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Torcida do Bahia furou "público zero", mas campanha não parou (Fotos: Portal Infonet)
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Por conta da utilização da Arena Fonte Nova e do Pituaçu para jogos e treinos da Copa das Confederações, o Bahia solicitou à Secretaria de Esportes e Lazer de Sergipe e à Federação Sergipana de Futebol a utilização do Estádio Lourival Batista, pedindo o adiamento do início das obras de reforma da praça sergipana.
Nos dois últimos jogos do Bahia em Salvador o público pagante não passou de 3 mil pessoas. Um número minúsculo, se comparado à grande quantidade de torcedores que costumam comparecer aos jogos do tricolor baiano. O motivo: uma campanha de "público zero" pela saída do presidente do clube, Marcelo Guimarães Filho.
A perspectiva da diretoria era captar um bom público de apoiadores locais do Botafogo, curiosos em geral, e talvez torcedores do Bahia "desavisados" da campanha. A verdade é que a expectativa melhorou após a convincente vitória da equipe contra o Internacional fora de casa, na rodada anterior.
Dito e feito, a torcida do Bahia compareceu em peso e lotou a arquibancada azul do Batistão, tradicionalmente ocupada pela torcida do Confiança. Mas a presença não significou o fim da postura crítica da torcida.
Nas arquibancadas do Batistão estavam presentes incontáveis faixas e bandeiras com uma mesma frase "FORA MGF", em alusão ao presidente Marcelo Guimarães Filho. O gesto servia como um recado aos companheiros de clube em Salvador: não esquecemos dele!
Por fim, mesmo após a virada sobre o Botafogo, numa grande atuação do time baiano, e o acúmulo de 7 pontos em quatro partidas, ainda era possível ouvir do lado de fora do estádio muitos torcedores gritando pela saída do presidente. Provavelmente ainda durará um bom tempo a dor de cabeça do cartola tricolor.
Entenda o caso
Os torcedores do Bahia se uniram na campanha que tentava impedir qualquer torcedor de comparecer aos jogos do clube dentro de casa, na expectativa de forçar a renúncia do presidente Marcelo Guimarães Filho, cartola do clube que integra o grupo político que comanda do Esquadrão de Aço há quase 30 anos.
O clube está na Série A do Campeonato Brasileiro, mas os péssimos resultados contra o rival Vitória (5×1 e 7×3), além da perda do Campeonato Baiano e a eliminação da Copa do Brasil, voltaram a estremecer o poder no Bahia.
A campanha lembra muito a que aconteceu em 2007, quando o clube se encontrava na Série C do Campeonato Brasileiro e era comandado por Petrônio Barradas, considerado um laranja do antigo cartola Paulo Maracajá. Ele substituia Marcelo Guimarães "pai", deposto pela queda à Serie C.
A revolta da torcida, no entanto, não se resume aos resultados dentro de campo. Há anos uma série de denúncias de irregularidades na gestão do clube tem vindo a público, envolvendo grandes nomes da política nacional, como o banqueiro Daniel Dantas.
As denúncias envolvem desde desvio de recursos provenientes da venda de jogadores formados nas categorias de base do clube, desde a venda do patrimônio do Bahia para fins particulares. O Bahia já foi alvo de intervenção judicial e suas últimas eleições tem sido alvo de críticas, taxadas como fraudulentas.
A torcida do Bahia também vem exigindo o direito à associação para participar da vida política do clube, numa tendência de mobilização que vem crescendo muito no Brasil. O Bahia atualmente tem um conselho muito restrito e aliado ao grupo de Paulo Maracajá e Marcelo Guimarães Filho.
Por Irlan Simões