Por Pedro Fonseca RIO DE JANEIRO (Reuters) – Sem bater o martelo sobre seu futuro, o técnico Carlos Alberto Parreira indicou que chegou o momento de uma renovação na seleção brasileira para a Copa de 2010, decretando o fim de uma geração considerada por ele como vitoriosa pela conquista de dois títulos mundiais entre 1994 e 2006. “Quem assumir esse barco, não interessa quem continua ou não, já começa a projetar alguma coisa para a Copa de 2010”, afirmou o treinador em entrevista coletiva, poucas horas após desembarcar no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira. O técnico, que exaltou seu currículo na seleção e lembrou que a derrota de sábado para a França foi a primeira com o Brasil numa Copa do Mundo, ainda destacou que o time eliminado na Alemanha contou com dois jogadores do tetra — Cafu e Ronaldo — e 11 do penta, destacando o sucesso da atual geração. Ele se recusou a especular como acha que sua equipe ficará marcada na história pela eliminação precoce com um time considerado mundialmente como grande favorito. Mas afirmou: “Eles jogaram quatro Copas do Mundo e venceram duas, é uma geração que cumpriu um ciclo vitorioso.” Sobre o fracasso na campanha pelo hexacampeonato mundial, o treinador garantiu que nenhum brasileiro está mais triste do que ele. Antes disso, porém, disse que a derrota por 1 x 0 para a França não vai apagar o trabalho que realiza na equipe desde janeiro de 2003, incluindo as conquistas da Copa América e da Copa das Confederações. “Durante três anos e meio o trabalho foi elogiado, ganhamos todas as competições. Não é um resultado que vai apagar tudo o que foi feito. Lamentamos pelo torcedor, pelo carinho que ele nos deu em todo o tempo lá fora”, disse ele. “Também temos família, está todo mundo triste. Ninguém queria ser mais campeão do mundo do que eu. Duvido que exista algum brasileiro, um torcedor, alguém da imprensa, que quisesse ser mais campeão do mundo do que eu. Duvido que alguém esteja mais triste do que eu.” Considerado por parte da imprensa e da torcida como grande vilão da derrota por estar agachado no lance do gol da França, Roberto Carlos foi isentado de culpa pelo treinador, que, entretanto, reconheceu que houve um erro na marcação. Parreira disse que percebeu uma falha de marcação na hora que Thierry Henry apareceu livre para marcar o gol, mas que não viu o lateral agachado. “A gente notou que houve uma falha, mas a jogada foi rápida”, disse ele. “Ainda não falei com o Roberto Carlos, até gostaria de falar com ele, mas falhas acontecem, e por isso o futebol é maravilhoso. Se todos fossem perfeitos, todas as partidas terminariam 0 x 0”, acrescentou. Se Parreira prefere manter o mistério sobre sua permanência na seleção, o atual coordenador técnico, Mário Zagallo, garantiu que sua vontade é continuar. Quando Parreira foi perguntado se gostaria de assumir o cargo de coordenador, Zagallo interveio indignado: “Já estão me expulsando?”, disse ele “Minha vontade ainda é a verdinha-amarela, enquanto eu tiver vontade, disposição e alegria, vou continuar, a não ser que não me queiram mais.”
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