“Meu filho já é o advogado da família”. “Esse vai ser médico, certeza”. “É o futuro da família”. Se muitos familiares bem soubessem, poupariam os jovens em preparação para o Enem ou vestibular desse tipo de frase. Elas podem até serem ditas em momento de descontração, mas, para a psicóloga Ellen Paesante, só aumentam a carga de pressão sobre o estudante. “São jovens que, durante esse período (de estudos), já alimentam uma pressão interna, vivem uma espécie de competitividade dentro da escola, então a família precisar ser o amparo”, explica.
A psicóloga lembra que cada estudante lida de forma diferente com a pressão durante a preparação para ingressar no ensino superior, e professores, pais e colegas devem observar o comportamento da cada um. “É preciso estar atento a esses jovens, tanto no aspecto psicológico e físico. Agressividade, inquietação, isolamento, são sintomas que podem se manifestar nos jovens sob forte carga de pressão”, explica. Nesses casos, o acompanhamento terapêutico é essencial para o jovem.
Faixas que só aumentam a competitividade
Nos últimos anos, as escolas (principalmente particulares) têm estampado em suas fachadas cartazes com os nomes dos aprovados em vestibulares. A prática se tornou até mesmo modelo de negócio para as escolas. O que não parece ser colocado em questão, no entanto, é a consequência para aqueles estudantes que não foram aprovados. “Eu imagino aquele que não passou e não tem faixa colocada com seu nome. Transparece que eles são inferiores, quando na verdade, a reprovação faz parte desse processo. Algumas pessoas precisam de mais tempo, e as famílias precisam ajudar nesse entendimento”, afirma Ellen.
Pressão interna é o maior desafio
Para Douglas Rosendo, recém-aprovado em medicina, o principal desafio foi a pressão interna. “Foram três anos tentando. Levei bomba nas duas primeiras, existe uma fraqueza, mas eu coloquei a aprovação como meta. A perseverança foi o que não me deixou desistir. Mas a expectativa das outras pessoas em nossos resultados as vezes atrapalha”, explica.
Quem também foi aprovado em medicina após dois anos de tentativa foi o Thiago Oliveira. “A gente se cobra muito, e isso pesa. Mas, no meu caso, todos que estavam ao meu lado fizeram a diferença. Professores comemoravam todas as notas boas, todos os avanços, tive muito apoio nesse processo”, completou.
Por Ícaro Novaes
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