Sergipe conta com uma Educação Indígena de qualidade

A SEED presta acompanhamento a 13 docentes que atuam na unidade

O Colégio Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro, localizado na Ilha de São Pedro, a 30km do município de Porto da Folha e distante a 220km da capital sergipana, é referência em Sergipe e no País no que tange à educação específica, diferenciada e intercultural de acordo com o que estabelece e assegura a Constituição Federal. Dessa maneira, os 89 estudantes da comunidade Xokó contam com todo o suporte e apoio necessário tanto do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seed), quanto do Governo Federal para ter acesso ao ensino de qualidade.

A Seed, por meio do Departamento de Educação, Serviço de Educação e Direitos Humanos (DED/SEDH), do Núcleo de Educação da Diversidade e Cidadania, da Coordenação de Educação Escolar Indígena (Nedic), presta o acompanhamento, orientação e formação continuada para os 13 docentes que atuam na unidade escolar, além de oferecer alimentação para os alunos. A unidade escolar possui uma estrutura física adequada para a realização das aulas e atividades pedagógicas.

Conforme salienta a coordenadora estadual de Educação Indígena, Maria das Dores Santana de Oliveira, o universo educacional indígena em Sergipe ao ser comparado com o cenário nacional possui resultados exitosos. "A Seed se empenha na difusão da cultura indígena e contribui junto à unidade de ensino na disseminação de valores respeitando e incentivando a preservação das origens promovendo o resgate histórico. Assim reafirmando o compromisso com as práticas educacionais e sociais", enfatiza.

Aspectos pedagógicos

Diversas atividades e projetos pedagógicos são realizados no Colégio Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro.  Maria das Dores Santana explica que além da promoção de eventos e encontro pedagógico que visam a reflexão, o Nedic proporciona a discussão de assuntos acerca das temáticas pertinentes à educação indígena durante todo o ano, começando a partir do planejamento anual, realizado geralmente no mês de dezembro com todo o corpo docente e equipe diretiva.

Mesmo com a grade curricular igual as demais instituições de ensino, por se tratar de uma educação específica e diferenciada, os aspectos da cultura são transmitidos às novas gerações e as atividades na escola são pensadas de acordo com a realidade local.

A grade currícular é igual as demais instituições de ensino (Fotos: Maria Odília/SEED)

A coordenadora comenta que mesmo contando com aulas das disciplinas nos dias letivos, o Nedic promove oficinas preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Essa ação permite o reforço, possibilitando assim que os alunos ampliem os conhecimentos e estejam aptos para a avaliação. No passado, registramos 28 indígenas no ensino superior e em 2017 três alunos obtiveram excelentes resultados no Enem", diz ao elogiar a parceria com o Serviço de Ensino Médio da Secretaria de Estado da Educação (Semed) na obtenção de bons resultados.

Arte Fotográfica: uma comunidade pelo olhar dos seus

Outra iniciativa que conta com a aceitação e o envolvimento dos discentes é o projeto intitulado "Arte Fotográfica: uma comunidade pelo olhar dos seus", onde os registros feitos pela própria comunidade indígena comporão uma exposição fotográfica.  O jovem Emerson Acácio dos Santos Silva, aluno do 9° ano, descobriu o seu talento por meio da fotografia e já é referência entre os colegas e também na comunidade.

"Gosto de fotografar a natureza, pessoas e a arte indígena da minha comunidade, aprendo muito com este projeto.  Adoro as aulas, percebo que os professores são altamente capacitados. Eles respeitam os aspectos da nossa cultura e tem alguns que apesar de serem brancos fazem parte da família Xokó.  Estudo no Colégio Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro desde o ensino fundamental. Reconheço que tenho amor por minha escola e por minha aldeia", afirma Emerson ao confessar que sonha em fazer cursos de fotografia para aprimorar os conhecimentos.

Acolhimento e aprendizado

A professora de Educação Física, Jackeline Carvalho Lima, que há quatro anos atua na comunidade Xokó diz que ministrar aulas na escola permite um rico aprendizado nos aspectos profissionais como também na formação pessoal. "Aqui fui e sou bem acolhida é uma experiência fantástica conviver diretamente numa cultura que não pertenço. Ensinei muitas brincadeiras e jogos que eles não conheciam, como também me apropriei e aprendi as atividades recreativas da tribo. É muito gratificante trabalhar com esses jovens".

Comunidade Xokó
O povo Xokó é o único grupo indígena no Estado, atualmente a comunidade conta com 512 habitantes. No que se refere aos aspectos geográficos a Ilha de São Pedro, localizada na região do sertão sergipano, limita-se ao Norte com o Rio São Francisco, ao Leste com a Fazenda Araticum, ao Oeste com o Quilombo Mucambo e ao Sul com as fazendas Nazaré, Quiribas e Canta Galo.

Rio São Francisco

Para os indígenas o Rio São Francisco possui grande importância, além de todos os benefícios como a navegação, água para beber, tomar banho e fonte de sobrevivência, os registros históricos comprovam que foi por meio do rio que D. Pedro II visitou a comunidade, por volta de 1859 a 1860 e fez a doação de uma légua para o povo Xokó. Além disso, o São Francisco para eles é considerado uma fonte espiritual.

História

O termo Xokó significa pássaro voando.  Pesquisadores afirmam que esses povos viviam num espaço geográfico que vai de Sergipe até o Sul do Ceará. Registros históricos mostram que, no início do século XIX, vários grupos indígenas, identificados como Xokó viviam nos sertões de Pernambuco e Sul do Ceará havia fugido de missões religiosas. Atualmente, a concentração dessa cultura é na Ilha de São Pedro, que também é uma antiga missão capuchinhos, em Porto da Folha. A história é marcada por lutas, inclusive pela terra   e resistência que é contada às novas gerações.

Tradição

A comunidade ainda preserva as origens e praticam costumes tradicionais como a dança do toré, que acontece em diversas ocasiões especialmente nos rituais sagrados que invocam as forças da natureza, o samba de coco e os atos cerimoniais do Ouricuri.  O povo Xokó também comemora a Semana Santa, dia de Santo Antônio, São João, São Pedro, em 9 de setembro é comemorado o dia da independência deles.

"Para os moradores da comunidade o Dia do índio é comemorado durante todo o ano e não há nenhuma atividade específica para o 19 de abril", finaliza Maria das Dores Santana de Oliveira.

Fonte: Ascom SEED

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