Alunos da UFS viajam à Amazônia pelo Projeto Rondon

Quatro alunos da Universidade Federal de Sergipe que estão participando da Operação Nacional 2005 do Projeto Rondon viajaram para a Amazônia na última sexta-feira. Eles estão acompanhados da professora Nelmires Ferreira da Silva.

Os estudantes da UFS atuarão em parceria com colegas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no município de Eirunepé, no estado do Amazonas. Os representantes da UFS irão se juntar a um grupo de 200 estudantes e professores universitários que desenvolverão ações de reconhecimento das principais carências das populações, muitas delas indígenas, de 13 municípios da Amazônia Ocidental.

O projeto está dividido em duas fases. A primeira consiste em identificar os problemas existentes naquela região para que, na segunda fase, estes problemas possam ser resolvidos.

Os estudantes da UFS que estão no projeto são: Carolina Sampaio de Sá Oliveira e Heide de Jesus Damasceno, do curso de Serviço Social; Ricardo Luis Morais Ferreira, de Engenharia Agronômica; e Caroline Sampaio de Sá Araújo, de Biologia.

 

Universitários conhecem diversidade indígena

Cerca de 200 estudantes de 40 instituições públicas e particulares de ensino superior que participam da retomada do Projeto Rondon, desde quarta-feira, 19, em Tabatinga, no extremo oeste do Amazonas, conhecerão a diversidade socioeconômica e cultural de 32 povos indígenas que habitam a área, além da realidade de migrantes, principalmente do Nordeste e Pará.

Entre os 11 municípios do Amazonas que vão receber os alunos, sete têm população indígena expressiva. Dados do IBGE e da Fundação Nacional de Saúde, relativos a 2003, revelam que dos 173.473 habitantes destes municípios – Atalaia do Norte, Benjamim Constant, Eirunepé, Santa Izabel do Rio Negro, Santo Antônio do Iça, São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga -, 52.252, ou seja, 30,1% da população, são indígenas. Além da diversidade da população, os universitários vão encontrar interação e troca comercial com vilas e povoados colombianos e peruanos que fazem divisa por terra ou por água com esses municípios pelos rios Negro, Solimões, Javari e Juruá.

Segundo o coordenador da Educação Escolar Indígena da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), Kleber Gesteira, os mais de 50 mil indígenas que serão pesquisados pertencem aos povos Matis, Mayoruna, Marubo, Kulina, Kanamari, Tukúna, Yanomami, Baré, Tukano, Baniwa, Maku, Kokama, mas a região tem ainda povos isolados.

Na região do Alto Rio Negro, convivem 23 povos com idiomas de quatro famílias lingüísticas: Tukano Oriental, Aruák, Maku e Yanomami. A população se distribui em 800 assentamentos ao longo dos rios e na sede dos municípios. São oito terras indígenas reconhecidas e homologadas até 1998, que formam uma área de 106 mil quilômetros quadrados. Ali são falados cerca de 20 idiomas. O complexo cultural do Alto Rio Negro, explica Kleber, se caracteriza pelo sistema de casamentos interétnicos, o que possibilita aos indivíduos a compreensão e a fala de três ou mais línguas.

Pelos números do Censo Escolar 2004 colhidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), nos sete municípios estudam 22.047 indígenas, dos quais 2.175 na educação infantil; 16.989 no ensino fundamental; 469 no ensino médio; e 2.414 na educação de jovens e adultos. São 650 professores, sendo que 350 são ticunas. A menor oferta escolar entre os municípios está em Santa Izabel do Rio Negro. Lá, mais de 77% da população é indígena, mas apenas 410 estudantes estão matriculados em escolas indígenas.

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