Desde que o Conselho de Auto-regulamentação Publicitária (Conar) adotou regras mais rígidas para a publicidade infantil, em 2014, o tema se popularizou. Há mais de cinco anos com as novas determinações, a questão ainda gera dúvidas e questionamentos. O que é uma prática publicitária abusiva para crianças? Como identificá-la? Qual o papel dos pais no comportamento causado pelo incentivo ao consumo dos pequenos? O professor e publicitário, Cleon Menezes, afirma que o cerne da questão está na forma como se direciona algo para uma criança.
Para o professor, é importante ressaltar que a abusividade de uma campanha publicitária começa quando as campanhas buscam levar para as crianças necessidades que não são delas. “Como a criança ainda não consegue ‘filtrar’ muita coisa daquilo que vê e ouve, ou seja, ainda não desenvolveu um senso crítico, o anúncio publicitário pode causar comportamentos inadequados”, resume. Cleon afirma que o ponto-chave reside quando a publicidade deixa de lado a essência da criança e foca apenas no interesse em despertar uma mente consumista.
“Às vezes uma criança pode se sentir infeliz, ou até mesmo gerar uma depressão, pelo simples fato de ver uma propaganda de um brinquedo e não poder ter acesso a ele”, pontua. Anúncios que estimulam o consumismo inconsciente, segundo Cleon, mexem com o emocional da criança, fazendo-a ter apenas uma visão materialista das coisas que a rodeiam. “A criança ainda está em processo de formação cognitiva, por isso é importante não incentivar práticas que acabam sendo nocivas à personalidade. A maioria das patologias de consumismo que são encontradas em adultos começou na infância”, destaca.
Aproximar publicidade das crianças
Cleon também assinala que não se pode ‘demonizar’ a publicidade infantil. Segundo ele, há campanhas que possuem um viés educativo muito grande.“ As propagandas educativas são aquelas que falam sobre determinado benefício de um produto sem necessariamente mostrá-lo como algo indispensável. Propagandas assim estimulam uma ação ou um estilo de vida saudável, por exemplo,”, resume. Para ilustrar esse conceito, ele recorda da publicidade de uma instituição financeira que estimulava à leitura para crianças. “São propagandas que não incentivam o consumismo inconsciente”, avalia.
Saber dizer ‘não’
Convencer uma criança de que ainda não é o momento para se ter algum brinquedo, ou até mesmo um celular ou um computador, não é tarefa fácil. No entanto, Cleon orienta que os pais sempre devem prezar pelo diálogo. “A conversa é importante porque a criança pode observar na escola que o colega tem um brinquedo e ela não. A partir daí, ela pode querer cobrar dos pais inúmeras coisas que, a depender da idade, não se há maturidade para usufruir”, assinala.
O que deve ser evitado, contudo, é que a criança seja culpada por uma conduta errada que foi causada pela raiva ou desejo insistente em ter um determinado produto. Cleon diz que os pais devem apreender a separar o ‘joio do trigo’. “A criança precisa de sustentação psicologia. E boa parte dessa sustentação na infância vem dos pais”, pontua.
por João Paulo Schneider
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