Professores, estudantes, técnicos, administrativos e residentes da Universidade Federal de Sergipe (UFS) realizam um ato em frente ao campus de São Cristóvão contra os cortes nas verbas da educação e contra a reforma da previdência. As atividades estão paralisadas em todos os campi do estado e a greve faz parte da mobilização nacional.
O presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (Adufs), Airton de Paula Souza, explica que a convocação para greve de hoje precede ao corte de verbas, foi uma convocação da Confederação Nacional contra a reforma da previdência e uma preparação para greve geral marcada para o dia 14 de junho.
“Unimos as duas causas, o corte das verbas e a reforma da previdência, e aderimos a esse movimento nacional. Cortar 30% das verbas da educação que já está precarizada é liquidar com o ensino público e jogar a educação nas mãos das empresas privadas. Defendemos a Constituição de 88, queremos que os direitos da previdência dos trabalhadores sejam mantidos, porque a reforma da previdência só retira direitos, não vai aumentar investimentos, não vai gerar empregos, vai apenas jogar a classe média no colo dos bancos incentivando as previdências privadas”, aponta.
A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação da UFS (Sintufs), Juliana Cordeiro, conta que esse é o momento de toda a sociedade unir forças contra o corte de verbas da educação. “Toda a sociedade está do nosso lado porque entendem que é um absurdo o que querem fazer com o ensino público. Essa é a hora de alunos, familiares, trabalhadores lutarem contra isso. Além dos cortes, o ministro Onyx Lorenzoni denegriu a imagem da UFS falando o que ele não sabe, são 50 anos de história que não pode ser destruída dessa forma”, aponta.
O pró-reitor de pós-graduação e pesquisa da UFS, Lucindo Quintans, explica que a UFS está na 36º colação das universidades produtoras de ciência, segundo o MEC, e ocupa o 27º lugar entre as universidades federais. Os cortes prejudicam pesquisas que estão em andamento como a do câncer, dengue, chikungunya, violência contra mulher, segurança pública, ou seja, pesquisas em diversas áreas.
“ Esse corte anunciado representa um prejuízo de uma década para a universidade e a UFS é a única universidade pública do estado, isso é surreal. 90% de toda ciência gerada no estado vem da UFS, os cortes inviabilizam os investimentos no estado, não vai se produzir conhecimento novo, seremos mais atrasados nacionalmente e internacionalmente também”, afirma.
Nos últimos 15 anos, segundo Lucindo, a UFS pulou de 300 para 1.200 doutores, o que significa um grande avanço, mas que a partir de agora está comprometido. “A pós-graduação é responsável por 85% dos 90% de toda ciência gerada no estado, e com esse corte representa um prejuízo anual de R$ 10 milhões para o estado, porque com o corte das bolsas, as pessoas deixam de consumir, o que é péssimo para economia”, aponta o pró-reitor.
HU
Funcionários e residentes do Hospital Universitário da UFS (HU-UFS) também participaram do ato. Carlos Adriano Santos é residente de Farmácia no HU e afirma que os cortes anunciados não prejudicam apenas os estudantes e funcionários, prejudicam principalmente a população que utiliza os serviços do HU.
“ Nós temos duas incertezas. Nossa residência é custeada via bolsa paga pelo MEC, tralhamos no HU de forma integral, cerca de 12 horas por dia, e nossa renda são as bolsas. O que vai acontecer com as bolsas? Outra questão é como ficará as atividades dos hospitais universitários? Como fica a compra de insumos, dos medicamentos de alto custo e o pagamento dos funcionários? Seremos prejudicados, mas sem dúvida a população é quem sairá mais prejudica, porque hoje 90% das pessoas atendidas no HU são carentes. Foi inaugurado o serviço de oncologia, e como será mantido sem verba?” questiona.
IFS
Os professores, alunos e técnicos do Instituto Federal de Sergipe também paralisaram as atividades. De acordo com o diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE), Jorge Júnior, se acontecer mesmo os cortes, os IFS pode fechar as portas em setembro. “Há uma planilha pública, o próprio Instituto já informou que não terá orçamento para manter os campi funcionando, não terá como pagar funcionários, energia, internet, água, coisas básicas. Sem contar com os alunos que precisam das bolsas para pagar sua alimentação, seu transporte, e com o corte de bolsas ficará inviável para muitos estudantes”, conta.
Todos os alunos, professores e funcionários do IFS, UFS e HU participarão do ato que acontece às 14h na Praça General Valadão com outras categorias.
Por Karla Pinheiro
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