Depois do silêncio, torcedores decepcionados choram no Rio

Por Pedro Fonseca

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A falta de empenho dos jogadores e a cabeça dura do técnico Carlos Alberto Parreira ficaram entaladas na garganta do torcedor brasileiro após a derrota para a França, por 1 x 0, neste sábado, que eliminou o Brasil da Copa do Mundo nas quartas-de-final, muito antes do que todos esperavam.

Numa atuação completamente apagada, em que assim como na final de 1998 o francês Zinedine Zidane foi o seu carrasco, o Brasil chutou apenas uma vez no gol da França. As lágrimas e os rostos de desolação completaram o cenário de tristeza e revolta dos torcedores quando o árbitro deu o apito final.

“Infelizmente isso é culpa do nosso treinador, que já tinha visto antes que esse time não dava para jogar mais”, afirmou Ricardo Santos, um dos organizadores do evento com telão na rua Alzira Brandão, onde 10.000 torcedores assistiram à partida.

“Agora nós ficamos aqui chorando, é uma sentimento enorme de frustração.”

A rua onde a torcida carioca acompanhou a caminhada brasileira na Alemanha desde a estréia no Mundial, chegando aos 30.000 torcedores nas comemorações das vitórias, o Alzirão ficou em completo silêncio após a derrota.

A apreensão tomou conta da torcida durante todo jogo, com exceção dos primeiros 10 minutos, quando a seleção viveu seu melhor momento na partida. Depois do gol de Thierry Henry, no início do segundo tempo, o nervosismo aumentou, e as primeiras vaias foram disparadas contra Parreira.

A insatisfação era evidente cada vez que as câmeras de televisão focavam os laterais Cafu e Roberto Carlos, principais alvos das críticas. A saída de Cafu para a entrada de Cicinho foi bastante aplaudida. Quando Robinho substituiu Kaká, com dez minutos para o fim da partida, os gritos e aplausos traduziram a esperança da torcida, que acabou frustrada.

“Bem que o Parreira merece, é bem feito para ele por ter colocado Cafu e Roberto Carlos mais uma vez”, disse o bancário Julio Gomes, de 30 anos, abraçado com a namorada que chorava bastante.

Para o comerciante Ricardo Pereira, de 26 anos, o treinador também era o culpado, especialmente pela passividade ao lado do campo. O torcedor, que estava nervosíssimo, destacou a atuação de Zidane, que foi eleito pela Fifa o melhor em campo.

“O Parreira demorou demais para mexer no time, os caras já estavam cansados, jogando mal, e mesmo assim ele deixou o mesmo time. O Robinho só entrou no final, quando o time já estava perdendo, e aí não dava mais tempo”, disse ele.

“O time jogou sem coração, o Zidane fez o que quis o jogo inteiro. Isso não pode acontecer de jeito nenhum num jogo contra o Brasil, em quartas-de-final da Copa do Mundo”, acrescentou Pereira.

A festa para a tão aguardada “revanche” sobre os franceses não aconteceu e deu lugar ao choro e às críticas. Mas a organização do evento manteve os shows que estavam programados, e a torcida, mesmo em menor número e mais desanimada, permaneceu.

Portal Infonet no WhatsApp
Receba no celular notícias de Sergipe
Acesse o link abaixo, ou escanei o QRCODE, para ter acesso a variados conteúdos.
https://whatsapp.com/channel/
0029Va6S7EtDJ6H43
FcFzQ0B

Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais