Ágatha: “não adianta ser experiente sem jogar bem”

(Fotos: Igor Matheus/ Portal Infonet)

Ela é uma das maiores jogadoras de vôlei de praia do mundo e, após conquistar a medalha de prata nos Jogos do Rio 2016, decidiu fechar parceria com o maior prodígio de sua modalidade. E em menos de três meses, a paranaense Ágatha Bednarczuk e a sergipana Duda Lisboa acumularam resultados que as colocam facilmente entre as mais fortes e promissoras parcerias brasileiras das areias. Foram quatro torneios disputados e quatro decisões, com um ouro, três pratas e uma imensa estrada nacional e internacional pela frente.

Vice-campeã da etapa Open Aracaju do último fim de semana, Ágatha conversou com o Portal Infonet sobre a parceria com a jovem promessa sergipana e os novos desafios que vêm por aí. Confira abaixo:

Portal Infonet – Quando você iniciou a parceria com a Duda, imaginava que o começo seria tão bom assim?
Ágatha – Imaginava que seria bom, mas não tão bom como está sendo. Temos poucos meses de parceria e essa já foi nossa quarta final. Venho de uma parceria de cinco anos, e por mais que tivesse objetivos dentro de quadra, com o tempo a gente entra em uma zona de conforto. Agora está tudo novo. Estou conhecendo a Duda agora, e tenho uma comissão toda nova. A única pessoa mais antiga é só o Renan, que é meu marido e preparador físico.

"Conheci a casa da Duda, alguns amigos. É ótimo conhecer a origem da pessoa"

Portal Infonet – Você mesma já foi uma atleta revelação e teve como mentora uma grande atleta como Sandra Pires. Como é hoje estar do outro lado, ser a mestra, a professora de uma parceira muito mais jovem?
Ágatha – Nem fico pensando muito nisso, porque apesar dos meus 33 anos tenho alma de menina (risos). E dentro de quadra não adianta ser experiente e não jogar bem. Estou ‘comendo areia’ tanto quanto a Duda, treinando pra caramba, e temos objetivos muito concretos. Claro que em alguns momentos vejo que minha experiência conta muito mais, principalmente na parte da comunicação. A Duda é mais tímida, enquanto eu falo mais e estou sempre tentando tirar mais dela.

Portal Infonet – Você chegou a ir até São Cristóvão, onde a Duda nasceu e onde ela treinava com a mãe Cida Lisboa. Como foi essa experiência?
Ágatha – Chegamos na segunda-feira da semana do Open pra conhecer onde a Duda nasceu, onde se criou, conheci alguns amigos, a casinha dela e isso foi muito bom. É ótimo conhecer as origens da pessoa. Ajuda no entrosamento, ajuda a entender algumas coisas. Tomei cafezinho com macaxeira e ovo, foi uma delícia (risos). E nosso treino lá foi muito legal, pois no primeiro dia a criançada estava toda lá nos esperando. Foi um carinho muito grande. Todo mundo vidrado vendo como a gente alongava e aquecia. Ficaram até o final do treino e tiraram um monte de fotos… foi um festerê! Vou fazer o mesmo convite no meu Centro de Treinamento lá em Paranaguá [no Paraná].

Sobre o novo ciclo olímpico: "já estamos treinando no limite"

Portal Infonet – Por ser mais experiente, você passa muito do que sabe para a Duda. Mas o que você também tem aprendido com ela?
Ágatha – A gente aprende o tempo todo. Vejo nela uma vontade de vencer muito grande. Vontade de treinar todos os dias, de se adaptar, pois tudo agora de certa forma é novidade pra ela. Valorizo demais isso e quero levar pra mim nesses próximos anos que terei com ela.

Portal Infonet – O que você mudaria e o que manteria desse último ciclo olímpico que resultou na sua medalha de prata nos Jogos do Rio?
Ágatha – Não mudaria nada, foi ótimo. Faria tudo de novo. Mas talvez a diferença para esse novo ciclo é que a gente está começando em um nível muito alto. Já estamos treinando no limite. No ciclo anterior nós começamos de um jeito e foi só no ano da corrida olímpica, em 2015, que começamos a dar um giro muito alto. Tanto que foi um dos melhores anos da minha equipe, e em 2016 conseguimos a medalha. Dessa vez já estamos lá em cima, seja por causa da bagagem do ciclo anterior, como a preparação física, por exemplo, seja pela nossa técnica vencedora [Letícia Pessoa], acostumada a equipes grandes. A Duda não conhecia este ritmo e está tendo que ‘se virar nos trinta’. Talvez seja por estarmos trabalhando em um nível tão alto que os resultados estão surgindo rapidamente.

Portal Infonet – Depois das Olimpíadas, muitos atletas, inclusive medalhistas, foram abandonados por patrocinadores. Apesar da dupla Ágatha/Duda viver agora um momento diferente, de expansão, como você, atleta olímpica, avalia essa situação?
Ágatha – Infelizmente existe uma cultura entre as empresas privadas do país de só procurar atletas na proximidade das Olimpíadas ou só procurar aqueles que vão para as Olimpíadas. Só que um atleta precisa de apoio desde a sua base, ou muitos talentos serão perdidos. Muitos ficam pelo caminho porque não tiveram apoio. E sem politicagem de minha parte: eu sinceramente estou feliz com o Ministério dos Esportes pela manutenção do projeto de 2012 para este novo ciclo olímpico. No ano passado perdi patrocínio, e sei que muitos perderam, mas este ano tivemos sorte e fechamos com um grande nome. Fico na torcida para que passem a enxergar o esporte para além do ano olímpico.  Apoio tem que existir sempre.

Por Igor Matheus

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