Globo propõe novo calendário para o futebol brasileiro

SALVADOR – Site da Liga do Nordeste- Imitar o calendário europeu sempre foi o pedido de muitos dos torcedores e jornalistas, que reclamam das trapalhadas dos nossos cartolas quanto à organização dos torneios. O desejo de alguns está bem perto de se realizar, segundo matéria publicada nesta quarta-feira pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Segundo apurou a publicação, a TV Globo pretende esticar o Brasileirão, a partir de 2003, para oito meses de duração, com 44 datas, deixando apenas 12 datas, ou cerca de um mês e meio, para os campeonatos estaduais e regionais. Tudo para acompanhar o calendário da Conmebol. Os clubes e a CBF teriam acatado a decisão. Algumas federações, como a paulista e carioca, já se manifestaram contra. O projeto da Globo é uma verdadeira reviravolta nos rumos do futebol nacional. Os campeonatos regionais, que tinham sido fortalecidos no “Plano Quadrienal”, perdem força, assim como os estaduais, que já foram esvaziados neste ano e praticamente seriam varridos do mapa no calendário proposto pela TV. “Esse calendário é o mesmo aprovado pelo GTE [Grupo de Estudos Especiais do Ministério do Esporte e Turismo], que inclusive está assinado pelo Koff [Fábio, presidente do Clube dos 13]. Nossa idéia é colocá-lo em prática imediatamente. Quanto mais cedo, melhor”, disse à “Folha de S.Paulo” Marcelo Campos Pinto, executivo da Globo Esportes. O fortalecimento do Campeonato Brasileiro em detrimento as outras competições faria com que a cota para os times da Série A crescesse, mas às custas dos clubes que não estão na elite do futebol e sobrevivem dos campeonatos regionais e estaduais. É em torno deste assunto que gira as declarações dos descontentes com os possíveis excluídos. “Para a maioria essa mudança no calendário seria horrível. Os clubes que não estão na Série A teriam ainda mais dificuldades para pagar os salários, que sem dúvida alguma iriam cair também”, afirmou o goleiro Nilson, do Santa Cruz, que disputará a Série B em 2002.. Fora das quatro linhas o clima também é de reticências. O presidente do Sport, Fernando Pessoa, esteve na reunião do Clube dos 13, nesta semana, em São Paulo, e nega que o assunto do novo calendário tenha sido divulgado de forma oficial. “Já tinha ouvido comentários sobre a possibilidade de o Brasileirão passar a ter oito meses, mas na reunião do Clube dos 13 não houve nenhuma conversa oficial sobre isso. Prefiro esperar”, disse. Pessoa coloca uma série de questões que segundo ele deveriam ser discutidas antes do projeto ser colocado em prática e alerta para a possibilidade de fechamento dos clubes pequenos. “A princípio o Sport não concorda com este calendário. Para isto ser posto em prática seria preciso definir quem bancaria as Séries B e C. A coisa não é assim tão simples. Acredito que mais de cem clubes fechariam logo de cara”, afirmou. “Realmente é preciso um debate maior sobre o tema. Acho que um Brasileiro em turno e returno é o ideal, mas não podemos esquecer que os clubes menores são os grandes reveladores de jogadores. Deixá-los na indigência é matar aos poucos o futebol brasileiro”, disse Márcio Ogata, Editor-Chefe do Site Oficial da Liga do Nordeste.. Mesmo quem está trabalhando em uma equipe que disputa a Série A, como Roberval Davino, treinador do Figueirense, não está convencido que este seja o melhor método para a reformulação do futebol pentacampeão mundial. Roberval aponta um argumento técnico, a revelação de jogadores. “Eu trabalhei no Nordeste, no interior de São Paulo e estava disputando o Campeonato Catarinense. É impressionante como os times pequenos estão sempre revelando ótimos jogadores jovens. Isso estaria arriscado a diminuir com a mudança no calendário”, disse. A falência de muitos clubes, tanto grandes quanto pequenos nos últimos anos faz com que mudanças na estrutura do futebol brasileiro sejam realizadas urgentemente, mas o teor destas é que está posto em discussão. “O momento é de reflexão. Não adianta ficar polemizando agora quando a coisa ainda está só na boataria. Mas do jeito que saiu na matéria, eles querem matar os regionais, que são uma coisa muito boa”, disse Antônio Lage, diretor da Liga do Nordeste.

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