Berçários: estabelecimentos negam irregularidades

No dia 27 o promotor Fausto Valois ouvirá os proprietários em audiência no MPE (Foto: Arquivo Portal Infonet)

Após matéria veiculada pelo Ministério Público do Estado (MPE) citando 13 estabelecimentos de ensino da capital que estariam funcionando com irregularidades, a equipe do Portal Infonet entrou em contato com todos os berçários para saber os encaminhamentos.

A diretora do Berçário e Hotelzinho Primeiros Cuidados, Darleane Marques,  que é enfermeira ressalta que possui toda a documentação referente a alvará de funcionamento da prefeitura, atestados do Corpo de Bombeiros e da Vigilância Sanitária. A proprietária estranhou ser citada na lista do MPE já que em nenhum momento foi procurada por nenhum órgão responsável. Darlene salienta que esteve no Conselho Municipal de Educação de Aracaju (Comea)  e recebeu o prazo de 12e dias para que algumas adequações fossem feitas.

“Esse prazo ainda nem venceu. Como por motivos de saúde estarei fechando o berçário no dia 5 de outubro toda a reforma proposta como adequações nos banheiros e berçários, uma obra em torno de R$ 20 mil, não será feita. Porém fico chateada com a forma como os donos dos berçários foram citados sem que fossem procurados. Um dos berçários de referência é o Carinho da Mãe que foi citado e tenho certeza que não procede porque é um berçário com muito prestigio e de grande responsabilidade”, frisa.

A representante do berçário Babyleu Berçário e Hotelzinho, Jéssica Rocha, não escondeu a indignação ao ser informada sobre a citação do MPE. De acordo com Jéssica a informação veiculada foi ambígua e coloca em xeque o nome e credibilidade do estabelecimento.

“A reportagem do MPE foi ambígua, dando a entender irregularidades que na verdade não existe. Temos 28 anos de experiência e todos os atestados junto ao Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e alvará de funcionamento. A nossa principal preocupação é com os pais, o que eles estão pensando? Toda a documentação está fixada para que os pais saibam que trabalhamos com total regularidade. Obedecemos todas as normas. Hoje pela manhã após ter conhecimento dessa denúncia conversei com o vice-presidente do Comea que me orientou como proceder”, diz.

Jéssica Rocha concorda com o promotor de Justiça Fausto Valois em relação aos cuidados. “Uma coisa eu concordo com o Ministério Público os pais precisam tomar todas as precauções ao colocar seus filhos em um berçário, por isso que antes de tudo trabalhamos por amor. Não adianta abrir uma empresa e não ter amor. Aqui é uma empresa familiar. Não estamos trabalhando aqui porque é moda abrir hotelzinho ou porque dá dinheiro. Nós temos experiência e uma equipe qualificada formada por mim que sou fisioterapeuta, Edileusa Rocha conhecida como Tia Leleu que é pedagoga com especialização em educação infantil e Fernanda Rocha que é pedagoga também habilitada em educação infantil”, reforça Rocha, salientando que até o momento não recebeu nenhum aviso de reunião no MPE.

No Berçário Carinho de Mãe a reportagem da Infonet conversou com Andrea Bispo. Chateada e indignada com a exposição do nome do estabelecimento, Bispo foi clara ao ressaltar que o berçário além de completamente adequado, possui toda a documentação exigida pelos órgãos competentes como Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e Conselho de Educação. Andrea Bispo diz que a veiculação do nome do estabelecimento sem nenhuma visita ao prédio prejudicou o berçário. “Estamos com tudo regular. Não consigo entender como algo é feito dessa forma. Não fomos procurados, não recebemos a visita do Ministério Público. Nós andamos corretamente, somos pessoas sérias, esse é o investimento de uma vida”, desabafa.

“Trabalhamos há 18 anos no mercado, tudo é feito com transparência e amor, mas divulgaram o nome da gente sem noção. A reportagem do MPE fala de extintores, mas todo o berçário está adequado com extintores e sinalização adequada. Atuamos a mais de 18 anos no mercado. Todo o berçário possui câmeras. São 16 câmeras. Os pais são orientados a fazer visita a qualquer hora, porque agimos com transparência”, reforça.

A responsável pela parte administrativa do Jardim Escola Vila Verde, Marcela Freitas, também falou e disse que toda a documentação em relação a Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária foi adquirida quando da abertura do estabelecimento.

“Durante toda a manhã de hoje estamos tentando entrar em contato com Ministério Público, mas não conseguimos pelos números que constam no site. Queremos saber o que ocorreu para que nosso nome fosse citado. Fomos pegos de surpresa ao ter nosso nome citado, sendo que estamos adequados. As portas da escola estão abertas, mas não recebemos nenhuma fiscalização aqui”, fala. Marcela também salienta que não recebeu comunicado de reunião no MPE.

Já a diretora do Jardim Escola Vila Verde, Cristiana Maria Freitas Ramos, diz que esteve no Comea e que foi estabelecido um prazo até o final desse mês para que fosse encaminhado o projeto pedagógico. “Nós temos toda a documentação e nunca fomos notificados de nada. Temos alvará da prefeitura e do Corpo de Bombeiros e extintores em todos os lugares, além disso, fizemos todas as adequações. Quando abrimos a escola fomos ao Comea e eles pediram a proposta pedagógica que já está pronta, mas o prazo dado foi dia 30 de agosto”, reforça.

Pelo Cantinho Florescer Berçário e Hotelzinho Infantil, Sinara Menezes, destacou que toda a documentação da Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros e alvará da prefeitura está regular. “Quanto ao Comea, estive lá na semana retrasada e fomos informados da documentação que precisávamos. Estamos tranquilos porque não existe nada irregular”, afirma.

A equipe do Portal Infonet entrou em contato também com Bebê e Cia, mas o funcionário que atendeu a ligação, disse que a responsável não se encontrava. Deixamos o número da Infonet para que a proprietária entrasse em contato, mas até o fechamento da matéria não recebemos retorno.

Situação semelhante também foi registrada com o Hotelzinho Bebê Feliz e Denguinho da Mamãe. Em ambos, os responsáveis não estavam no momento que entramos em contato, mas deixamos o número da Infonet para que fossemos procurados.

A responsável pelo Hotelzinho Cantinho da Criança disse que não mais funciona e que há 15 dias pediu a prefeitura o cancelamento do alvará.

Por telefone, não conseguimos contatos com Pequeninos Hotelzinho e Berçario, Hotelzinho e Escola Bebê Conforto e Mamãe Coruja Berçario e Brinquedoteca. A Infonet permanece a disposição por meio do jornalismo@infonet.com.br ou (079) 21068000.

MPE

O promotor de Justiça Fausto Valois entrou em contato com o Portal Infonet e reiterou que não atendeu a ligação da Infonet porque estava concedendo entrevista. Tão logo, o promotor observou as ligações, retornou para a Infonet e esclareceu a matéria.

Fausto Valois explica que passou toda a manhã no MP e que permanece à disposição das instituições e dos pais para qualquer esclarecimento. “Entrei em contato com o professor Valtenio que estava a frente do Comea até ontem [15] e mais uma vez ele confirmou as ilegalidade. Nós recebemos um ofício do Comea falando sobre as ilegalidades do corpo jurídico e técnico das instituições. Como criança é prioridade absoluta nós convocamos as instituições e os pais para uma audiência que será dia 30 desse mês, às 11h, no Ministério Público. Todos serão oficializados pelo MP”.

O promotor ressalta ainda que na própria matéria [depoimentos acima] é possível perceber que ocorre ilegalidade. “Na própria matéria algumas instituições já indicam que têm pendências junto ao conselho. Estamos a disposição para auxiliar essas instituições para que sejam resolvidas as pendências que eventualmente existam junto ao conselho”, menciona.

Fausto Valois esclarece ainda que o objetivo do MP não é fechar nenhum estabelecimento, mas informar aos pais sobre a situação dos berçários.

“Os pais precisam saber qual local estão deixando os seus filhos e isso será feito com o cuidado que sempre tenho durante a audiência pública. É por isso, que nós chamamos as escolas para que sejam tratadas essas pendências que foram informadas por meio de ofício pelo Comea. Não existe radicalismo da nossa parte, mas a preocupação quanto ao local que os pais deixam os filhos”, reitera.

O promotor informa que a audiência foi reagendada em virtude de uma reunião com o Conselho Nacional de Educação que ocorrerá no dia 27 no Tribunal de Contas.

* A matéria foi alterada às 18h para acréscimo de informações

Por Kátia Susanna

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