Consulta pública para escolha do novo reitor é iniciada; UFS contesta

Eleições para escolha do novo reitor da UFS acontecem a cada quatro anos (Foto: Ascom/UFS)

As entidades acadêmicas representativas da Universidade Federal de Sergipe (UFS) iniciaram nesta terça-feira, 27, a consulta pública para a escolha do novo reitor e vice-reitor. O processo segue até a quinta-feira, 29, em todos os campi da instituição. Apesar de ser realizado há 40 anos, o processo eleitoral está envolvido em polêmica, já que baseada em uma nova resolução, a atual Reitoria desconsidera a consulta tradicional e fala em uma nova eleição cuja data ainda não está definida.

A consulta é realizada pelas entidades representativas da UFS desde 1984. Estas eleições acontecem por meio de uma consulta pública à comunidade acadêmica (alunos, professores ativos e aposentados e técnicos administrativos). Os mais votados são referendados pelos Conselhos Superiores da UFS e incluídos em uma lista tríplice, que é enviada ao Governo Federal. Cabe ao presidente da República nomear o reitor em conformidade com a decisão de professores, técnicos e alunos.

O formato tradicional e o novo formato adotado pela reitoria da UFS, por meio da Resolução Nº 44, de 2022, são motivo de desavença e polêmica. De um lado, a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (Adufs), o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação da UFS (Sintufs) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE), que alegam que o novo formato não é paritário e o consideram “um grave retrocesso à democracia”. Do outro, a reitoria da UFS que diz que o novo processo eleitoral contém a participação ativa de representantes da comunidade, sendo fruto de um trabalho coletivo.

A Adufs afirma que consulta pública é organizada de forma legítima e ética pelas entidades e que funcionou por quatro décadas como mecanismo para a legitimação das candidaturas e como estratégia de democratização das universidades. Para a associação, a nova resolução da UFS prevê uma consulta não paritária, que exclui os aposentados, com realização através do Sigaa, sistema integrado da universidade é controlado pela reitoria, sem a garantia de uma auditoria independente.

“Essa é a primeira vez, em 40 anos, que teremos uma ‘consulta’ institucional, que não é paritária e na qual os aposentados não votarão. Um grave retrocesso à nossa democracia. Uma afronta à tradição acadêmica do debate de ideias. Há candidaturas que se anunciam sem passar pelo crivo dos debates e das eleições promovidas pelas entidades, ignorando décadas de construção coletiva, apegando-se à letra fria da lei como justificativa para viabilizar suas candidaturas”, explicou, por meio de nota, a professora Josefa Lisboa, presidente da Adufs.

Consulta acadêmica

A consulta pública organizada pelas entidades acadêmicas acontece nos dias 27 e 29 no campus Itabaiana. Já nos dias 28 e 29, acontece nos campi Lagarto, Laranjeiras, Nossa Senhora da Glória, Aracaju (Hospital Universitário) e São Cristóvão.

Estão nesta disputa, a Chapa “Ensino e Liberdade”, liderada pelo professor David Soares (Departamento de Matemática) e pélo professor Alan Almeida (Departamento de Matemática – Itabaiana); e a Chapa “UFS da Gente”, formada pelo professor André Maurício (Departamento de Física/São Cristóvão) e pela professora Silvana Bretas (Departamento de Educação – São Cristóvão).

O que diz a UFS?

Em matéria publicada em seu site oficial na última segunda-feira, 26, a UFS explica que consulta pública institucional é a única forma legítima de eleição para os cargos da reitoria. A instituição também diz que a pesquisa organizada pelas entidades reflete o interesse em promover a participação da comunidade, mas não se sobrepõe à consulta oficial da UFS. “Se faz necessário ressaltar que não existem duas eleições para reitor e vice. As pesquisas paralelas não possuem respaldo normativo e, portanto, não influenciam o resultado oficial da eleição”, destacou a universidade.

A UFS também detalhou que deu início em julho ao processo eleitoral. Segundo a instituição, a primeira fase do processo já foi concluída, com a eleição da comissão eleitoral, responsável pela definição do calendário eleitoral e as regras do processo. Na matéria, a UFS ressaltou que ainda não há data para a eleição a ser realizada em todos os campi e informa que quando o cronograma for definido, haverá inscrição das chapas e em seguida a consulta à comunidade acadêmica.

“Pela primeira vez, a escolha da comunidade acadêmica será oficialmente referendada pelos Conselhos Superiores da Instituição para a composição da lista tríplice a ser enviada ao Ministério da Educação (MEC). O processo eleitoral foi normatizado no ano de 2022 pela resolução nº 44, com participação ativa de representantes da comunidade na definição das normas, formalizando a consulta pública”, destacou.

Por Carol Mundim e Verlane Estácio

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