Alunos estudam em espaço sem estrutura no Quissamã

Crianças em salas de aula apertadas no Centro de Formação do MST (Fotos: Portal Infonet)

“Aqui a gente é um sapo debaixo do pé do boi: esmagado. Eu sei que estamos atravessando uma crise, mas o Governo não está conseguindo terminar uma reforma de uma escola de apenas três salas de aula”. O desabafo foi feito na manhã desta sexta-feira, 18, pelo morador do Povoado Quissamã, em Nossa Senhora do Socorro, Celso do Nascimento, ao lamentar o fechamento da Escola Estadual Paulo Freire, cujas obras estão paradas desde setembro de 2013.

De acordo com ele, mora no acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, há 24 anos e quase todos os 12 filhos estudaram no Paulo Freire.

Cadeiras desconfortáveis

“Mas agora meus netos e bisnetos têm que se deslocar até o Centro de Formação porque não conseguem terminar as obras de uma escola tão pequena. Sou um dos primeiros a entrar nessa fazenda que era da Embrapa. Estava abandonada, ocupamos e depois ganhamos a Emissão de Posse. Hoje são mais de 100 famílias e essa escola está parada há três anos. Lá na outra, as crianças parecem estar felizes, mas aonde encontra carinho e afeto, a criança fica feliz. Só que o lugar delas é aqui e se a escola tivesse funcionando, o sorriso delas era maior. Aqui é o lugar certo desses alunos e a gente sente essa falha dos nossos governantes", enfatiza.

Deslocamento até a escola improvisada

“Eu tomo conta dessas crianças para a mãe, que é minha cunhada ir trabalhar e elas têm que caminhar até o Centro de Formação para estudar na Ciranda do MST ou tem que ir pra Socorro porque a Escola Paulo Freire continua fechada”, reclama a jovem Vitória Mariana Silva dos Santos.

A dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Sergipe (Sintese), em Nossa Senhora do Socorro, Adenilde Dantas visitou a escola provisória e disse ter ficado estarrecida. “Não tem estrutura nenhuma, as professoras não dão conta das crianças que ficam soltas e para piorar uma das turmas fica só com uma estagiária. Na cozinha, os mantimentos não são suficientes para a merenda”, denuncia.

Direção

Diretor José de Araújo: "O importante é que as crianças estão estudando"

O diretor garantiu que as obras da Escola Paulo Freire deverão ser concluídas em 30 dias. “A escola está em reforma desde setembro de 3013 e as obras estão paradas há quatro meses. A firma saiu e vai entrar a segunda que ganhou a concorrência e deve concluir as obras em 30 dias. Eu pedi um suprimento de fundo no valor de 10 mil reais à Secretaria de Educação para concluir e já está autorizado”, garante. Na manhã desta sexta-feira, a reportagem do Portal Infonet esteve no Centro de Formação do MST para verificar a situação do imóvel aonde as 32 crianças de 6 a 15 anos estão estudando. Na porta da escola, o diretor José Araújo da Paixão e três professoras observavam os alunos brincando embaixo de mangueiras.

Prédio onde  as aulas estão sendo ministradas

José Araújo disse ainda que além dos 22 alunos, a escola empresta uma sala para a Prefeitura de Socorro para o ensino às crianças do Infantil [seis anos]. “São 22 alunos e nós emprestamos uma sala para 10 alunos de Socorro que moram aqui em Quissamã e a escola municipal fica no Povoado Bita, a um quilômetro e meio, então elas estudam aqui por ser mais perto de casa. Temos três professores em regime multi-seriado para o Ensino Fundamental e o infantil”, explica.

Quanto às denúncias do Sintese, da falta de estrutura, o diretor foi enfático: “Essa escola se chama Paulo Freire e Paulo Freire orientava que se desse aula até embaixo de uma árvore se fosse possível, desde que não se parasse de dar aulas. A comunidade merece instalações boas, mas os meninos estão estudando nessa Ciranda emprestada pelo MST, com várias árvores, tudo muito arejado e uma área imensa pra correr. Evidentemente que não temos um prédio excelente, mas logo o outro vai funcionar com três salas reformadas, mais uma sala de vídeo, uma sala para reuniões, brincadeiras, um refeitório e banheiros separados para funcionários e alunos”.

                                                                                                       

Caixa d´água na entrada

Escola Paulo Freire em refoma desde 2013

Celso Nascimento: "O lugar das crianças é aqui na escola"

Vitória Mariana: "Reforma está demorando muito"

Por Aldaci de Souza                                                                                        

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