Pais e alunos continuam acampados em escolas públicas

Pais e alunos se revezam em acampamento improvisado na escola (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Pais e alunos estão fazendo pernoite neste fim de semana em duas escolas públicas, visando garantir matrícula dos filhos adolescentes. Alguns batalham vaga para o nono ano do ensino fundamental, mas a grande maioria tenta as vagas disponibilizadas para o primeiro ano do ensino médio. Oriundos da rede privada, os estudantes desejam concluir o ensino médio em rede pública, tendo como foco o regime de cotas que oferece maior oportunidade para ingresso nas universidades públicas.

As matrículas nos dois colégios instalados no bairro São José serão iniciadas na segunda-feira, 23, mas as filas começaram a ser formadas na quinta-feira passada, 19. A autônoma Rosangêla Gonçalves chegou ao colégio na quinta e está se revezando com outras pessoas da família e com a própria filha, uma adolescente de 14 anos que pretende vaga no primeiro ano do ensino médio no Colégio Atheneu Sergipense. “No ano passado, minha irmã teve que ficar quatro noites aqui, então vim logo na quinta para garantir a vaga para a minha filha”, observou a trabalhadora autônoma.

Jeihson: dormingo no lençol

Os pais associam os interesses para transferir os filhos da rede privada para as escolas públicas. Um olho está voltado para o aspecto financeiro. “O real [a moeda brasileira] está perdendo valor”, justifica o supervisor de vendas Givaldo Marques. “Com o dinheiro que pago a escola, vou pagar um outro cursinho que ela vai dizer o que quer”, comenta. “A coisa está apertando para todos os lados, fiquei desempregado no ano passado, então tive que escolher a escola pública”, observa o almoxarife Gilberto Santos, que disputa uma vaga para a filha cursar o nono ano na escola pública.

Associada ao fator financeiro está a oportunidade das cotas destinadas aos alunos da rede pública pelas universidades públicas. “Foi a escolha da minha própria filha, que quer desenvolver mais e ficou sabendo pelos colegas que estão estudando aqui que a escola é boa. E também ter mais oportunidade na hora do vestibular”, observa o sargento reformado Miguel França. “É também visando isso e olhando a parte financeira”, completa o militar.

Genaldo Freitas: prespectiva de ampliação das vagas 

As filas maiores estão no Colégio Atheneu Sergipense na disputa pelas 200 vagas oferecidas para o primeiro ano do ensino médio. A cabeleireira Urenadja de Carvalho chegou no sábado, 21, por volta das 15h e já encontrou 48 pessoas em sua frente, acampadas no pátio da escola. “E eu, que cheguei hoje de manhã, recebi a senha 62”, conta a cozinheira Cristiane Ventura, que também se reveza com os filhos no acampamento improvisado dentro da escola para matricular o filho de 15 anos, que disputa uma das 200 vagas disponibilizadas.

“Eu já dei meu nome lá e agora estou aguardando aqui, nem sei qual a minha senha”, observa o estudante Jeihson Anjos da Conceição, 14, que chegou no início da tarde do sábado, 21, e pernoitou no Atheneu, em um colchete colocado no hall do colégio. “Agora estou esperando minha mãe, que vai ficar aqui e eu volto depois”, informou.

Os diretores dos colégios Atheneu Sergipense e D. Luciano, ambos no São José, estão colocando a estrutura de ambas as escolas à disposição dos pais dispostos a pernoitar. Durante a noite os portões ficam fechados com o serviço de vigilância disponibilizados para os candidatos às vagas. “Estamos disponibilizando água, cafezinhos, banheiros, toda esta estrutura para minimizar os impactos”, disse o professor Genaldo Freitas, diretor do Atheneu, que já se articulou com o comando da Polícia Militar para garantir o policiamento ostensivo na região e garantir a segurança preventiva.

Faixa indica abertura de matrícula

Ele informou que no primeiro momento a escola está disponibilizando 200 vagas para o primeiro ano do ensino médio, mas há perspectiva de ampliação. O diretor explica que o ano letivo foi concluído na sexta-feira passada, 20, e a equipe ainda está concluindo o levantamento para observar se haverá condições de ampliar o número de vagas. A matrícula só será encerrada quando o número de vagas for preenchido, segundo o diretor.

Por Cássia Santana

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