Inauguração de campus depende da agenda do presidente

Obras devem ficar prontas nas próximas semanas
A inauguração do campus da Universidade Federal de Sergipe (UFS), em Laranjeiras, estava marcada para acontecer no final do mês passado. Entretanto, as obras de reforma do Quarteirão dos Trapiches, onde o campus será instalado, ainda não estão concluídas. A previsão agora é que as aulas comecem a ser realizadas nos novos prédios no início de maio. Embora, a inauguração ainda dependa da agenda do presidente Lula, pois é do interesse do Governo do Estado que ele participe da solenidade. Enquanto isso, os estudantes continuam alocados no Caic do município, convivendo com uma série de problemas.

Salas quentes, corredores apertados, fiação elétrica exposta, cadeiras velhas, poucos livros, carência de material específico para os cursos e inexistência de laboratórios. Esta é a realidade dos alunos dos cinco cursos – Teatro, Arqueologia, Dança, Museologia e Arquitetura – oferecidos no campus de Laranjeiras.

Corredor onde funciona lanchonete é apertado
“Estou nesse campus desde o início, há dois anos, e a situação aqui continua precária”, explica a estudante de Arquitetura, Karen de Jesus. Ela faz parte do Centro Acadêmico do curso e enumera outros problemas existentes. “Não temos restaurante universitário, o transporte é muito caro, faltam professores para todas as disciplinas e a água dos bebedouros é de péssima qualidade”, adverte a estudante.

Em contrapartida, o diretor do campus, Airton Batista, prefere destacar as melhorias que virão com a inauguração dos novos prédios. “Nos novos prédios teremos salas amplas e adequadas para os cursos, laboratórios estruturados e um teatro-escola”, informa ele. Sobre o restaurante universitário, o diretor argumenta que a tendência é de extinção dos restaurantes nas universidades. “O governo federal não realiza concurso para profissionais da área e por isso, existe um déficit de cozinheiros, chefes e serventes, o que está acarretando o fim desses restaurantes”, explica Airton.

Karen de Jesus, estudante de Arquitetura
“A água disponível para os alunos é a mesma que chega às torneiras dos moradores de Laranjeiras. É água tratada e própria para o consumo”, afirma o diretor do campus. Mesmo assim, a aluna Karen revela que todos os estudantes optam por comprar água mineral. “A água da cidade possui uma quantidade maior de calcário, mas ainda assim é potável”, reforça Airton Batista, que mesmo “confiando” na potalidade do líquido, possui em sua sala um bebedouro de água mineral.

Evasão e expansão

Karen de Jesus afirma que muitos alunos já desistiram dos cursos por causa dos gastos excessivos. “Só de transporte público, o estudante precisa pagar R$ 1,95 para chegar até o terminal do centro de Aracaju. Lá, ele gasta mais R$ 2,10 com o ônibus que vem para Laranjeiras.

Estudantes reclamam de água de bebedouro
E paga os mesmos valores para retornar a Aracaju ao final do dia. Além disso, paga mais R$ 4,50 de almoço e ainda gasta com água mineral e Xerox”, elenca a estudante.

“Como criar um processo de expansão sem oferecer as condições mínimas para que o estudante faça a graduação?”, questiona Karen, ao afirmar que mais de 90% dos estudantes do campus são de Aracaju e não de Laranjeiras. “Esse processo de interiorização é falacioso”, afirma ela.

Para o diretor da unidade, “o campus de Laranjeiras é um dos mais bonitos do Brasil”. Foram investidos mais de R$ 3,9 milhões nas obras de recuperação do quarteirão. “A área estava completamente destruída. Poucas estruturas foram reaproveitadas, mas ainda assim, foi mantido o projeto arquitetônico inicial”, salienta Airton Batista.

Airton Batista, diretor do campus
Ocupação

Como forma de protesto, os estudantes de Laranjeiras ocuparam o prédio da reitoria, no ano passado e durante quinze dias fizeram reivindicações ao reitor da UFS. “Após essa ocupação, muita coisa melhorou, como a instalação de uma sala de Xerox, abertura de uma lanchonete e elevação do valor da bolsa residência”, afirma Karen.

Ainda assim, o desconforto decorrente do espaço onde as aulas acontecem e a falta de estrutura ainda permanecem para os estudantes. E mesmo diante dos problemas, a inauguração dos seis novos prédios que integram o campus vai depender da agenda do presidente Lula. De acordo com o reitor da UFS, Josué Modesto, a obra é de responsabilidade do Estado e por isso, não compete à reitoria decidir sobre a inauguração do campus. “A agenda do presidente é muito concorrida e é do interesse do Governo que Lula participe da inauguração”, afirma Josué.

Por Valter Lima

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