ótica da produção, que lança um olhar sobre as empresas criativas – que não necessariamente empregam apenas trabalhadores criativos em seus quadros. A segunda ótica é a do mercado de trabalho, ou seja, dos profissionais criativos, independentemente do lugar onde trabalham, seja na indústria criativa, na clássica, ou em qualquer outra atividade econômica.
Em nível de Brasil, sob a ótica da produção, 251 mil empresas formavam a indústria criativa em 2013. Num olhar sobre a última década, houve um crescimento de 69,1% desde 2004, quando eram 148 mil empresas. Com base na massa salarial destas empresas, estima-se que a indústria criativa brasileira gere um Produto Interno Bruto equivalente a R$ 126 bilhões, ou 2,6% do total produzido no Brasil em 2013, frente a 2,1% em 2004. Nesse período, o PIB da Indústria Criativa avançou 69,8% em termos reais, acima do avanço de 36,4% do PIB brasileiro nos mesmos dez anos.
Sergipe
Em Sergipe no ano de 2004 tínhamos 1,3% dos empregados criativos no total de empregados do Estado, índice que declinou ao longo dos anos chegamos em 2013 com 1,2%, porém em termos de Região Nordeste, ocupamos na base de 2013, a 4ª posição, atrás somente do CE (1,4%), PE (1,4%) e BA (1,3%). E em termos de Brasil, Sergipe ocupa a 13 posição, sendo os três primeiros os seguintes Estados: São Paulo (2,5%), Rio de Janeiro (2,3%) e Santa Catarina (2,0%).
Há uma boa informação, o Estado de Sergipe possui a melhor remuneração média do Nordeste para os profissionais criativos. Na base de 2004 a remuneração média do profissional criativo em Sergipe era de R$ 3.464,00 e em 2013 passou para R$ 5.127,00, bem próximo da média de remuneração do Brasil que é de R$ 5.422,00. Em termos de Brasil, Sergipe possui a 5ª maior remuneração média para os profissionais da economia criativa, os maiores que Sergipe são: Rio de Janeiro (R$ 8.682), Distrito Federal (R$ 6.925), São Paulo (R$ 5.851) e Amazonas (R$ 5.240).
Para entender melhor esta remuneração de Sergipe, que destaca-se no Nordeste, irei discriminar adiante o salário médio dos profissionais em Sergipe na Indústria criativa na base de 2013: Arquitetura (R$ 7.002), Artes Cênicas (R$ 1.260), Biotecnologia (R$ 2.820), Design (R$ 1.440), Expressões Culturais (R$ 1.127), Moda (R$ 1.118), Música (R$ 1.404), Pesquisa e Desenvolvimento (R$ 13.117), Publicidade (R$ 2.507), Audiovisual (R$ 1.479), Editorial (R$ 2.779), Patrimônio e Artes (R$ 1.83º) e Tecnologia da Informação e da Comunicação (R$ 3.756). Vê-se, portanto, que são dois profissionais que ajudam a elevar a média do profissional criativo em Sergipe o arquiteto, cuja remuneração média de Sergipe é a 5ª melhor do Brasil, nesta profissão a média brasileira é de R$ 5.422, ou seja, Sergipe remunera os seus arquitetos mais que a média do Brasil e; os profissionais de Pesquisa e Desenvolvimento, cuja remuneração media de Sergipe é a segunda melhor do Brasil, atrás somente da remuneração média do Rio de Janeiro que é de R$ 14.510. Veja-se que a média brasileira de remuneração dos profissionais de Pesquisa e Desenvolvimento é de R$ 9.990,00. Então, conclui-se, que Sergipe é um Estado que possui potencial de atrair profissionais de Pesquisa e Desenvolvimento, ou seja, os chamados cientistas, seja nas Universidades, seja nas áreas empresariais de pesquisas públicas ou privadas. Julgo que isto é fruto dos investimentos públicos e privados que foram desenvolvidos nos últimos anos em ciência, tecnologia e inovação em Sergipe.
Outra informação relevante é saber o quantitativo de profissionais criativos por atividade, que na base de 2013, teve 4.947 profissionais criativos em Sergipe divididos em: Arquitetura (836), Artes Cênicas (70), Biotecnologia (358), Design (352), Expressões Culturais (190), Moda (94), Música (127), Pesquisa e Desenvolvimento (928), Publicidade (463), Audiovisual (499), Editorial (383), Patrimönio e Artes (83) e Tecnologia da Informação e Comunicação (564). Vê-se também um destaque quantitativo nos profissionais de Pesquisa e Desenvolvimento e de Arquitetura.
Assim como o Brasil é um país multicultural em que diversas influência enriqueceram a cultura brasileira e criaram uma sociedade criativa e plural, Sergipe também insere-se neste contexto, onde setores da indústria criativa local são influenciados pela versatilidade, diversidade e matizes culturais que nos moldam e inspiram a produção dos nossos bens e serviços, agregando valor ao imaginário, levando ao mundo um pouco do jeito sergipano que de forma inovadora sabe encarar os desafios deste século XXI.
(1) Economista, Mestre e Doutor em Geografia
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