Angélica requisitou diretor de Associação para a Alese

Márcio Góes: requisitado pela ex-deputada Angélica Guimarães para a Assembleia (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Os depoimentos de testemunhas arroladas pela defesa estão beneficiando a tese da acusação no processo movido pela Procuradoria Regional Eleitoral contra os 24 políticos que exerceram mandato de deputado estadual na legislatura passada. Estes políticos figuram como réus no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) nas investigações que revelam irregularidades na distribuição das verbas de subvenções destinadas a entidades do terceiro setor pela Assembleia Legislativa.

Nesta quarta-feira, 9, os procuradores eleitorais Eunice Dantas e Rômulo Almeida voltaram a constatar que a então deputada Angélica Guimarães, ex-presidnete da Assembleia Legislativa [atualmente execendo cargo vitalício como conselheira do Tribunal de Contas do Estado], requisitou diretores da Associação Unidade de Saúde Mista Dra. Angélica Guimarães [que era administrada pela mãe da parlamentar] para trabalhar na Assembleia Legislativa.

Em depoimento prestado nesta terça, 9, o diretor administrativo da Unidade de Saúde, que tem sede em Japoatã [reduto eleitoral da então parlamentar], Márcio Antonio Góes Ribeiro, confirmou que, além de exercer a função da entidade em Japoatã teria sido requisitado pela Presidência da Assembleia para emitir alguns ofícios no Poder Legislativo Estadual. Função que ele exercia, conforme explicou no depoimento, em apenas dois turnos por semana, recebendo uma “ajuda de custo” no valor de R$ 480.

Márcio depõe, mas apresenta versão diferente a jornalista

No depoimento, ele falou que teria sido requisitado no ano de 2012, quando a Assembleia era presidida pela então deputada Angélica Guimarães. Mas, em entrevista concedida ao Portal Infonet, ele modificou a versão e falou que a requisição teria ocorrido no ano de 2010 e que teria sido feita pelo ex-deputado Ulices Andrade. No entanto, os próprios advogados de defesa, Fabiano Feitora e Márcio Conrado, confirmaram que a versão dos autos revelam que a própria Angélica Guimarães teria feito a requisição do funcionário da Unidade de Saúde que leva o próprio nome da ex-parlamentar.

No dia 14 do mês passado, em depoimento à Justiça Eleitoral, o presidente da Unidade de Saúde Angélica Guimarães, Luiz Evilásio da Silva, também revelou que recebia salário pago pela Assembleia Legislativa sem trabalhar, da mesma forma requisitado no período em que a então deputada Angélica Guimarães presidia aquela Casa. “Isso mais uma vez confirma a tese do Ministério Público em relação ao vínculo familiar”, ressaltou.

Para Eunice Dantas, o diretor administrativo da Unidade de Saúde não conseguiu explicar o que efetivamente fazia na Assembleia Legislativa. “Ele [o diretor administrativo Márcio Antonio Góes Ribeiro] trabalhou na Assembleia, um trabalho até meio estranho porque ele foi requisitado pela presidente da Assembleia, deputada Angélica Guimarães, já sabendo que a Associação é da família dela e só trabalhava dois turnos por semana”, enalteceu a procuradora. “E, mesmo assim, ele não conseguiu dizer o que fazia lá [na Assembleia], disse apenas que fazia uns ofícios e pronto. Da mesma forma que o presidente da Associação [Luiz Evilásio] foi requisitado para trabalhar lá [na Assembleia] e nem comparecia lá”, analisou Eunice Dantas.

Subjetividade

Márcio Conrado: "aferição subjetiva"

Mas os advogados Márcio Conrado e Fabiano Feitosa, que atuam na defesa dos parlamentares, não veem anormalidade na requisição dos servidores da Unidade de Saúde de Japoatã pela Assembleia Legislativa. “É uma aferição subjetiva”, considerou Conrado. “Não podemos desviar o foco”, completou, confirmando que a requisição pelo Legislativo aconteceu no ano de 2012.

“O fato dele ter sido requisitado pela Assembleia em 2012 não demonstra nada, não demonstra vínculo eleitoreiro nenhum até porque ele mesmo informou que estava vinculado ao diretor geral da Assembleia e este mesmo diretor foi quem o dispensou”, ressaltou o advogado Fabiano Oliveira.

Por Cássia Santana