Ricardo De La Riva: “Temos que evoluir sempre”

Ricardo De La Riva (fotos: Igor Matheus/ Portal Infonet)

Lenda viva do jiu-jitsu, o carioca Ricardo De La Riva é figura frequente em Sergipe. A convite do professor Luciano Vieira e da equipe de jiu-jitsu De La Riva, o mestre faixa-preta sexto grau vem ao Estado anualmente desde 2002 realizar seminários e compartilhar técnicas e experiências da carreira com centenas de alunos. E credenciais para isso nunca lhe faltaram. Como se não bastasse ser professor de gente como os irmãos Nogueira e Lyoto Machida, De La Riva é criador de uma posição que leva seu nome, o ajudou a derrotar outras lendas da arte e o imortalizou na história do jiu-jitsu.

Durante o seminário que ofereceu a alunos de várias equipes sergipanas na tarde deste sábado, 23, o mestre conversou com o Portal Infonet sobre a carreira, a última luta que realizou nos tatames e discorreu sobre o atual momento do jiu-jitsu.

Acompanhe, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Portal Infonet – O senhor fez uma luta de aposentadoria contra o japonês Yuki Nakai, no Japão, que terminou em empate. O que o motivou a se aposentar dos tatames?
De La Riva – Meu treino é muito sério. Só para essa luta fiquei três meses sem fazer uma porção de coisas, sem dar aulas nem seminários e fiquei pouco com a família. Se fosse para continuar lutando, eu teria que continuar dando meu melhor.  E não dá mais para ter essa rotina.

Portal Infonet – E que avaliação o senhor faz do combate?
De La Riva –
Poderia ter sido melhor. Não finalizei, mas fui bem mais ofensivo, pois ele só de se defendeu e não tentou criar ataques. E ainda tive a sorte de conseguir raspar no gancho De La Riva, mesmo levando oito minutos pra fazer isso.

Portal Infonet – O senhor dá nome a uma das guardas mais usadas do jiu-jitsu. Já se deparou com gente questionando a eficiência dela?
De La Riva – O que tenho visto na verdade são pessoas criando defesas para a guarda De La Riva, o que por si só já prova sua eficiência. E acho que questionar é importante, pois nos força a querer melhorar cada vez mais. Não podemos parar. Temos que evoluir sempre.

Portal Infonet – Da época em que o senhor começou até hoje, o que mudou no jiu-jitsu?
De La Riva – Diria que o estudo da guarda. Há pelo menos uns 10 anos não se estudava tanto. A própria guarda De La Riva era conhecida, mas ainda um pouco obscura. Ultimamente é que demos ênfase à guarda, e mais especificamente, à guarda De La Riva.

Portal Infonet – Velhos mestres do jiu-jitsu costumam reclamar que a modalidade está muito esportiva e descaracterizada, sem elementos reais de defesa pessoal. O que o senhor acha disso?
De La Riva – Não acho que tenha descaracterizado. A arte evoluiu. Antigamente era só jiu-jitsu e hoje é Brazilian Jiu-Jitsu, com o chão aperfeiçoado. Foram as regras que transformaram a arte no que ela é hoje. Na minha época aprendi defesa pessoal, defesa de chutes e quedas, mas com o acréscimo de regulamentos as academias se voltaram para o chão.

Portal Infonet – Para o senhor, quem são as referências do jiu-jitsu atualmente?
De La Riva – Gosto mais dos pesos leves, nos quais se destacam os irmãos Myiao e os irmãos Mendes, lutadores bem qualificados. Também gosto do André Galvão, do Rodolfo Vieira e do Marcelinho Garcia. E entre os Gracie temos Roger Gracie, que se afastou e foi para o MMA, e o Kron, com quem treinei tem até pouco tempo. 

Portal Infonet – O senhor já derrotou em campeonatos nomes ilustres da família Gracie, como Royler, Rolker e Royce. Como isso influenciou sua carreira?
De La Riva – Essas vitórias me ajudaram muito e foram fundamentais para construir minha escola. Na época eles nunca tinham sido derrotados na faixa-preta e eu consegui superá-los. Só que o pessoal gosta muito de escolher academias pelos resultados dos professores em competições, algo que não acho lá muito certo. Não interessa o quanto ele ganhou ou perdeu. O que interessa quando se escolhe uma escola é o ambiente, a estrutura, a atenção que o professor dá ao aluno e ao jiu-jitsu.

Portal Infonet – O Royce Gracie, lenda dos primeiros UFCs, costuma dizer que o jiu-jitsu é suficiente para vencer no octógono. O senhor compartilha dessa opinião?
De La Riva – Na época dele era suficiente. Mas hoje todo mundo está fazendo jiu-jitsu. E além dos caras saberem jiu-jtsu, sabem muay thai, sabem boxe, sabem aplicar quedas. Se o atleta é dedicado ao jiu jitsu, ele precisa se especializar em alguma outra coisa. E quem já é atleta de outra coisa tem que treinar a parte de chão com jiu-jitsu.  Assim como o jiu-jitsu evoluiu, o MMA evoluiu também.

Portal Infonet – E qual foi a luta mais difícil que o senhor já enfrentou?
De La Riva – Todas. Essa última contra o Nakai foi a mais dura por ser a mais recente. Mas com todas entrego a mesma dedicação, mesmo treino, mesma alimentação. É a preparação que torna qualquer luta difícil. Quando acabava uma, vencendo ou não, a seguinte já era ainda mais difícil.

Portal Infonet – E qual o momento que o senhor mais se orgulha na sua carreira?
De La Riva – Essa última luta, pela importância que foi dada ao evento, foi inesquecível. Tive a companhia de minha família, dos meus pais, de 20 alunos que saíram do Brasil para me acompanhar. Para mim seria um evento mínimo,  mas deram uma importância tão grande a ele que nem uma derrota importaria muito. Não tem vitória ou medalha que substitua o valor dessa experiência.

Por Igor Matheus

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