Buarque critica municipalização da educação

Cristovão Buarque: ensino básico de responsabilidade do MEC (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

O senador Cristovão Buarque (PDT) não vê avanços no modelo adotado pelo governo federal para conduzir a política educacional no Brasil e vê equívocos na municipalização do ensino. Na ótica do senador, ao transferir para os municípios brasileiros a condução da educação básica, o governo acabou por atrelou o aprendizado à condição econômica de cada município.

Para o senador, a educação básica do Brasil deve está concentrada no Ministério da Educação (MEC). “É um equívoco não adotar as escolas. Sou a favor da criança brasileira ser brasileira e não municipal porque há uma desigualdade muito grande nos municípios”, justifica. “No Brasil, a criança é condenada conforme o município onde nasceu. Se nasceu em um município rico, com um prefeito que queira, ela pode vir a ter uma boa educação, mas se nasceu em um município pobre, mesmo que o prefeito queira, ela vai ter uma educação ruim e isto não está certo”, explica.

O senador está em Aracaju e ministrou palestra para os professores da rede municipal de ensino que participam do curso de gestão escolar promovido pela Prefeitura de Aracaju. Buarque elogiou a iniciativa da PMA, destacando a gestão como fator fundamental para a política educacional.

Incinerando cérebros

Professores assistem a palestra de senador

Para o senador, a atual política educacional compromete o aprendizado. “Basta dizer que só 40% termina o ensino médio e, deste, a metade do ensino médio é ruim, então incineramos cérebro”, diz. “Engraçado é que, corretamente, o Brasil fica furioso contra a queima de árvore na Amazônia. Não devia se queimar árvore, mas se queima cérebro e aceita isso porque cérebro não se vê como vê uma árvore pegando fogo”, comenta.

O senador vê erros graves da presidente Dilma Rousseff (PT) tanto na condução da polícia econômica no final do primeiro mandato quanto na campanha eleitoral de 2014, observando que a presidente errou por não perceber que as medidas “eleitoreiras” que teria adotado no ano passado culminaria com esta crise. “Gastar mais que o possível, insuflar o consumo no momento em que não dava porque o Brasil precisa de poupança, mas ela fez isso para ganhar a eleição”, diz Buarque, numa referência a um dos erros da presidente.

“E o segundo foi uma campanha baseada em mentiras. Baixar a tarifa de luz para ganhar a eleição. Ou ela sabia que depois da posse teria que subir [a tarifa] e aí é claro que o povo ia ficar com raiva ou não sabia, o que era incompetência”, destaca.

Impeachment

Senador é palestrante em curso de gestão

O senador reconhece que a econômica brasileira está em péssima situação e que politicamente o país está sem rumo, mas não defende o impeachment como alternativa. “Um país onde a juventude não tem utopia, os políticos não têm partidos e os poucos partidos não têm ideologia e a polícia está dentro da política. A política está se fazendo via justiça, houve judicialização”, comenta.

“O impeachment não é a saída, será uma entrada no novo tempo. O ideal é que se cumpra os quatro anos. É antipedagógico interromper o mandato no meio, daqui a pouco o eleitor vai dizer vamos votar em qualquer um porque se não prestar a gente tira e isso é ruim para o processo”, analisa.

Para Buarque, a presidente Dilma Rousseff está sem sustentação política. “A sensação é que não haverá impeachment, vai haver esvaziamento, uma anulação. É uma pena se isso acontecer, mas é inevitável se ela não for capaz de se refazer, como Itamar [Franco, ex-presidente] fez. Collor [Fernando, então presidente do Brasil nos anos 1990, que sofreu impeachment] saiu e Itamar fez um governo de coalizão, chamou todo mundo, trouxe novas propostas”, comenta.

Para a presidente Dilma Rousseff sobreviver politicamente, o senador sugere que ela tente modificar seus posicionamentos políticos. “Ela tem que se refazer e, aparentemente, ao invés de se refazer ela está se desfazendo a cada dia por decisões que ela toma equivocadas, mal feitas e sem passar confiança, nem ela nem os ministros”, diz.

Buarque: gestão é fundamental para a educação

O senador sugere que a presidente vá ao Congresso Nacional para pedir desculpas aos brasileiros, propor um governo de coalizão, sem privilegiar siglas partidárias para salvar o Brasil da crise. “O ideal, mas não sei se a gente vai conseguir, é que a presidente vá ao Congresso faça discurso dizendo eu não sou mais do PT, nem do PDT nem do PMDB, o meu partido é o Brasil, dizer que cometeu erros gravíssimos na condução da economia e na condução da eleição e pedir desculpas, dizer que tem um mandato a cumprir, que precisa de todos e tentar fazer um governo de todos e não do PT nem do PMDB”, sugere.

Apesar da sugestão, o senador não está otimista na reação da presidente Dilma Rousseff. “Não estou com esperança que ela faça isso porque nós falamos para ela. Um grupo de senadores deixou por escrito já faz quase um mês e nada foi feito”, revela.

Por Cássia Santana

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