Redação e questões discursivas vêm sendo mais exigidas em concursos

(Foto: divulgação)

Em todo o país, muitas pessoas vem se preparando para fazer o Concurso Nacional Unificado do governo federal, que já vem sendo chamado de “Enem dos Concursos” e deve selecionar, em uma única prova, 6.640 vagas em 21 órgãos e entidades federais, fora os cadastros de reserva. A previsão do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGISP) é de que o edital completo seja publicado no dia 20 de dezembro, e que as provas sejam aplicadas até março de 2024. Além disso, prefeituras municipais e órgãos estaduais em todo o Brasil também vêm abrindo seus concursos.

Nestas provas, um ponto que vem sendo estudado com atenção redobrada está nas provas de redação e nas questões discursivas exigidas em alguns cargos de nível superior que são mais concorridos, principalmente nas áreas de Saúde e Direito. O nível de exigência chega a ser maior que nos vestibulares e no próprio Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e sua pontuação pode ser decisiva na classificação final dos candidatos. “Quando isso existe, ela tem um peso significativo e inclusive é um fator que desempata um candidato em relação ao outro”, diz a professora Ana Cláudia de Ataíde Mota, doutora em Letras e assessora pedagógica da Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Tiradentes (Unit)

De acordo com ela, as provas discursivas ou de redação vem sendo cada vez mais adotadas nos concursos, nos quais as repartições buscam testar cada candidato em quesitos como argumentação, domínio da língua portuguesa e elaboração de documentos ou relatórios. “Porque tem habilidades de competência que você não consegue mensurar através de uma questão objetiva. Suponha que um profissional vá atuar no âmbito da urgência e emergência. Eu tenho que entender de fato se ele sabe ressuscitar um paciente em uma parada cardiorrespiratória. E ele tendo de externalizar isso passo-a-passo, o procedimento que deve ser adequado, exige uma competência e um conhecimento que é diferente de você apenas analisar uma questão objetiva que tem ali alternativas para você selecionar a correta”, explica.

Entre as qualidades que os avaliadores mais consideram nas redações e nas questões discursivas, estão a solidez na argumentação, a organização das ideias e o domínio formal da língua portuguesa. Ana Cláudia explica que aprimorar estas qualidades no texto passa por manter um hábito de leitura mais intenso. “Primeiro, o candidato precisa ser uma pessoa que tenha leitura e conteúdo, que se baseie em fatos, não somente informações aleatórias que a gente acaba tendo acesso, mas não refletem a realidade. E é fundamental respeitar as questões da ortografia, da pontuação, da sintaxe, da semântica…, porque a partir dessa estrutura, ele vai poder dar sustentação no seu discurso, no seu texto”, frisa.

Dicas

Um hábito recomendado pela professora da Unit é tentar reservar um tempo médio de 10 a 30 minutos por dia para a leitura de sites, jornais, revistas, livros e artigos. Além de acompanhar o noticiário do dia e as discussões da atualidade, também é recomendada a leitura e o aprofundamento em assuntos que sejam diferentes da sua área de atuação. “Suponhamos que eu seja engenheiro. É importante que o engenheiro saiba um pouco mais sobre história, sobre saúde, sobre literatura… É a gente aprender o que é diferente. É natural que a gente acabe lendo o que nos interessa, o que é mais fácil pra gente compreender pelo nosso histórico intelectual. Mas quanto mais eu amplio o meu repertório, o meu arcabouço, mais eu tendo a ter um embasamento para que eu traga diferenciais na minha produção textual”, orienta Ana Cláudia.

Além disso, a professora acrescenta que, ao estudar, o candidato deve analisar cuidadosamente o edital de cada concurso, que traz os critérios, indicadores, temas que serão cobrados e, caso haja, as referências bibliográficas que devem ser consultadas. E além da leitura, outra boa prática é a escrita, isto é, escrever textos simulando como seria a sua redação ou seu artigo sobre determinado tema. “É exercitar muito a escrita, produzir e pedir para que alguém leia, que traga sugestões de melhorias, e é um eterno exercitar e retroalimentação. Leitura e escrita estão de mãos dadas. Não adianta somente eu decorar partes, artigos, o que quer que seja, e não ter autonomia para, na hora que me trouxerem um problema, um desafio para resolver no concurso, eu não tenha o letramento necessário para fazer”

Fonte: Unit

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