Consciência Negra é debatida na Câmara

Ialorixás e Babalorixá recebidos por Rosângela e Emmanuel (Foto: Alberto Dutra)
Nesta segunda-feira, 22, em Sessão Especial, a vereadora Rosangela Santana (PT) encheu a tribuna da Câmara Municipal de Aracaju de convidados para homenagear, dois dias depois da comemoração oficial da Consciência Negra, os Ialorixás e Babalorixás, representantes legítimos das religiões afro-brasileiras de Sergipe.

A vereadora iniciou a sessão falando sobre o Estatuto da Igualdade Racial, instituído pela Lei Nº 12.288 de 20 de julho de 2010, que garante à população negra a igualdade de oportunidades e defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica. Para a vereadora essa lei “marca o reconhecimento do poder público com a dívida que tem com o povo negro”.

Compuseram a mesa a antropóloga e Ialaxé Profª Martha Salles, Mãe Marizete e Mãe Angélica, Ialorixás de terreiros reconhecidos em Sergipe. Estavam presentes também vários Babás e Iás sergipanos, bem como filhos de santo e simpatizantes dessas religiões. Segundo a antropóloga Martha Salles a discriminação às religiões afro-brasileiras vem crescendo no Brasil, culminando numa situação insuportável, onde muitos terreiros vem tendo suas portas fechadas.

“Nunca imaginei que na minha geração, que é uma geração mais recente, ainda continuaria presenciando ações de intolerância religiosa cotidianamente.” Afirma.
Diante das acusações de culto ao diabo, Martha não hesitou em afirmar que as religiões afro-brasileiras nada tem a ver com a figura do diabo cristão e pediu respeito aos que se referem a eles associando-os a coisas negativas. “Nós não precisamos ser tolerados, precisamos ser reconhecidos e respeitados.”

A Ialorixá Mãe Angélica agradeceu à Rosangela pela iniciativa e cobrou dos vereadores ações concretas dentro das comunidades. Cobrou ainda a aprovação de um projeto sugerido por ela em 2009 que busca priorizar a educação daqueles jovens periféricos. Apelou, por fim, pela saúde de seus companheiros. “Nossos irmãos afro-descendentes estão morrendo de anemia falciforme”, afirmou.

A presença de mestres e doutores dentro dos terreiros foi ressaltada pela Ialorixá. Estes enfrentam a cotidiana situação de descrédito e discriminação, por isso, preferem esconder suas opções religiosas. Mãe Angélica pediu aos filhos de santo que se pronunciem e que não aceitem tamanho desaforo. “Sejam embaixadores do povo Santo dentro da cidade de Aracaju!” 

A sessão foi finalizada com uma saudação feita, por Mãe Marizete, a Oxalá e acompanhada, de pé, por todos presentes na sessão.

Fonte: Ascom/CMAju

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