O litoral brasileiro tem mais de 7 mil quilômetros de extensão, entre muitas formações, como belíssimas praias e ricos mangues, abrigando importantes e biodiversos bens territoriais. Entretanto, mais da metade disso tem sido gradativamente destruída, seja pelo acúmulo de sedimentos, ou pela erosão, uma perda de sedimentos do solo, provocada por agentes naturais como a água, o vento e outros eventos.
Esses processos se intensificam com a ação humana e atingem hoje cerca de 60% do litoral brasileiro, de acordo com o livro Panorama da Erosão Costeira no Brasil, lançado 2018 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) do Brasil. A linha de costa, que é a linha que faz a separação entre o mar e a terra se origina de um processo espontâneo da natureza, somado às intervenções humanas, podendo haver implicações quando essas atividades se dão indiscriminadamente e sem planejamento. Esse tema gera preocupação de cientistas no mundo todo e estudos são feitos para obter dados sobre a erosão costeira e seus impactos.
O pesquisador João Paulo Santos fez um mapeamento e analisou a linha de costa do litoral sul de Sergipe, mais especificamente, das praias do Saco, do Abaís e da Caueira. “Em uma comparação com o cenário mundial, as praias do sul de Sergipe apresentaram trechos com erosão extrema, mesmo não experimentando eventos de tempestade ou elevação do nível do mar”, afirma.
O cenário mais grave é na praia do Saco, cujo comportamento da linha de costa foi de erosão extrema, erosão e acresção (avanço da linha de costa). A praia do Abaís apresentou trechos em estabilidade e acresção, e a praia da Caueira mostrou comportamento de estabilidade, erosão e erosão intensa.
João Paulo explica que nas últimas décadas tem sido muito enfatizada a erosão nos locais analisados. “Desde 2007 as perdas por erosão começaram a ser noticiadas no litoral sul de Sergipe. A partir desta data, órgãos públicos e moradores locais têm feito esforços para conter essas perdas por erosão. Em 2018, um caso bastante agravante foi relacionado à Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, localizada na praia do Saco. Neste local, os órgãos públicos tiveram que realizar medidas emergenciais para conter o recuo da praia que está ameaçando destruir a capela”, conta.
O material analisado agora faz parte do acervo do LACMA, vinculado ao PGAB-UFS. Além disso, foram feitas visitas de campo nestas praias durante o período da pesquisa para avaliar a situação das perdas por erosão. A análise do comportamento da linha de costa possibilitou quantificar e estimar, em porcentagem, quais trechos, dessas praias, estariam experimentando erosão, acresção e quais ficaram em estabilidade. Os dados dessa análise foram constatados pelos registros das visitas de campo. Com isso, foram apontados os problemas em consequência da junção da erosão com atividades antrópicas e, também, trouxe propostas para auxiliar nos problemas encontrados.
O pesquisador explica ainda que seu trabalho, além de caracterizar os indicadores e estágios de erosão, realizou um cálculo da taxa de variação da linha de costa do período de 1971 até 2017. “Esse cálculo permite estabelecer, em metros por ano, o quanto erodiu e o quanto ‘progradou’ nessas praias”, comenta, acrescentando que em Sergipe há poucos dados e quase nenhuma pesquisa voltados para o assunto.
João Paulo ressalta que nas últimas décadas tem sido muito enfatizada a erosão nos locais analisados. “Desde 2007 as perdas por erosão começaram a ser noticiadas no litoral sul de Sergipe. A partir desta data, órgãos públicos e moradores locais têm feito esforços para conter essas perdas por erosão. Em 2018, um caso bastante agravante foi relacionado à Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, localizada na praia do Saco. Neste local, os órgãos públicos tiveram que realizar medidas emergenciais para conter o recuo da praia que está ameaçando destruir a capela”, diz.
Drones e imagens de satélite para documentar
O trabalho foi realizado através de um mapeamento da linha de costa das praias utilizando fotografias aéreas e imagens de satélite, do período de 1971 até 2017. O período escolhido deve-se a alguns fatores, como o fato de que as fotografias dos anos anteriores não estavam em escala satisfatória. Além disso, permitiu observar o avanço da ocupação nessa área.
Fonte: Ascom/UFS
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