Jairo Moura: “precisamos de um jiu-jitsu mais dinâmico”

Mestre Jairo Moura (fotos: Igor Matheus/ Portal Infonet)

Ele é um dos mestres de jiu-jitsu mais graduados do estado, membro de uma tradicional família de lutadores do Nordeste e uma lenda viva do vale-tudo. Como se não bastasse tudo isso, Jairo Moura ainda empresta seu nome a um dos mais tradicionais torneios estaduais da “arte suave”, a Copa Moura – e faz questão de prestigiá-lo do começo ao fim, para delírio de seus admiradores. Aos 72 anos de idade e 56 de tatame, o cearense que abraçou Aracaju como templo de sua arte conversou com o Portal Infonet sobre o jiu-jitsu em Sergipe, falou de MMA e homenageou o grande mestre que o iniciou. Acompanhe.

Portal Infonet – Como o senhor avalia o atual momento do jiu-jitsu em Sergipe?

Jairo Moura – Vejo de duas formas. Se a questão é resultado, número de medalhas, acho que Sergipe não deixa a desejar em relação a lugar nenhum. Mas vejo falhas aqui em relação a hierarquia, a obediência da filosofia das artes marciais. Em 1997, fundei a primeira federação de jiu-jitsu de Sergipe. E parece que já há mais duas federações paralelas. Tudo isso por uma questão de simples concorrência, porque quem quer melhorar e contribuir busca interagir. Não quero criticar, mas peço que os outros reflitam. Precisamos fazer com que o jiu-jitsu em Sergipe deixe de ser tão dividido e seja uma família só.

Moura tem 56 anos de jiu-jitsu e é faixa coral sétimo grau

Portal Infonet – Todos discutiam que o jiu jitsu estava ficando esportivo demais e pouco voltado para a auto-defesa, que foi, na verdade, o princípio que o originou. O que mudou nesta discussão?

Jairo Moura – O jiu-jitsu enveredou cada vez mais para o lado da competição. Como as finalizações ocorrem mais no solo, os mestres atuais desenvolveram muito a parte de chão e esqueceram a parte em pé, deixando a técnica incompleta. Quando comecei, lá em 1957, o exame de faixa-preta exigia conhecimentos de técnicas de solo, de técnicas em pé e mais de 100 posições de defesa para vários tipos de ataque. Hoje, tudo isso mudou. Percebo todos mais preocupados em treinar seus atletas e buscar resultados para fazer crescer o nome da academia. E quando o aluno vira mestre, perpetua um jiu-jitsu incompleto. O profissional pode até ganhar com isso, mas o esporte perde. Precisamos de um jiu-jitsu mais dinâmico.

Portal Infonet – Muitos mestres veteranos ainda torcem o nariz para as Mixed Martial Arts – MMA. Qual a opinião do senhor sobre a modalidade?

Jairo Moura – Sou a favor agora, mas antes não era. As pessoas participavam daquilo como se fosse uma rinha. Os lutadores eram muito altos, muito fortes, e o objetivo parecia ser quebra o outro completamente. Mas com trabalhos desenvolvidos no Japão, começaram impor regulamentos.

Portal Infonet – Há lutadores que o senhor admira em particular?

Jairo Moura – Gosto do Júnior Cigano, mesmo ele sendo muito focado no boxe, e da forma como o José Aldo se concentra antes e durante as lutas. Em compensação, não concordo com a postura do Anderson Silva em sua última luta. Muito antes de ele nascer, eu já lutava vale-tudo. E lá já sabíamos que não se deve subestimar o adversário nem recorrer a cenas humorísticas. Isso embaça o brilho da luta.

Portal Infonet – Todos estão acostumados a chamar o senhor de mestre. Mas quem foi ou quem é o mestre do senhor?

Jairo Moura – Meu grande mestre foi meu irmão Jurandir Moura, que partiu em 2010. Ele foi uma espécie de segundo pai para mim, um amigo e alguém por quem eu sentia grande respeito e admiração. Da mesma forma que eu fui uma espécie de herói para ele, ele foi um herói para mim. Quando ele se foi, deixou a faixa-coral 8o grau para que eu usasse. E mesmo sendo oficialmente faixa-coral sétimo grau, assumi a honra e estou com ela até hoje.

Por Igor Matheus

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