Advogado vê ligação filosófica entre deputado e entidade

Cristiano, na fase da instrução: juiz perde paciencia e classifica testemunha como mentirosa (Fotos: Cássia Santana)

O advogado Eduardo Ribeiro, que atuou na defesa do deputado federal João Daniel (PT) punido com cassação de mandato pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), pretende recorrer da decisão tomada na tarde desta segunda-feira, 30, pela justiça eleitoral de Sergipe. O advogado não adiantou a tese que sustentará para questionar a decisão do TRE junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e revelou que só terá condições de se manifestar detalhadamente quando conhecer o teor do acórdão, que ainda está pendente de publicação.

O advogado não manifestou opinião, mas pretende analisar o depoimento, para norteá-lo na defesa do deputado, prestado pelo empresário Cristiano da Silva Souza, que não soube informar sequer, em juízo, a identificação de seus sócios. Por este comportamento, o empresário foi classificado de mentiroso pelo juiz Fernando Escrivani Stefaniu, relator do processo na época em que prestou depoimento na fase da instrução. De acordo com os autos, a empresa de Cristiano foi contemplada com verbas de subvenções que teriam sido destinadas pelo deputado João Daniel à Associação de Cooperação Agrícola do Estado de Sergipe (Acase). Ribeiro não se manifestou quanto à reação do juiz, mas disse que fará uma análise minuciosa do depoimento para orientá-lo na defesa que fará do deputado no âmbito do TSE.

Eduardo Ribeiro: ligação filosófica entre deputado e entidades

Para o advogado, as provas apresentadas durante a fase da instrução e reproduzidas na sessão de julgamento não são suficientes para vincular o deputado João Daniel às entidades beneficiadas com as verbas de subvenções. “Algumas situações trazidas aqui de relação entre empresas e algumas associações, mas o que não se viu foi a ligação direta entre o deputado e estas associações, embora a ligação [do parlamentar com as entidades beneficiadas] filosófica exista”, considera. "Ele é oriundo das lutas agrárias e as associações têm o fim existencial ligado ao trabalho no campo", justifica.

Por Cássia Santana