Professores analisam prova do Enem e comentam a redação

Márcio André: tema sem recorte (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

A prova de redação continua sendo o patinho feio de qualquer concurso e não foi diferente no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizado no último fim de semana, que contou com uma abstenção de 28,64%, segundo os dados do Ministério da Educação (MEC). Professores especializados ouvidos pelo Portal Infonet avaliaram os assuntos abordados nas provas e não pouparam críticas à abordagem do tema proposto na prova de redação, realizada no domingo, 9.

“Não gostei da frase”, reagiu o professor Márcio André Andrade, que leciona redação numa escola privada, numa referência ao tema proposto ‘Publicidade infantil em questão no Brasil’. Para o professor, a frase proposta induz o aluno a construir um texto expositivo, formato que não atende às exigências do Enem. “O Enem exige um texto argumentativo”, explica. O professor acredita que o tema poderia ser proposto com uma outra frase e sugere que fosse incluída a palavra ‘voltada para o público infantil’ para tornar a temática mais precisa.

Sabrina Dias: aspectos negativos e positivos

“Os limites da publicidade voltada para o público infantil talvez fosse mais preciso, teria o recorte. Como foi proposto, não tem recorte. Quanto mais não se tem recorte, mais ampla fica a discussão e isto leva à dubiedade”, considerou. “A falta de recorte leva o aluno a escrever um texto expositivo e se o aluno não faz um texto argumentativo, ele perde competência dois e três e isto faz o aluno perder até 160 pontos”, considerou.

Satisfação

Os professores também encontram falhas nas questões de humanas, apesar de fazer uma avaliação positiva de forma mais generalizada. “A parte de humanas foi bastante interdisciplinar e isto apresenta aspectos negativos e positivos”, considerou a professora Sabrina Dias, que trabalha com Sociologia. “Foram abordados temas atuais na sociologia, mas a prova de filosofia achei muito seca. Pelo que li, foi uma prova mais direta, sem contextualização”, ressaltou.

João Bosco: questões contextualizadas

Nas salas de aulas, o Enem teve predominância nesta segunda-feira, 10. Pela reação dos alunos, os professores observam grandes chances, principalmente para os mais atentos e curiosos. “Os alunos observaram que os temas abordados no Enem foram temas trabalhados durante o ano aqui na Escola”, observou o professor João Bosco, vice-diretor pedagógico de uma escola particular.

O professor Márcio André, por exemplo, tratou a temática exigida na prova de redação logo no início do ano quando distribuiu um texto, abordando os limites publicitários para tratar sobre os aspectos gerais da dissertação argumentativa. No texto debatido em sala de aula, o professor destacou as técnicas de propaganda formuladas pelo jornalista Walter Lippman e pelo psicólogo Edward Bernays no início do século passado.

“Eu tinha convicção que a redação iria tratar sobre a intolerância ou proteção a grupos vulneráveis tanto é que nos três temas que apresentei aos alunos foram voltados para a proteção à infância, idoso, deficiente e também como criar uma cultura de paz, mas o que me surpreendeu foi a frase pela falta de recorte”, considerou Márcio André.

Utilize o espaço comentários e deixe a sua opinião sobre a prova do Enem 2014.

Por Cássia Santana

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