Carivaldo Souza: “nunca fiz política na federação”

Carivaldo: "o governador tem a obrigação de ajudar Milton Dantas" (Foto: Igor Matheus/ Portal Infonet)

Na primeira parte da entrevista exclusiva ao Portal Infonet, o presidente da Federação Sergipana de Futebol, José Carivaldo Souza, falou de suas principais ações à frente da instituição, respondeu seus críticos por sua longevidade no maior posto da entidade e deu sua opinião sobre os escândalos na Confederação Brasileira de Futebol. Na segunda e última parte da entrevista, o dirigente explica porque não quis se reeleger e deixa sua impressão sobre a relação do atual governo com o esporte local. Confira abaixo.

Portal Infonet – Quando os dirigentes se reuniram para forçar uma data de eleição na Federação Sergipana de Futebol em 2015, o senhor disse que seria candidato. O que o fez desistir?
Carivaldo – Desisti porque o presidente da CBF me procurou e disse que eu tinha que ser candidato de qualquer jeito. Mas eu não queria. O problema é que teve dirigente de clube falando besteira, gente da imprensa falando besteira. Aí eu quis enfrentar. Cheguei a conversar com advogado. Só que a minha família pediu para que eu não fosse. Mesmo com a CBF e todas as federações do nordeste me dando apoio, pensei bem e não fui. E que esses que são grandes administradores que cuidem do futebol sergipano.

Portal Infonet – Na sua opinião, o atual governo deu o apoio que o senhor esperava para o futebol local?
Carivaldo – Jackson Barreto nos ajudou algumas vezes antes de ser eleito. Quando solicitei iluminação e gramado para Sergipe e Confiança e iluminação para Nossa Senhora das Dores, ele colocou. Mas depois que decidi que não votaria nele por questões politicas no interior, as coisas começaram a complicar. Acho que o governador tem a obrigação de ajudar a administração de Milton Dantas, porque entrou pra valer na campanha para ele ser presidente da federação. Já eu sou político em Macambira, mas aqui nunca fiz política. Votei contra ele pra governo. Sou independente e voto em quem eu quiser.

Portal Infonet – O que o senhor acha de investimento de dinheiro público no futebol? É algo obrigatório ou os clubes precisam aprender a se portar como empresas independentes?
Carivaldo – Não é obrigação do governo, mas o futebol é um segmento que emprega muita gente direta e indiretamente. Mesmo pequeno e pobre, o futebol sergipano gera quase mil empregos diretos, fora os indiretos. Enquanto isso, há empresas que dão 100 empregos e depois fecham. Só isso já obrigaria o estado a tomar conta do futebol. Mesmo de forma insuficiente, os governos João Alves e Marcelo Déda deram boas ajudas. O atual governador também deu alguma ajuda, mas infelizmente o Banese não patrocinou nada no último ano. E é um patrocínio muito barato, porque o futebol é uma excelente ‘mídia’. Infelizmente, o presidente do Banese não quis nem nos receber.

Portal Infonet – O que falta no futebol sergipano hoje?
Carivaldo – Profissionalismo de alguns clubes. Outros estão se organizando. Em outros as diretorias não estão pensando nos clubes, mas em si mesmas. Com o PROFUT, vai ser difícil para clubes desorganizados continuarem. O Lagarto é um que tem boa administração. O Estanciano é outro em que falta pouca coisa.

Portal Infonet – O que seria um time organizado?
Carivaldo – Um time com uma diretoria em que todos trabalhem para melhorar seu clube. Como presidente do Vasco daqui, nunca devi previdência nem fundo de garantia. Chegamos a ser homenageados por isso pelo Ministério da Previdência entre os únicos clubes brasileiros a cumprir obrigações. Todos os atletas saíram com seus FGTS. No INSS, a parte patronal corresponde a 5% da renda. Basta se organizar, descontar o que tem que descontar.

Portal Infonet – Alguns clubes passam por tanta dificuldade que os jogadores fazem greve, como fez o Estanciano na Série D do ano passado. O que está por trás disso, dessa ‘mendicância’ dos clubes?                                      Carivaldo – É preciso planejamento. Ver o quanto que o time vai arrecadar e o quanto vai gastar. Não se pode administrar com paixão. Um time como o Estanciano, com a torcida que tem, vai longe se conseguir se organizar. Nessa ocasião na Série D, fomos para lá, pedimos para que os jogadores voltassem a treinar e demos um empréstimo o time, uma gratificação. A federação daqui ajuda muito aos clubes. O problema é que não gostamos de anunciar o que fazemos, e isso é um erro meu. Muitos deles às vezes não agradecem. Mas quem faz o futebol são os clubes, e a federação tem a obrigação de ajudá-los.

Por Igor Matheus

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