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Há 88 anos Sergipe viveu um dos capítulos mais emocionantes de sua História. O fato pouco conhecido pela população em geral foi a revolta de 13 de julho de 1924. O tumulto começou ainda de madrugada no quartel do Exército, que à época estava localizado na Praça 24 de Outubro, atual General Valadão. De lá o capitão Eurípedes Esteves de Lima, e os tenentes Augusto Maynard Gomes, João Soarino de Mello e Manoel Messias de Mendonça ordenaram a ocupação de prédios públicos e a prisão das autoridades que discordavam do levante, a exemplo do comandante do 28º BC, major Jacintho Dias Ribeiro, e do governador Maurício Graccho Cardoso.
171 civis se alistaram no dia 13 de julho, afirmando quererem lutar ao lado dos rebeldes. Mas a movimentação de tropas pelas ruas e a construção de trincheiras nas praias deixaram alguns aracajuanos receosos ao ponto de fecharam suas casas e irem para o interior, facilitando a vida dos ladrões que arrombavam residências e estabelecimentos comerciais. Até mesmo a Catedral foi invadida, mas nada foi levado. Comentava-se à época que os ladrões não haviam encontrado nada que lhes agradasse.
Os militares rebeldes enviaram tropas para São Cristovão, Itaporanga, Rosário do Catete e Carmópolis. Depois disso a população começou a retornar para Aracaju. A movimentação das tropas legalistas comandadas pelo general Marçal Nonato de Faria inquietava os líderes da revolta em Sergipe e alarmava os moradores das cidades por onde passavam.
Por fim os rebeldes viram-se num redil. Tropas enviadas pelo Governo Federal avançavam pelo norte e sul do estado. E o contratorpedeiro Alagoas posicionava-se a oeste, de frente para Aracaju. Sem comunicação, cercados por todos os lados e contando com o desafeto dos coronéis do interior, os líderes da revolta fugiram e os praças ficaram atônitos, facilitando o avanço das tropas legalistas. A população se dividia entre os que estavam aliviados pelo retorno à normalidade e os que lamentavam a perda de uma oportunidade de mudança generalizada na política nacional e local.
A Revolta de 13 de Julho chegou ao fim no dia 2 de Agosto de 1924. Graças às suas convicções os quatro oficiais foram presos e amargaram alguns anos no cárcere, sendo anistiados por Getúlio Vargas em novembro de 1930. Eurípedes, Maynard, Soarino e Manoel Messias afirmaram lutar em defesa de uma República livre de corrupção. Muitos brasileiros continuam perseguindo esse ideal, mas os tempos são outros, bem como a arma utilizada nessa batalha.
Andreza Maynard é Doutoranda em História UNESP/Bolsista CAPES e integrante do GET/UFS/CNPq. O artigo integra as colaborações feitas à coluna do Grupo de Estudos do Tempo Presente.
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