O procedimento investigativo instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF) continua levantando, junto a Universidade Federal de Sergipe (UFS), as denúncias recebidas que indicam fraudes de cotas raciais para entrada na instituição. De acordo o MPF, mais de 180 denúncias foram feitas de forma oficial na ouvidoria da universidade.
O assunto teve origem através de um perfil criado no Twitter, no início do mês de junho, em que pessoas divulgaram dados e informações de universitários que se declararam negros e conquistaram as vagas na instituição por meio da política de cotas, embora as características físicas aferíveis mostrem que se tratam de pessoas brancas.
Após conhecimento do caso, o MPF oficiou a UFS para que as informações fossem apuradas. Segundo o órgão federal, a UFS respondeu o ofício afirmando que “adotaria os mesmos trâmites de encaminhamento e procedimentos de composição de banca específica de avaliação, com análise documental e posterior entrevista, emissão de parecer e prestação pública de contas quanto ao posicionamento da UFS em relação a cada caso e com a garantia de representação e ampla defesa por parte dos alunos em que tal finalização se torne necessária”.
O MPF informou ainda que vai promover uma reunião com a UFS e com movimentos sociais que lutam pela causa negra no Estado de Sergipe para alinhar os trabalhos de apuração. O MPF quer saber, por exemplo, se a UFS fará entrevistas com os alunos envolvidos nas denúncias, e se isso ocorrerá de forma remota ou presencial. Nossa reportagem questionou qual o atual panorama da investigação a Universidade Federal de Sergipe, mas nossa reportagem ainda não obteve um retorno da instituição.
Antes do caso ganhar publicidade, o MPF explica que em em 2019 já havia emitido recomendação à UFS e IFS para criação de comissões para fiscalizar a seleção de alunos por cotas raciais. Segundo o órgão, “o IFS acatou a recomendação e a UFS assinou um termo de ajustamento de conduta sobre o tema”, disse em nota. O órgão ainda complementou que “reafirma o seu compromisso com a sociedade de apurar todas as denúncias recebidas sobre fraude em cotas raciais, promovendo, em caso de confirmação, as ações judiciais cabíveis, nas quais devem ser garantidos o direito de ampla defesa e contraditório, previstos na Constituição Federal”, finalizou.
Por Ícaro Novaes
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