Quadra se transformou em um pântano
A entrada do Caic Neuzice Barreto já denuncia a situação de miséria pela qual passam as crianças e os funcionários da Escola Municipal José Antônio da Costa Melo, localizado no local. Crianças de colo acomodadas em espaços insalubres. Ainda na porta do berçário, uma casa de abelhas. Dentro, bacias para as goteiras, berços enferrujados, colchões danificados, paredes e pias sem as mínimas condições de uso. Ao lado, matagais e lagoas servem de criadouros dos mosquitos que sobrevoam as salinhas apertadas e escuras e atacam os pequenos sem piedade. A Justiça determinou a interdição e as crianças terão de ser transferidas.
Uma situação que vem chamando a atenção do Ministério Público Estadual há vários meses que já havia pedido a interdição. Na última terça-feira, o
promotor de Educação, Luiz Fausto Valois e os juízes José dos Anjos e Edno Ribeiro constataram de perto o descaso para com a vida das dezenas de crianças assistidas. Entrada da escola denuncia a situação
No final da vistoria a decisão do Termo de Inspeção Judicial: o município deve isolar a área onde funciona a Escola Neuzice Barreto de toda a área da Escola José Antonio da Costa Melo, eliminar as goteiras nas salas de aula, remover basculantes, portas ou outros objetos inseguros, que possam provocar acidentes nas crianças, professores e funcionários, eliminar foco de abelha na área interna e fazer o capinamento de toda a área.
Isso além de abrir um acesso exclusivo pela avenida Pedro Calazans, num prazo de oito
dias sob pena de multa diária de R$ 500 até o limite de 30 dias e se não atendido a ampliação do valor da multa e do número de dias ao município e à Secretaria Municipal de Educação. Nem o busto da homenageada foi poupado e placa desaba
Entre a cruz e a espada
As mães [preferem não ser identificada até mesmo temendo a perda da vaga dos pequenos], afirmam estar entre a cruz e a espada. “Nós viemos para uma reunião na última sexta-feira, 11 e ficou decidido que nossos filhos vão para a escola Garcez Vieira, no Siqueira Campos. Sabemos que também não vai ser fácil nem pra gente, pois vai ficar mais longe do local de trabalho e nem para eles, que vão se juntar aos de lá. Só que a gente não tem outra opção. Nossos filhos estão sofrendo aqui, mas a gente antes não tinha
onde deixar”, afirma a doméstica Maria Rita [nome fictício] mãe de uma menininha de seis meses, visivelmente picada por mosquitos. Bebês não podem engatinhar
“Nós tivemos lá junto com o juiz Dr. José dos Anjos. A situação salta aos olhos. Uma placa que pode se desprender a qualquer momento, um matagal de mais de meio metro de altura, a quadra se transformou em uma piscina de pólo aquático. Para chegar até as salas, as crianças, as mães, professoras e funcionários, precisam atravessar todo o pântano e passar por um verdadeiro tapete de vidro [devido às lâmpadas fluorescentes quebradas]. O risco de cortes é diário. Sem contar que na porta de um dos berçários, tem um foco de abelhas. Meu Deus, são vidas em jogo”, desabafa com os
olhos marejados. Goteiras por todos os lados das salas
Sem luxo
O promotor Luiz Fausto, um dos ferrenhos defensores de que uma decisão urgente precisa ser tomada no Caic Neuzice Barreto, foi enfático ao afirmar que a ação do Ministério Público em solicitar a interdição imediata não visa luxo. “Nós não estamos defendendo uma escola com supérfluos, mas que garantam às crianças assistidas, a segurança, o direito à vida e a integridade física de todos. Com a decisão após a última inspeção, afirmo que o Dr. José dos Anjos, honra a toga que usa. Ele foi muito feliz em fazer essa inspeção, tendo uma realidade da situação que está saltando aos olhos”,
entende Dr. Fausto Valois. Na cozinha a situação é deplorável
De mãos atadas
Na pré-escola e na creche, a revolta dos servidores é geral. “A gente não quer ser identificado, mas não pode ficar calado diante de uma situação dessas. Quando podemos, compramos repelentes para as crianças para evitar a agressão dos mosquitos. Veja como as salas estão danificadas. Os ventiladores foram roubados e as crianças são obrigadas a ficar presas nos bercinhos, pois o piso está estragado e os bebês não podem engatinhar, para não se cortar. A gente fica de mãos atadas, sem poder fazer nada por eles”, lamenta uma das educadoras.
Decisão cumprida As panelas estão inutilazáveis
Na assessoria de Comunicação Social da Secretaria Municipal de Educação, a informação é de que em cumprimento a decisão da Justiça, as crianças começam a ser transferidas para a Escola Municipal de Educação Infantil José Garcez Vieira, localizada na Praça Dom José Tomaz, bairro Siqueira Campos. A assessoria informou que são 47 alunos da creche, mais 23 da pré-escola que irão para o Garcez Vieira. E que em reunião entre as mães e a secretária Tereza Cristina Cerqueira, na última sexta-feira, 11, a secretaria colocou ônibus a disposição para as mães que quisessem visitar a José Garcez e todas ficaram satisfeitas.
Na escola José Garcez Vieira, a informação é de que ali já
são assistidas cerca de 250 crianças, tanto na creche quanto na pré-escola. Promotor Fausto Valois: “Ação do MPE não visa luxo”
Reforma
A permanência das crianças no novo espaço é por tempo indeterminado, já que a reforma no Caic Neuzice Barreto não começou. Ainda na Assessoria de Comunicação da Semed, a reportagem do Portal Infonet foi informada de que a ordem de serviço para a reforma foi dada em 17 de maio de 2010 e que a secretária Tereza Cristina Cerqueira está se reunindo com a assessoria tecnológica da Semed para definir o calendário de início das obras.
Por Aldaci de Souza
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