![]() |
Fernanda solidária a parentes e amigos da vítima (Fotos: Portal Infonet) |
No mesmo horário que ocorreu a tragédia com a jovem Daniele Bispo dos Santos, de 28 anos, que foi assassinada pelo ex-companheiro dentro do restaurante da Universidade Federal de Sergipe (Resun), estudantes reunidos lamentaram a violência. O sentimento de indignação, medo e revolta levou a estudante de medicina, Fernanda Monteiro, a confeccionar um cartaz que chama a atenção para a violência contra a mulher. “Eu não sou dona de ninguém e você também não!”.
Para a estudante, o crime pode atingir a todos e deve ser encarado como uma forma de repensar o sentimento de posse. “Realmente estamos aqui na UFS em uma situação vulnerável à violência. É fato que a segurança é falha, mas este crime deve nos levar a pensar que ninguém é de ninguém. A comunidade estudantil ainda é muito imatura em relação a essas questões. É preciso sermos solidários com parentes e amigos de Danielle. Ela com certeza é amada pelos seus parentes e por quem a conhecia, foi uma vida”, reforça.
![]() |
Samuel Almeida Lins |
O estudante de jornalismo, Samuel Almeida Lins, analisa que o crime expõe a questão do machismo. “Não estava aqui no momento do crime, mas a questão envolve muito mais que a falta de segurança dentro da universidade é uma ideologia machista que trata o homem como sendo o dono do corpo e da vida da mulher. Infelizmente essa violência ocorre com milhares de vidas. Acredito que é preciso dentro da universidade abordar em seminários sobre a violência física e psicológica”, acredita.
Baruc Carvalho Matias, também estudante de jornalismo, salienta que a universidade poderia montar um pronto atendimento para os estudantes, independente do serviço do Samu. “A universidade tem que se abrir mais para a comunidade oferecendo junto aos cursos da área da saúde atendimento médico e de enfermagem com a comunidade acadêmica e os moradores da região. É uma forma da universidade integrar esses alunos e professores com a comunidade e discutir no âmbito da universidade como ampliar os debates”, frisa o estudante que critica o fato do reitor até o momento não ter se pronunciado.
“Um crime ocorreu dentro da universidade e até o momento o reitor não veio conversar com a comunidade acadêmica e nem as aulas foram suspensas”, questiona.
![]() |
Baruc cobra posição do reitor |
Em relação a segurança na universidade a assessoria de comunicação da UFS esclarece mais uma vez que o fato é isolado por se tratar de um crime passional. A responsável pela assessoria de comunicação, Messiluce Hansen, enfatiza que no momento do ocorrido existiam seguranças da universidade na porta do restaurante.
“O fato ocorreu na cozinha do Resun que fica nos fundos e neste momento já existiam seguranças na parte da frente do restaurante. Havia seguranças no local que chegaram muito rápido, mas é preciso entender que foi um ataque muito violento. O Samu agiu de forma rápida, a polícia civil também e os seguranças. O professor Mário Adriano, que é médico, prestou os primeiros socorros. Mas não sabemos como ele entrou, vamos aguardar a investigação da polícia”, salienta a assessora que esclarece que estão esquecendo de analisar a violência como um crime passional.
“É uma questão de violência contra a mulher que infelizmente ocorreu no âmbito do trabalho dela. A universidade não está isolada da sociedade e do seu entorno. Este foi um acontecimento isolado de um crime passional que toda a universidade esta em clima de comoção”, lembra.
Em relação a suspensão das aulas, a assessora reforçar que a decisão cabe ao reitor e ao pró-reitor, mas reitera que o Resun fechou as portas e que na tarde de hoje o reitor estará reunido para discutir medidas sobre a segurança da comunidade acadêmica.
“A comunidade não estava correndo risco e a decisão de suspender as aulas é muito grave, afetando todo o calendário acadêmico de eventos que estão em andamento”, disse a assessora que acrescenta ainda que hoje pela manhã o reitor estava em audiência, agendada há 15 dias, em Laranjeiras.
Por Kátia Susanna