Avanço do conservadorismo é tema de debate na Alese

Audiência pública debate avanços do conservadorismo e influência na vida das crianças (Fotos: Portal Infonet)

O ’avanço do conservadorismo e as múltiplas formas de violência contra a criança’ foi tema de uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) na manhã desta sexta-feira, 14.

Esteve em discussão, no plenário, os efeitos que o problema pode causar para os jovens, como pressões nas questões de gênero, omissão de violências sexual e doméstica e também em aspectos culturais do país.

Marina Gonzarolli, advogada doutoranda da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e cofundadora da Rede Feminista de Juristas fala de alguns dos principais desafios enfrentados no Brasil. “O modo como a violência doméstica e outras afetam as crianças também precisam ser discutidos. Às vezes as pessoas acham que as crianças não percebem, mas elas não só sabem como sofrem muito. A gente precisa falar disso, porque abordamos apenas a mulher”.

Marina Ganzarolli, da Frente Feminista de Juristas, expõe números preocupantes

A advogada pontuou ainda dados preocupantes: 70% dos casos de estupro são contra crianças e adolescentes e que o Brasil é o quarto no mundo com maior quantidade de casamentos infantis. “Quando imaginamos crianças casando, pensamos logo em países mais distantes, mas aqui acontece muito. A onda conservadora tem uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que restringe a interrupção de gravidez para vítimas de estupro. Conheço casos reais de pessoas que atendi. Como se explica para uma menina de 13 anos, grávida do padrasto, que ela não poderá interromper a gravidez?”, questionou.

Discursou ainda a consultora da Justiça da Infância e Juventude da Unicef, Karyna Sposato. A audiência foi viabilizada pela Frente Parlamentar dos Direitos da Criança e do Adolescente da Alese.

Por Victor Siqueira