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(Fotos: Eugenio Barreto/Seed) |
A Secretaria de Estado da Educação (SEED), em parceria com a comunidade indígena Xokó, realizou na manhã de quinta-feira, 3, na Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha, o lançamento dos livros Os Xokó: História de luta e resistência e Os Xokó e o rio São Francisco. O evento reuniu educadores e membros da tribo Xokó, que na ocasião fizeram uma apresentação do Toré, dança sagrada indígena.
Os livros foram produzidos de forma coletiva por alunos, professores e lideranças que atuam no Colégio Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro. O Núcleo de Educação da Diversidade e Cidadania da Seed (NEDIC), promoveu um processo de formação continuada que teve a assessoria da professora indigenista Eliene Amorim de Almeida, da Universidade Federal de Pernambuco, para que, através dos dados colhidos durante pesquisas realizadas na tribo, fosse possível produzir os livros.
A coordenadora do NEDIC, Maria da Conceição Mascarenhas, e a coordenadora de educação escolar indígena da Seed, Maria das Dores Santana Oliveira, foram as responsáveis pela coordenação e organização de todo o trabalho de edição.
A professora Izabel Ladeira, diretora do Departamento de Educação da Seed, que representou o secretário de Estado da Educação, Belivaldo Chagas, na cerimônia de lançamento dos livros, comentou a importância dessa ação. "É com muita satisfação que o Governo de Sergipe lança estas obras paradidáticas que contam a história, os usos e costumes da tribo Xokó", acentuou Izabel Ladeira.
Ela disse que esta ação da Secretaria de Estado da Educação está atendendo à Lei 11.645/2008, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indigena na educação básica. Os livros serão aplicados na escola indígena e nas demais escolas da rede estadual.
Conquista
Para o cacique Bá, o lançamento desses livros representa uma grande conquista para a nação Xokó. "Foi um trabalho realizado pela comunidade Xokó, o qual registra toda a nossa história para que nada caia no esquecimento. Estamos todos muito felizes e orgulhosos com essa publicação", disse o cacique.
Feliz também ficou o pajé Raimundo Xokó, que afirmou que o livro o fez reviver histórias contadas em sua infância. "Foi bom relembrar as histórias que eu ouvia ainda menino e reviver a luta do nosso povo para conquistar um território. Fico feliz com toda essa gente reunida, que veio de longe para garantir a preservação das nossas tradições", revelou o pajé.
A professora Eliene Amorim de Almeida, que assessorou nas pesquisas para a realização dos livros, não escondeu a emoção com o lançamento das obras. "Estou me sentindo realizada enquanto educadora com essa publicação.
Esses livros foram fruto de um processo formativo que envolveu educadores, professores Xokó e membros da comunidade indígena. Fizemos uma extensa pesquisa com depoimentos de lideranças indígenas e pessoas mais velhas que serviram como respaldo para a composição dessas obras. Vamos, com esse material, oportunizar à sociedade conhecer a história dos Xokó, fortalecendo ainda mais a identidade étnica desse povo", declarou a professora.
Arquivo Vivo
Essa também foi a opinião de Josinaldo da Silva, coordenador técnico da Funai na tribo Xokó. "A publicação dessas obras é de vital importância para a Funai, pois representa um arquivo vivo da única tribo indígena restante em Sergipe. É uma forma de valorizar e reconhecer a importância do índio para a formação da identidade nacional", afirmou Josinaldo.
Por isso, a pequena Beatriz Lima, aluna do 5º ano do ensino fundamental da Escola Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro, não esconde a satisfação de pertencer à comunidade indígena. "Gostei muito desse livro que conta a história de minha tribo. Minha professora sempre diz na sala que devemos ter orgulho de nossa cultura e de sermos índios", disse a aluna.
Esse sentimento está presente também em Daniele dos Santos, membro da comunidade Xokó, que colaborou para a elaboração dos livros. "Não tenho palavras para expressar minha alegria de ver a história de minha gente registrada para sempre. Sou indígena, estudante de letras e participei da elaboração dos livros, o que me deixou honrada", revelou Daniele.
Para o líder Xokó Manoel Martins, a publicação desses livros representa um reconhecimento da importância e da riqueza da cultura indígena para Sergipe. "A gente vê isso com muito orgulho e satisfação, pois os livros saíram aqui da Ilha de São Pedro e foram feitos com a ajuda de todos da tribo para que a nossa luta nunca seja esquecida", declarou o líder Xokó.
Tribo Xokó
Estudos mostram que no início do século XIX grupos indígenas, identificados como Xokó, viviam nos estados de Pernambuco e Ceará. Por conta da expropriação das tribos indígenas, os Xokó foram deslocados para outras regiões, e hoje restaram apenas 80 famílias da tribo que vivem na Ilha de São Pedro, no estado de Sergipe.
Presenças
Compareceram ao lançamento dos livros a professora Conceição Mascarenhas, coordenadora do Núcleo de Educação da Diversidade e Cidadania da Seed; a primeira-dama de Porto da Folha, Maria Rita; a coordenadora regional da Funai, Carolina Santana; o representante do Ministério da Educação, Cristiano Cunha; o professor Hélio Castro, diretor da DRE 7; Maria da Conceição Santana Menezes, Antônio Nunes e Laudisson Rezende, respectivamente, diretores das DREs 1, 6 e 9, além de educadores e membros da comunidade Xokó.
Fonte: Seed