Sergipão: detalhes de Sergipe e River para grande final

River e Sergipe fazem a grande Final do Campeonato Sergipano 2013 (Fotos: Arquivo Infonet)

O centenário Club Sportivo Sergipe e a pequena Sociedade Esportiva River Plate já podem comemorar um grande passo nas suas histórias. A classificação para a final do Campeonato Sergipano vale muito mais do que a chance do título.

Confira abaixo os detalhes que envolvem o reencontro entre Sergipe e River na grande final do Campeonato Sergipano de 2013.

Observação: apesar de muita coisa a comemorar, os dois clubes devem aprender com o erro dos maiores rivais Confiança e Itabaiana, para não repetir os fracassos.

Taça Governo do Estado

Taça Governo do Estado teve os mesmos competidores da final do Sergipão 2013.

A final do Campeonato Sergipano de 2013 é exatamente o confronto que aconteceu na final da Taça Governo do Estado. O vencedor foi o Sergipe, com uma vitória em 1 a 0 em Carmópolis e um empate em 1 a 1 no Batistão.

O torneio já era disputado em Sergipe, mas entrou como substituto ao início do estadual, devido à ausência de Confiança e Itabaiana, que disputavam a estrelada Copa do Nordeste.

Após um acordo entre os clubes, ficou acordado que o título da Taça Governo do Estado daria uma das duas vagas sergipanas para a Copa do Brasil. O Sergipe venceu, comemorou a vaga conquista, e também o fim da fila de 10 anos sem títulos.

Curiosamente o torneio foi desvalorizado por muitos, exatamente pela ausência do campeão e do vice-campeão do Campeonato Sergipano de 2012. Não mudou praticamente nada, e River e Sergipe voltaram a figura com as duas melhores equipes do estado.

Campanhas: Sergipe

Volante Guerrilheiro: o raçudo Rodrigo é um dos destaques do Gipão.

Ao fim da fase classificatória, os números de Sergipe e River davam a entender que um grande equilíbrio existiu entre as equipes, mas as campanhas foram totalmente distintas ao decorrer da competição.

O líder Sergipe fez um torneio extremamente regular. Poucos delizes e poucos sustos fizeram do Campeonato Sergipano uma competição que não tirou o sossego do torcedor colorado. Com 35 pontos conquistados, num aproveitamento de 64,8%, o time vermelho finalizou com o saldo de 15 gols, o melhor do torneio, tendo 27 marcados e apenas 12 sofridos.

Apesar de ter estreado com um empate sem gols contra o Lagarto, que viria a ser rebaixado no fim do torneio, o Sergipe sempre mateve um bom nível de jogo, venceu os jogos mais importantes e saiu com apenas 3 derrotas na conta: uma para o próprio Lagarto e as outras duas para o Estanciano.

A equipe colorada passou praticamente todo o torneio dentro do Grupo dos 4, que classificava para as semifinais. Das 18 rodadas disputadas, em apenas 8 o Colorado esteve fora da liderança do torneio. Em apenas três não esteve entre os dois melhores colocados.

O Sergipe também foi o único clube que não mudou de técnico. O vermelinho está sob o comando de Givanildo Salles desde o começo da temporada, com o destaque para o futebol veloz e disciplinado que conseguiu acostumar o time a jogar.

Também conta para os números a invencibilidade do Sergipe em Clássicos. O Sergipe saiu ileso de batalhas contra o Confiança (2 a 2 e 1 a 0) e contra o Itabaiana (1 a 0 e 1 a 1). Quem agradece é a torcida, que não tinha essa alegria há anos.

Os destaques do Sergipe dentro de campo são incontestáveis. Cinco atletas não podem ter seus nomes apagados desta campanha.

Na primeira metade do campo, com a camisa 3, o zagueiro e capitão Léo;  com a camisa 2, o lateral-meia-atacante Carlinhos e  com a camisa 8, o volante-guerrilheiro e símbolo de raça Rodrigo foram os destaques.

Lá na frente, com a camisa 9, o atacante e ídolo Fabinho Cambalhota e por fim, com camisa 10, o jovem e talentoso meia Rafael; fizeram a diferença, principalmente ao municiar o artilheiro Lucão, com 6 gols, jogador que ainda vem tentando conquistar o seu espaço no coração da torcida colorada.

Campanhas: River Plate

Leandro Kível: 8 gols marcados, mais uma grande campanha no River.

Já o River Plate de Carmópolis seguiu o caminho inverso. Após perder a final da Taça Governo do Estado, o Ouro Negro começou muito mal  o Campeonato Sergipano. Mesmo com uma vitória na estréia contra o Estanciano, uma sequência de resultados negativos deixou o time na 9ª colocação na 6ª rodada.

O time parecia desestabilizado por consecutivos problemas internos, de desentendimentos entre membros da comissão técnica e jogadores. Ainda na final da Taça Governo do Estado, o treinador Dario Lourenço foi substituído por Jorge Replay. Este também não durou muito: na quarta rodada, após perder para o Olímpico, também deixou  Carmópolis.
Foi aí que entrou em cena Edmilson Santos. O treinador que estava na Socorrense, outro time que fazia boa campanha, chegou ao River mandando o recado para os atletas: “Em Sergipe não tem craque. Apenas bons jogadores”.

O discurso de humildade e trabalho deram resultado. Aliado também à chegada de Raulino, veterano saído do Itabaiana, que até hoje figura como um dos melhores jogadores do futebol sergipano. Logo na estreia no volante, uma surpreendente vitória por 1 a 0 sobre o próprio Confiança, dentro do Batistão.

A partir daí o River atropleou os adversários do interior e se cuidou de somar pontos contra os times mais poderosos. Após alcançar a quarta colocação na oitava rodada, o Ouro Negro não saiu do G4 até o fim da fase classificatória.

À boa campanha se somou o esforço final de acreditar no alcance da segunda colocação, que deu a vantagem sobre o Confiança nas semifinais. Foi essa vantagem que fez com que os dois resultados iguais em 2 a 1 desse a vaga ao River.

Os destaques incontestáveis do talentoso time do River Plate começam no gol. Com a camisa 1,  o goleiro Pablo salvou diversas vezes o time. Na linha, dois jogadores podem ser destacados pela regularidade, sempre tendo papel fundamental nas partidas: com a camisa 2, o lateral Magno e com a camisa 8 o experiente Raulino

Lá na frente a dupla de ataque merece ser destacada pela letalidade quando jogam juntos. Bibi, com a camisa 11, e  Leandro Kível, com a camisa 9 marcaram juntos 14 gols, praticamente metade dos marcados pelo time de Carmópolis.

Caso marque na final, Leandro Kível alcançará o lateral Augusto do Confiança, com nove gols no torneio. Nada impossível.

Copa do Nordeste

O Confiança arrecadou bastante, jogou contra o Sport… e não soube lidar com os recursos.

A vaga no torneio regional que recomeçou em 2013 também pode ser muito comemorado pelos clubes finalistas. A Copa do Nordeste, também apelidado de “Lampions League” por torcedores (em alusão ao torneio europeu), tem garantido  recursos inéditos para os clubes da região, principalmente os menores.

Neste ano, apenas pela participação, Itabaiana e Confiança receberam 300 mil reais. O valor pode ir subindo caso o clube consiga passar da primeira fase, além da atração de bons públicos para jogos contra adversários de maior porte, que disputam Serie A e Serie B.

O Nordestão já tem quase todos os seus participantes garantidos. Bahia, Vitória, Vitória da Conquista, CRB, CSA, Náutico, Sport, Santa Cruz, América, Potiguar, Ceará e Guarany de Sobral já estão com suas vagas certas.

Dentre os grandes clubes de massa do Nordeste, para além do Confiança, também estarão de fora do certame o ABC e o Fortaleza. A Lampions League está prevista para ter início na terceira semana do mês de janeiro de 2014.

Série D ainda está em jogo

A conquista de uma das vagas da final já garantiu muita coisa boa a River e Sergipe, mas as atenções para os títulos vão além das honrarias. Estará em jogo a vaga sergipana para Série D, competição nacional de maior importância para os clubes locais.

O estado de Sergipe, devido aos consecutivos fracassos nos últimos anos, tem apenas uma única vaga disponível. Por isso, apenas o campeão poderá entrar no certame, que já tem CSA, Juazeirense e  Vitória da Conquista garantidos em um dos grupos que abriga os clubes do Nordeste.

Muitos elementos valorizam a grande final do Campeonato Sergipano. De um lado, a tradição e a torcida inquieta do Sergipe. Do outro a organização e a estrutura do River Plate. E você, em quem aposta?

Por Irlan Simões