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Márcio Araújo (fotos: Igor Matheus/ Portal Infonet) |
Um dos principais atletas do Circuito Challenger Banco do Brasil, Márcio Araújo saiu de Aracaju com o vice-campeonato da etapa do último fim de semana. Mas a derrota na final para Harley e Renatão foi uma pequena fração de uma vitoriosa trajetória no esporte. Com mais de 102 títulos na carreira, o cearense é, junto com Ricardo e Emanuel, o único jogador brasileiro a possuir mais de 1500 vitórias na carreira. Campeão do mundo cinco vezes, também foi tricampeão brasileiro. E como se não bastasse tudo isso, foi medalhista de prata nas olimpíadas de 2008 em Pequim.
Com um currículo como esse aos 39 anos, qualquer competidor se daria por satisfeito. Mas Márcio, que jamais conheceu outra vida a não ser a de atleta, faz questão de frisar que não está nem um pouco interessado em largá-la. Em entrevista exclusiva ao Portal Infonet, o jogador falou do início da carreira, de sua disposição para continuar jogando e da força do vôlei de praia no Nordeste.
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Em Aracaju, Márcio saiu como vice da etapa |
Portal Infonet – Você começou a jogar vôlei de praia com 19 anos. Essa foi uma idade boa para começar na modalidade ou você teve que superar muita coisa?
Márcio – Para começar no vôlei talvez não tenha sido a melhor idade, mas para começar a jogar circuito sim. E olhe que naquela época não tinha sub-21, sub-19. Hoje em dia existem mais oportunidades para começar do que naquela época.
Portal Infonet – O vôlei também não foi o único esporte que você fez seriamente. Como você foi parar nele?
Márcio – Meu pai era professor de educação física. Graças à influência dele, comecei muito cedo no esporte, e cheguei a fazer salto ornamental e ginástica. Depois disso passei a jogar futebol, cheguei a jogar pela seleção do colégio. Eu gostava bastante, mas meu pai decidiu me tirar. Só em seguida passei para o vôlei, no qual joguei quadra e passei três anos em clube. E na época meu técnico era o mesmo do Franco e Roberto Lopes, grandes jogadores de vôlei de praia da época. Até que um dia ele estava à procura de alguém para treinar com a dupla. Alguém que tivesse alguma técnica e não os atrapalhasse (risos). Fui chamado, treinei com eles e a partir daí surgiram várias parcerias.
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"O vôlei de praia é como se fosse um esporte tipicamente nordestino" |
Portal Infonet – O Nordeste costuma ser uma região ingrata para esportistas. Muitos atletas precisam sair da região para ir atrás de oportunidades. Aconteceu o mesmo com você?
Márcio – No Nordeste as coisas são realmente mais difíceis. Mas o vôlei de praia é como se fosse um esporte tipicamente nordestino. A gente tem muita praia e os grandes atletas são praticamente todos daqui. Eu comecei influenciado por duplas nordestinas e pelos americanos também. Sempre treinei no Ceará, inclusive.
Portal Infonet – O que faz um sujeito chegar aos 39 anos em um esporte tão exigente e ainda “colocar a garotada pra correr”?
Márcio – Acho que é a forma como organizei a minha vida. Me cuido muito. Nunca passei por uma cirurgia, não bebo, não fumo, não gosto muito de farra, durmo muito cedo. Sempre tive hábitos de atleta e, principalmente, sempre treinei muito. Sou um jogador leve, sem muita massa muscular, e minha aptidão física me deu coordenação motora. Eu era atleta antes de ser jogador. E ser atleta é abdicar de vários prazeres, que é o mais difícil.
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Sobre a carreira no vôlei de praia: "hoje há mais oportunidades para começar" |
Portal Infonet – O vôlei brasileiro é vitorioso e respeitado mundialmente. Mas diante de sua experiência, acha que a modalidade é valorizada o suficiente no Brasil?
Márcio – O vôlei brasileiro tem seus problemas, suas decepções, mas uma coisa sem dúvida maravilhosa: um patrocinador, que por sinal, é o mesmo há vinte anos. Isso é uma coisa boa para o esporte. Graças a esse apoio constante, temos um circuito muito forte.
Por Igor Matheus