Variedade de milho desenvolvida pela Embrapa concorre ao prêmio FINEP

A variedade de milho BRS Assum Preto, desenvolvida pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju-SE) em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas – MG), unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foi indicada para concorrer ao Prêmio FINEP, na categoria produto. A FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos – é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que tem o objetivo de promover e financiar a pesquisa científica e tecnológica em empresas, universidades e outras instituições públicas e privadas.

Os vencedores de cada categoria na etapa regional serão homenageados durante uma cerimônia de premiação e receberão troféus. Já os ganhadores da etapa nacional, além dos troféus, receberão uma bolsa de fomento tecnológico do CNPq e farão uma viagem ao Reino Unido, financiada pelo Conselho Britânico. O milho BRS Assum Preto foi inscrito no Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica 2004 pela Embrapa Informação Tecnológica (Brasília – DF).

Desenvolvido para atender as características do Semi-Árido nordestino, o Assum Preto beneficia, principalmente, os pequenos produtores rurais e os produtores das áreas de assentamentos. Com seu ciclo super precoce, do plantio à colheita são apenas 100 dias, é indicada para as condições de pouca chuva, tendo como característica, a alta qualidade de sua proteína, que é 50% mais rica nos aminoácidos lisina e triptofano. Segundo o pesquisador Hélio Wilson de Carvalho, coordenador do Programa de Melhoramento Genético do Milho no Nordeste brasileiro, a presença desses aminoácidos, em quantidades suficientes, possibilita uma alimentação equilibrada para as famílias que têm no milho, a base alimentar do dia-a-dia. “Além disso, essa variedade pode trazer grandes benefícios sociais, se usada na merenda escolar e em programas de combate à fome e à miséria. O alto valor biológico de sua proteína também pode ser aproveitado na alimentação de suínos e aves, explorações comuns aos pequenos agricultores”, completa.

A comercialização da variedade foi iniciada em 2000, pela Embrapa Escritório de Negócios de Petrolina, PE, que fez a ampliação do material básico e, através de processo licitatório, repassou para a Empresa Santana Sementes, do Rio Grande do Norte, para a transformação das sementes básicas em mais de 250 toneladas de sementes melhoradas, as quais foram adquiridas por alguns governos estaduais da região para atender os programas de distribuição de sementes aos pequenos produtores.

As principais vantagens dessa cultivar de milho são seu ciclo superprecoce (da emergência das sementes à colheita são apenas 100 dias, contra 120 a 130 dias da maioria das outras variedades) que permite que a lavoura complete seu ciclo até o enchimento dos grãos e escape da seca no curto período de chuvas do Semi-Árido nordestino e a alta qualidade de sua proteína, que é 50% mais rica nos aminoácidos lisina e triptofano. Por outro lado, as boas características agronômicas – tipo de grãos semiduro; grãos de cor amarelo-laranja; boa tolerância ao acamamento, empalhamento muito bom e produtividade superior aos 3,500 kg/há – fazem da Assum Preto uma excelente opção para os agricultores de baixa renda, reduzindo os riscos de produção desse cereal na região semi-árida nordestina.

O Assum Preto está direcionado a todos os ecossistemas distribuídos nos nove estados que formam o Nordeste brasileiro: Tabuleiros Costeiros, Agreste e Sertão. Esse material despertou, inclusive, o interesse de melhoristas do Vietnã e o processo de transferência da semente está sendo avaliado para adequar-se a atual lei de Biosegurança.

Na Bahia, cerca de 500 toneladas da variedade de sementes melhoradas foi distribuída para pequenos produtores do estado. Calcula-se que, esta cultivar, já foi plantada, desde o seu lançamento, em uma área aproximada de 200 mil hectares da região Nordeste. O resultado sairá dia 14 de outubro e a premiação vai acontecer em Recife-PE.