Internet: a nova arma política do século XXI

(Foto: Divulgação)

Nos últimos tempos a Internet se tornou um território de combates políticos. A ampliação da rede mundial que conecta milhões de computadores, assim como suas facilidades – circulação rápida de informações, e ausência de restrições – evidenciam os limites dos Estados diante das novas tecnologias da informação.

Diversos países têm tentado a todo custo controlar o fluxo de informações que circulam na web. Na China, por exemplo, os serviços de internet e telefonia móvel foram cortados na província de Xinjiang em 2009, durante rebeliões antigovernamentais. Também em 2009, o governo do Irã proibiu o acesso à internet em algumas regiões do país por motivos políticos. Mais recentemente, no dia 28 de janeiro de 2011, o ex-presidente do Egito Hosni Mubarak, recorreu ao mesmo expediente dos governos chinês e iraniano. Numa tentativa de eliminar a reprodução de mensagens de apoio aos protestos populares contra sua gestão, Mubarak bloqueou o acesso de 80 milhões de pessoas à internet.
Entretanto, governantes e partidos políticos não buscam manter sua soberania apenas através de recurso a projetos que restrinjam e/ou bloqueiem o acesso à Internet. Eles também se valem de outra estratégia: utilizam a web a seu favor. O presidente da Venezuela Hugo Chávez foi, por anos, uma das últimas pessoas do mundo que poderia participar das redes sociais. Durante quase uma década, Chávez criticou com afinco a utilização da Internet, considerando terrorista qualquer um que utilizasse sites como o Twitter para criticar seu regime. Entretanto, como a oposição venezuelana começou a usar o Twitter, o governante mudou de ideia.

Em abril de 2010, surpreendendo grande parte da população do país, Chávez iniciou uma conta no Twitter. Pouco mais de 24 horas após se inscrever no “microblog”, o presidente venezuelano já possuía 50 mil seguidores e, em apenas um mês, ganhou mais de 500 mil, tornando-se um dos políticos mais populares do mundo. Alguns dias depois de iniciar sua conta no site, Chávez negou que o Twitter era apenas uma distração temporária para ele. Em seu programa de TV “Alô Presidente”, afirmou que a  rede social era a sua “arma secreta” e que a internet deveria ser utilizada para a batalha ideológica. Na web, o governante sustentou a mesma opinião ao twittar, em 18 de dezembro de 2010, a seguinte frase: “La Revolución Bolivariana comprometida con el conocimiento, la ciencia y la tecnología! Seguimos creciendo en Internet!”.

Diferindo de muitos regimes atualmente contestados, o “socialismo bolivariano” de Chávez tem preferido meios mais suaves de intervenção e controle, tentando evitar os métodos severos utilizados pelos governos chinês e iraniano. Quando o assunto diz respeito às redes sociais, a escolha de Chávez não foi entre a censura e a liberdade de expressão, mas entre ficar totalmente de fora da web – e assim arriscar perder o controle de conversas on-line – e tentar introduzir-se no mundo virtual para propagar sua ideologia.

A grande dimensão dos problemas que envolveram crises como a do Egito, assim como a inserção de governantes no mundo virtual, a exemplo de Hugo Chávez, revelam que a Internet tornou-se uma ferramenta política extremamente eficiente, que ocupa o papel estratégico anteriormente exercido pelos jornais, rádio e televisão, e que viabiliza tanto o fenômeno político das explosões de descontentamento popular, como a disseminação de propagandas governamentais ou mesmo o monitoramento de conversas on-line pelas autoridades vigentes. Por razões como estas, a Internet firmou-se como a mais instigante arma política do século XXI.

*Luyse Moraes Moura é graduanda em História pela Universidade Federal de Sergipe integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/CNPq/UFS), orientada pelo Prof. Dr. Dilton Maynard (DHI/UFS). Bolsista PIBIC/CNPq. Apoio: FAPITEC (Edital 04/2011/PPP).

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