Jorge Carvalho: “estamos diante do inferno”

Jorge Carvalho: educação no inferno (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

O secretário Jorge Carvalho, de Estado da Educação, criticou o desempenho de Sergipe na avaliação do ensino fundamental e do ensino médio confirmadas pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), observando que o sergipano vive em um inferno astral, em se tratando de qualidade do ensino. Para o secretário, quanto a escola pública quanto a iniciativa privada apresentam índices críticos que colocam Sergipe na condição de deter o pior ensino do país.

Segundo Jorge Carvalho, o ensino fundamental está em última colocação no ranking nacional. No ensino médio, Sergipe está à frente [em péssima qualidade] apenas do Estado de Alagoas. Indicando que Sergipe, na ótica do secretário da Educação, está efetivamente no “inferno” em se tratando de qualidade do ensino.

Carvalho constata esta realidade destacando os números: “Se nós temos realidade na qual de cada 100 alunos que ingressam no ensino fundamental, menos de 40 concluem o ensino fundamental e ingressam no ensino médio; se temos uma realidade que coloca o Estado em posição muito desconfortável, sendo o ensino fundamental no oitavo e nono anos o pior do Brasil. Mesmo quando olho as escolas particulares, o ensino médio é o pior do Brasil… isto não é o céu”, considerou Carvalho ao justificar o sinal de boas vindas que deu ao empossar o professor Manoel Messias Alves de Almeida na Diretoria Regional de Educação 05. “Bem vindo ao inferno”, ressaltou o secretá-lo na solenidade realizada na semana passada.

Rotary: membros dispostos a contribuir 

Segundo Jorge Carvalho, apenas seis dos 75 municípios sergipanos conseguiram alcançar a meta do Ideb. Diante desta realidade, o secretário constatou: “então, estamos diante do inferno e precisamos retirar nossas crianças, nossos adolescentes e nossos jovens deste inferno, que é o ensino de má qualidade”. Jorge Carvalho não aponta um único responsável por esta realidade em Sergipe, mas indica que a péssima qualidade é fruto de sucessivos governos e também da própria sociedade e dos pais que não contribuem com um novo processo para avançar a política educacional.

Para justificar os resultados do ensino em Sergipe, Jorge Carvalho não poupa nem a si próprio. “Penso que esta é uma responsabilidade compartilhada, a partir de mim como secretário de educação que sou desde primeiro de janeiro”, observou. “Todo mundo fala que educação é prioridade, mas eu pergunto: concretamente, nós temos feito o quê por isso? Tenho na escola um aluno infreqüente e a escola não vai à casa deste aluno procurar saber o porquê que o aluno não está frequentando a escola ou quando a família não vai à escola e não questiona o seu filho porque ele deixou de frequentar a escola”, considerou.

Responsabilidade compartilhadas

Junqueira aposta na capacidade de secretário 

“O secretário da Educação, os técnicos da secretaria, os diretores de escola, os professores, as famílias, os prefeitos… a sociedade como um todo, todos nós, de uma maneira geral, somos sócio na responsabilidade deste ensino de má qualidade”, considerou. “O Governo erra muito na gestão, mas a sociedade erra muito também quando assiste a todo este quadro e acha tudo normal”, disse. “Este é um problema histórico na realidade sergipana e não adianta a gente responsabilizar este ou aquele Governo, o que passou, o antecedente, o antecedente do antecedente…”.

Jorge Carvalho lembrou que, em 1959, o professor José Antonio Nunes Mendonça retratou os problemas da educação em Sergipe em um livro. “E os problemas de qualidade do ensino que nós temos agora são apontados por ele em 1959”, ressaltou.

Jorge Carvalho não revela fórmulas para combater a deficiência que ele classifica como histórica, mas informou que está mobilizando toda a sociedade para conseguir mudar conceitos e envolvê-la na busca de uma solução. “Se eu tenho uma enfermidade e não admitir, não ter consciência que tenho, não assumir a responsabilidade de que preciso mudar minha postura e que preciso tratar minha enfermidade, eu vou continuar com minha doença crônica até morrer”, conceituou.

Com este conceito, Jorge Carvalho está visitando instituições ministrando palestras e destacando a realidade do ensino público e privado de Sergipe com a pretensão de ouvir sugestões e até acolhê-las com o objetivo de implantar um modelo que possa avançar a educação pública no Estado. Com este propósito, Carvalho fez palestra no início da tarde desta segunda-feira, 2, ao grupo do Rotary Club Aracaju Norte, momento em que destacou os equívocos da política pública de educação em Sergipe.

Segundo Carvalho, 50% dos alunos da rede estadual de ensino estão matriculados no ensino fundamental, enquanto apenas 39% estão no ensino médio. “Quando a responsabilidade do Estado é ofertar o ensino médio. O ensino fundamental é de responsabilidade dos municípios”, ressaltou. “Penso em criar uma rede de compartilhamento de responsabilidade do Governo Estadual, dos Governos Municipais, das famílias, das organizações da sociedade civil, dos professores e diretores de escola, do secretário de educação, de todos nós sergipanos que não podemos continuar a conviver com números tão calamitosos.”, destacou.

Carvalho critica a política de reduzir média do aluno para aumentar o índice de aprovação e elogia a interferência do Conselho Tutelar para acompanhar alunos faltosos. "Baixar nota não é o caminho, é uma solução artificial", ressaltou. Carvalho defende uma mobilização ampla envolvendo, inclusive, a União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação, que funcionaria como interlocutor entre os gestores para conduzir um novo modelo de política pública de educação.

O presidente do Rotary, Marcos Junqueira, reconhece em Jorge Carvalho a capacidade profissional e garantiu que o Rotary tem quadros competentes para dar a contribuição. Mas ele acha difícil o poder público absorver as sugestões daqueles que não integram o quadro de servidores do Estado. “O Rotary tem condições sim de contribuir, temos pessoas com capacidade e disposta a contribuir”, ressaltou.

Por Cássia Santana

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