Vestibular UFS: Números causam divergências de opiniões

Opiniões sobre diminuição de sergipanos em 2013 são divergentes (Fotos: Arquivo Portal Infonet)

A diminuição no número de sergipanos aprovados no vestibular da Universidade Federal de Sergipe (UFS), divulgado no último dia 11, tem dividido opiniões entre alunos e educadores. Para alguns, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é o responsável pela queda no índice, tendo proporcionado um aumento na concorrência. Para outros, o número de alunos sergipanos aprovados é reflexo da deficiência do ensino no Estado. Entre os dez primeiros colocados gerais, apenas dois são sergipanos.

Segundo o presidente da Federação das Escolas Particuplares (Fenen/SE), José Joaquim Macedo, o resultado já era esperado por parte dos educadores. “O Enem traz uma situação atípica, que coloca na disputa das vagas estudantes de outros Estados. Até 2012, a concorrência para o curso de medicina, que é o mais procurado, era de 32 para 1. Este ano subiu para 186. Mas assim como o estudante de fora pode vir estudar aqui, os sergipanos também tem a opção de ingressar nas universidades de outros estados, como aconteceu com diversos alunos do Estado que foram aprovados em outros locais”, opina.

O presidente chama a atenção para a proporção de estudantes sergipanos entre os cursos menos concorridos. “Pelo fato de ter ocorrido uma diminuição no número se sergipanos entre os cursos tradicionais, como medicina, direito e as engenharias, tomou-se a consciência de que essa era uma tendência geral. Isso não é verdade, pois nos cursos menos procurados temos majoritariamente estudantes sergipanos entre os aprovados”, diz.

Jan Victor: adaptação do ensino ao Enem

Para Everton Santos, coordenador pedagógico de um dos colégios da rede particular da capital, o resultado foi uma surpresa. “Numericamente foi assustador, um impacto para todos os colégios do Estado. O novo sistema trazido pelo Enem prejudicou o aluno, e essa não é apenas uma visão barrista. Nós sabíamos que a mudança iria afetar o número de aprovações, mas não tanto”, declara.

Everton afirma que o momento é de análise para a educação no Estado. “O resultado do Enem e da UFS nos permite iniciar uma reflexão sobre o nível do ensino em Sergipe, e sua relação com o Brasil. É hora de questionar se de fato estamos preparados e de acordo como o novo sistema”, afirma.

Jan Victor de Souza Santos, vice-presidente da União Sergipana dos Estudantes Secundaristas (Uses), considera o Enem como um benefício ao estudante, embora reconheça sua influência na diminuição dos sergipanos aprovados. “O Enem é uma forma inclusiva, que procura agregar o estudante. Apesar disso, para que ele seja efetivo é preciso que o ensino médio esteja adequado às suas necessidades. A educação deve se especializar, se aprimorar, já que o ensino em Sergipe está um pouco atrasado com relação ao sudeste, por exemplo, onde estão grande parte dos aprovados em medicina e outros cursos procurados”, diz.

Estudantes de outros estados são maioria na UFS em 2013

Após a divulgação do resultado do vestibular, o coordenador do vestibular, Manoel Leite Torres, afirmou que o número de sergipanos aprovados esteve acima da média prevista. “Tivemos  uma participação muito grande de candidatos de outros estados não só na inscrição como também na aprovação. Portanto, o percentual de aprovados do nosso estado está acima da expectativa, o que mostra que nós temos um certo nível de qualidade do nosso ensino médio”, expôs.

Números

Entre as 100 vagas disponíveis para o curso de medicina da UFS, 80 foram ocupadas por estudantes de outros Estados. Os números do vestibular apontam que 3.849 sergipanos foram aprovados, de um total de 5.457 vagas. Em 2012, o número foi de 4.633 aprovados para um total de 5.182 vagas.

Por Nayara Arêdes e Kátia Susanna