Profissão: o que fazer quando os pais interferem na escolha dos filhos?

Psicóloga diz que pais devem dar apoio aos filhos na escolha da profissão

Decidir a carreira que se vai seguir já é tarefa difícil para os adolescentes. Quando os pais querem escolher pelos filhos, então, a situação fica ainda mais delicada. “Alguns pais não tiveram a oportunidade de realizar seus desejos e realizações, então acabam projetando isso nos filhos, impondo suas vontades, o que é bastante prejudicial para a relação de confiança entre eles”, diz a psicóloga Tânia Cardoso.

 

De acordo com ela, o ano de vestibular já é naturalmente enfrentado com muita ansiedade e cobranças. Os alunos ficam mais tensos, preocupados com o resultado de suas escolhas, querem agradar não apenas a si mesmos, mas aos valores impostos pela sociedade. “Em muitos casos, os jovens ficam preocupados com que os outros vão achar de seu desempenho por conta dos valores sociais. A escolha profissional que o adolescente faz pode até ser o grande sonho da vida dele, mas se alguém o recrimina ou desmerece seus objetivos, ele passa a desacreditar e a dar mais valor a opinião das outras pessoas”, diz Tânia.

 

Roberta queria Jornalismo, mas teve que cursar Letras por imposição da mãe

Quando os pais interferem nas escolhas dos filhos, as conseqüências podem ser frustrantes. Desde cedo, Roberta Gallete quis fazer vestibular para Jornalismo. No entanto, encontrou resistência da mãe, que a inscreveu em Letras sem o consentimento da filha. “Ela escolheu isso pra mim porque tem uma escola e acreditava que, se eu fosse professora, daria continuidade ao trabalho dela”, conta Roberta.

 

Até o terceiro período da faculdade, Roberta não teve problemas com a aceitação do curso, mas não demorou muito para ver que aquela não era sua verdadeira vocação. “Disse para minha mãe que já não agüentava mais, que aquilo estava me frustrando, que não me sentia estimulada, mas ela disse que eu deveria continuar porque já estava na metade do curso e teria que concluir a faculdade”, diz. Mesmo insatisfeita, Roberta decidiu continuar com o curso, mas procurou fazer valer o seu trabalho. “Passei a estudar para fazer o melhor que eu posso e quero fazer mestrado em Literatura. Já dou aula e amo meus alunos, mas ser professora não é minha vocação. Simplesmente faço meu trabalho bem feito”, completa.

 

 

Tânia explica que esse tipo de comportamento dos pais é altamente prejudicial e que provoca insegurança nos filhos. “Os pais devem entender que a vocação é primordial para a realização de uma pessoa. Um bom profissional é aquele que cumpre seu trabalho com prazer e dedicação. Fazer apenas um trabalho correto não passa de obrigação de cada um”, diz a psicóloga.

 

 

Só depois de algum tempo, Marisa aceitou a decisão da filha
Mãe de uma adolescente que está se preparando para o vestibular, Marise Silva também já recriminou a escolha da filha. “Antes eu queria que ela fizesse vestibular para Medicina porque acho bonita a profissão. Não conseguia aceitar a opção dela por cursar Jornalismo porque não via grandes oportunidades de emprego no Estado. Foi um período muito difícil para nós duas, sei disso. Só com o tempo, percebi que tinha que apoiar a escolha dela porque assim também iria me realizar. Não nego que pensava na questão financeira porque vivemos numa sociedade que prioriza muito isso, mas hoje percebo que o meu papel é fazer o possível para a realização da minha filha, investindo em seus estudos para que ela possa ser uma boa profissional”, diz.

 

Segundo a psicóloga Tânia, o status e a remuneração salarial ainda são desejos muito comuns tanto aos pais quanto aos filhos, mas ela enfatiza que isso não deve vir em primeiro plano. “Tanto os pais quanto os filhos devem entender que a boa remuneração é conseqüência de um bom trabalho. Se a pessoa for um bom profissional, o dinheiro vem naturalmente”, explica.

 

Ela afirma ainda que os pais devem conhecer melhor a profissão escolhida pelos filhos. “Ler jornais, revistas ou até mesmo conversar com profissionais da área para saber melhores informações é fundamental. Medicina, Engenharia e Direito ainda podem ser vistos como cursos tradicionais, mas o próprio desenvolvimento social e tecnológico está modificando esse quadro. Todas as profissões são maravilhosas se desempenhadas por profissionais que tenham vocação para desempenhá-las. O segredo está em descobrir a vocação e alcançar a satisfação pessoal, não a da sociedade”, completa Tânia.

 

Por Jéssica Vieira e Raquel Almeida

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