Ensino médio pode ser extinto no Ipaese por falta de recursos

Sede do Ipaese ( Foto: Arquivo Portal Infonet)

Os professores do ensino médio do Instituto Pedagógico de Apoio à Educação do Surdo de Sergipe (Ipaese) estão em greve desde a terça-feira, 17, em protesto ao atraso no pagamento dos salários. A instituição alega ter valores a receber do Governo do Estado, através de parceria firmada, mas que esses valores ainda não foram liberados. A manutenção do ensino médio para o próximo ano depende da continuidade da parceria com o Estado.

A diretora presidente do Ipaese, Ana Lúcia Nunes, explica que existe uma parceria firmada entre a Secretaria de Estado da Educação, Esporte e Cultura (Seduc) e a instituição, através de termo de fomento com validade de um ano encerrado em junho de 2019. A questão, segundo a presidente, é que o recurso não foi totalmente repassado.

“De 12 parcelas recebemos apenas três. A secretaria de educação pede que seja feita a prestação de contas de parcela por parcela, mas enquanto não é feita a prestação de contas de tudo, eles não liberam o valor, mas a lei nº 13.019, que trata das parcerias entre entidades da sociedade civil e o Governo, não diz isso, diz que os repasses devem ser liberados conforme cronograma de atividades da instituição”, aponta.

Ana Lúcia conta que muitas atividades programadas deixaram de ser cumpridas na instituição porque dependiam do recurso, incluindo, o pagamento dos professores do ensino médio. “Nós temos parcerias com prefeituras que custeiam as despesas do ensino fundamental, e da parceria com o Governo pagamos prioritariamente o salário dos professores do ensino médio. Nós conseguimos com recursos próprios manter o funcionamento da instituição, mas pela falta dos repasses estamos há dois meses sem conseguir pagar salários aos professores que paralisaram as atividades”, afirma.

Outra situação apresentada pela instituição é a possibilidade de não manter em 2020 o ensino médio no Ipaese. De acordo com Ana Lúcia, a continuidade do serviço só será possível se nova parceria for firmada com o Governo de Sergipe. “Os pais estão muito preocupados com essa possibilidade, mas infelizmente se não tivermos parceria, não podemos continuar com o ensino médio. Os pais dos alunos são extremamente pobres e não podemos cobrar deles, mas e se não tivermos ajuda não podemos continuar o serviço. O Ipaese é a única escola de educação bilíngue para surdos em Sergipe e uma das poucas no Nordeste”, diz.

Inclusão

Ana Lúcia afirma que infelizmente no ensino público não há inclusão dos surdos. Ela explica que o Estado contrata intérprete de libras para atuar nas salas de aula das escolas públicas, mas que a maioria dos surdos não sabem libras. “A maioria dos surdos são criados em família de ouvintes, então é na escola e no convívio com outros surdos que eles aprendem libras. No Ipaese a disciplina de libras é inserida na educação dos alunos em todas as séries, durante todo o processo educacional. Como somos uma escola bilíngue, os alunos têm libras como língua principal e o português escrito como segunda opção. Todas as disciplinas são ensinadas em libras e português escrito”, ressalta.

A presidente relata que recebe muitos jovens surdos de escolas públicas para iniciar o ensino médio no Ipaese que não sabem sequer escrever o nome. “Isso mostra que da forma que está sendo feito não funciona. Há alunos que não sabem resolver uma operação matemática e outros nem escrever seu nome, isso é um absurdo. Montamos o Ipaese há 20 anos porque vimos que nas escolas tradicionais nossos filhos estavam sendo enganados de que estavam aprendendo e não se desenvolviam. O Estado lançou agora edital para contratar interpretes de libras, porque ele entende que essa escola inclusiva é adequada, mas não existe inclusão, não existe compromisso real do Estado com os surdos”, lamenta.

Seduc

A Seduc informa que o convênio que tem duração de 12 meses e venceu em 13 de julho. Foram feitos três repasses, e segundo a secretaria, a prestação de contas da instituição está em análise, e assim que for concluída, será pactuado um novo convênio. A Seduc informa ainda que o Ministério Público Estadual (MPE) está acompanhando o termo de fomento firmado entre o Governo e o Ipaese.

Por Karla Pinheiro

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