Esta é mais ou menos uma cena do que aconteceu durante o Serraly 2005. O evento reuniu corredores sergipanos e de fora para uma ode à velocidade dentro de paisagens paradisíacas. O lançamento de toda essa festa aconteceu no último sábado, dia 16, na Orlinha do bairro Industrial. Muita poeira. Era quase impossível equilibrar o bloco de papel e uma máquina fotográfica dentro de um carro correndo a vários quilômetros por hora por dentro de lamaçais e estradas não-pavimentadas. Por onde passavam, os corredores arrancavam aplausos dos moradores de diversas regiões do Estado que acompanhavam de olhos fitos a entrada de carros imensos em suas cidades.
Jipe atola no meio da estrada
Quem passou pelo bar Canoas achava que aquela era mais uma comemoração comum entre amigos, não fosse o tamanho das máquinas estacionadas na parte externa do ambiente. Adesivos de patrocinadores e números gigantes colados nas latarias davam uma breve pista de que algo maior estava destinado a acontecer.
No domingo, dia 17, o palco estava armado. Da frente da praça da Bandeira, em Aracaju, as primeiras a partir foram as motos. Uma a uma, elas foram em busca de ‘adrenalina’, junto com seus corredores, é claro. Depois, foi a vez dos carros. Grandes pick-ups deixaram a capital para passarem por Nossa Senhora do Socorro, Laranjeiras,
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Pessoas assistem à corrida |
Logo no início da prova, já era possível ver um grupo de motos e pilotos estatelados no meio da rodovia. Ao todo, eram 180 km de prova e aqueles não tinham conseguido cumprir nem o começo dela. Mais seis horas viriam pela frente, em uma corrida composta por jovens e veteranos.
Um destes veteranos é Cássio Muniz, 44 anos. Ele é o corredor mais antigo no Rally de motocicletas e um dia antes, no lançamento do evento, pôde demonstrar todo o seu entusiasmo: o “Vovô”, como é conhecido, fez questão de frisar q
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Jipe chega em Aracaju “intacto” |
Outro que procura o esporte por emoção é o policial Militar Francisco de Assis Oliveira. “Os enduros aumentam a minha adrenalina, é assim que sinto que estou vivo”. Durante esses eventos, cada participante vai colecionando mais e mais histórias para contar. Em uma delas, Francisco foi protagonista. “Em uma prova, o equipamento de localização quebrou e nove pilotos ficaram perdidos na mata. Eu era um deles. Conseguimos sair depois que decidimos marcar um ponto comum de
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Transmissão se solta durante corrida |
Mas emoção mesmo é pra quem fica na beira da estrada observando os pilotos sorrindo, contando histórias dos encontros passados e conferindo o roteiro da trilha, todos assistindo atentamente às ordens do organizador da prova, Sérgio Murilo. Mais engraçado é observar, por exemplo, como os corredores cuidam de seus veículos. Alguns cobrem o carro ou moto com papel filme e passam vaselina para não arranhar.
E se a corrida é uma paixão, há quem decida levar para o enduro outros de seus amores, como é o
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Vovô mostra a carteirinha de piloto |
À bordo do Jipe 212, com o analista de sistemas e piloto Larry Casteline, e com o navegador Fernando, pôde-se ter uma idéia do que é estar dentro do carro em um momento como aquele. Enquanto jogavam o automóvel, sem pena, pelos lamaçais e estradas de piçarra, os dois contavam histórias antigas de enduros. Em uma delas, Larry atolou o jipe e só conseguiu retirá-lo três dias depois, com a ajuda de um trator.
O sol acompanhava tudo de longe, subindo no horizonte. Na pista, o clima era de confraternização, já que vence não quem chega primeiro, mas quem acumula mais pontos. A chegada foi marcada de muito mais emoção, espera e um clima de reencontro. “Por se tratar de um esporte onde uns dependem dos outros, a maioria dos participantes vão com o intuito de se divertir independente da colocação”, sintetiza Larry.
O que aconteceu no rally |
9 horas – Saída de Aracaju 9h20 – Oito motos quebraram e um dos carros atolou 10 horas – Transmissão do jipe 212 se solta 10h38 – Parada em Riachuelo em oficina para recolocar a transmissão 11h30 – O carro ficou pronto 12 horas – Parada de 10 minutos para almoço em Itabaiana 12h25 – Saída de Itabaiana 12h59 – Carro atola em trilha na saída da cidade 13h07 – Jipe que vinha atrás pára e ajuda os motoristas a desatolarem 13h40 – Passagem por Areia Branca 14h20 – Passagem pelo assentamento do MST a caminho de Socorro 15h20 – Chegada em Aracaju
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Por Wilame Amorim Lima, com colaboração de Patrícia Rodrigues